Com o desmoronamento do Grupo Espírito Santo, as perdas de quem emprestou dinheiro à família Espírito Santo podem chegar a 5 mil milhões de euros, o que provocará um efeito recessivo de grande porte na economia portuguesa. Louçã citou a PT, que emprestou 900 milhões a uma empresa do Grupo, a CGD, Américo Amorim e outras empresas que são credoras da holding da família. O professor de economia e dirigente do Bloco de Esquerda chamou ainda a atenção para o facto de o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, ter afirmado que se Ricardo Salgado tivesse a intenção de voltar a ocupar qualquer outro cargo de gestão financeira, não o poderia fazer, porque não lhe seria reconhecida a idoneidade necessária.
Aumento de capital de dois mil milhões?
Entretanto, apesar de o governo e o Banco de Portugal continuarem a assegurar que o Estado não precisa de intervencionar o BES, já admitem a necessidade de um aumento de capital, esperando que ele seja privado.
O Expresso adianta que o plano é um aumento de capital privado, em ações preferenciais, de dois mil milhões e que os prejuízos do BES podem ter ultrapassado os mil milhões nos primeiros seis meses deste ano.
Na audição sexta-feira na Assembleia da República, Carlos Costa considerou desejável que "o BES tenha uma nova estrutura acionista o mais depressa possível" e admitiu que o supervisor foi penalizado pelo que se passa no BES, já que "ninguém gosta de reconhecer que esteve a trabalhar com informação errada".
"Pára-quedistas a saltar em cima dos bancos"
Carlos Costa começou a ensaiar argumentos semelhantes aos que Vítor Constâncio tinha usado no caso BPN, dizendo que o Banco de Portugal não tem "pára-quedistas a saltar em cima dos bancos". "Se a contabilidade estiver errada, e o risco estiver lá, será difícil ao BdP detetar os problemas, pois trabalha na base da confiança de que os números que lhe são fornecidos são os corretos", disse.
A imprensa económica tem feito eco de informações de que Carlos Costa estará em contacto com o grupo espanhol Santander para que este assuma o controlo do banco detido em 20% pela família Espírito Santo. O banco da família Botin passar assim a controlar cerca de 30% do sector bancário português.
Foto: Paulete Matos