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dumpEstados Unidos - Jornal Mudar de Vida - [Manuel Raposo] A linguagem desbragada e as posições abertamente reaccionárias de Donald Trump, o multimilionário republicano candidato à presidência dos EUA, valeram-lhe slogans como “Trump pró lixo” (Dump Trump).


Os seus ataques racistas provocaram manifestações de repúdio de milhares de pessoas em diversas cidades dos EUA. Apesar disso, a sua campanha abeira-se da nomeação pelo partido Republicano. Ela representa o toque a reunir de uma vasta faixa da direita: classes médias temerosas do futuro, simples conservadores, racistas, fascistas.

O êxito de Trump não pode deixar de ser visto à luz da crise que mina o capitalismo mundial e que tem efeitos particulares nos EUA. O declínio norte-americano como potência hegemónica suscita, em amplos sectores populares, uma reacção para tentar recuperar o poderio de há umas décadas atrás. É o que Trump personifica, trazendo para a campanha todo o lixo de que a extrema-direita e o fascismo fazem uso nestas circunstâncias: supremacia branca, ódio aos imigrantes, misoginia, desprezo pelos deficientes, perseguição aos homossexuais.

O êxito de Trump (que se sente à vontade para citar Mussolini e acolher o apoio do Ku Klux Klan) não acontece porque os eleitores desconheçam estas posições fascistóides, mas precisamente porque parte do eleitorado se revê no que ele propõe, e acredita que será essa a via de recuperar a supremacia das classes médias norte-americanas — as quais sabem bem que essa supremacia lhes foi, e é, dada pelo domínio imperialista dos EUA sobre o resto do mundo. Pelas mesmas razões que uma larga maioria de norte-americanos apoiou, por exemplo, o ataque ao Iraque de Bush pai, Clinton e Bush filho.

Uma potência imperialista como os EUA só pode ambicionar manter o seu poderio se ameaçar todo o globo com a sua força militar; e se ao mesmo tempo conseguir, internamente, que as suas classes dominantes exerçam uma pressão esmagadora sobre as massas trabalhadoras. São essas as duas teclas que Trump toca sem rebuço, ao preconizar métodos “muito piores” e “mais fortes” do que os já utilizados pelas forças armadas na “luta anti-terrorista”, e ao usar o racismo e a xenofobia como factor de divisão e de enfraquecimento das classes trabalhadores. É com isto que Trump galvaniza a direita.

Se continuar a acumular êxitos, a candidatura de Trump vai marcar toda a campanha presidencial, obrigando os opositores democratas a pastar no mesmo prado. Com a candidatura de Sanders (um inesperado “democrata socialista” que se atreveu a atacar o poderio da Finança) provavelmente posta à margem, restará a oportunista Hillary Clinton, que fará o que for preciso para obter as graças do eleitorado. Pelo estado presente da campanha, portanto, a escolha dos norte-americanos ficará espremida entre a direita e a extrema-direita declarada.

O que de importante se joga está, assim, fora da campanha: na reacção das populações discriminadas — imigrantes, negros, latinos, pobres, camadas baixas das classes trabalhadoras.
A brutalidade dos propósitos mais extremos das classes dominantes, que Trump evidencia de modo despudorado, são de molde a fazer soar sinais de alarme sobre a dureza da luta de classes e da luta anti-imperialista que se avizinham.


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