"É incrível que o Governo que se diz preocupado com os seus cidadãos obrigue jovens enfermeiros e outros profissionais altamente qualificados a deixar o seu país quando tão necessários são para as instituições", disse à agência Lusa Fátima Monteiro, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros de Portugal.
A greve dos enfermeiros do Centro Hospitalar de Gaia teve na terça-feira (12) na "maior parte dos serviços de internamento, uma adesão de 100%", estando também a ser muito afetados as consultas e o bloco operatório.
Segundo o SEP, saíram deste hospital "cerca de 60 enfermeiros" e "só estão a ser autorizadas admissões de 15".
"Esta carência reflete-se nos ritmos elevados de trabalho que recaem sobre os enfermeiros que cá estão", sublinhou a dirigente sindical, insistindo que "há serviços em que a qualidade está colocada em causa, há fecho de camas porque os colegas não conseguem, por muito esforço que façam, responder às necessidades dos utentes tanto em tempo útil como em qualidade de cuidados".
A nível nacional, segundo a dirigente do SEP, "faltam cerca de 25 mil enfermeiros, mas diariamente saem algumas centenas". No Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia trabalham 930 enfermeiros.
Greve de quatro dias no Hospital de Santarém
Os enfermeiros do Hospital de Santarém vão fazer uma greve de quatro dias, das 8h de dia 19 às 24h de dia 22 de agosto contra as condições de trabalho excessivo que são forçados a exercer e pela contratação de novos enfermeiros. Pelos indicadores do próprio Ministério da Saúde, faltam 90 enfermeiros no hospital; o sindicato, porém, considera que para garantir as condições de qualidade, segurança e exercício de direitos seriam necessários 170. Mas mesmo o reduzido número de contratações propostas pelo Conselho de Administração não tem obtido despacho favorável por parte do governo.
Esta carência de profissionais leva a uma redução de enfermeiros por turno, forçando-os a fazer horas extraordinárias como regra, quando estas só deveriam ser cumpridas em situação de emergência.
"Os enfermeiros estão a atingir o limite da exaustão física e psíquica, com consequências na saúde dos profissionais e na qualidade e segurança dos cuidados a que os doentes têm direito", diz-se numa carta dirigida pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses ao Ministro da Saúde.
Manifesto a favor da greve
Um grupo de 60 cidadãs e cidadãos, entre eles dirigentes de clubes desportivos e coletividades da cidade, ativistas da cultura, do teatro, da fotografia, dirigentes sindicais, de comissões de trabalhadores, associações de pais, movimentos de cidadania, articulistas da imprensa, subscreveram um manifesto de solidariedade com as enfermeiras e enfermeiros do hospital de Santarém, exigindo "a admissão de mais enfermeiros e o estabelecimento de condições de trabalho que lhes permita o uso dos tempos de descanso para que a prestação dos cuidados de saúde que nós precisamos seja feita em segurança".