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DSCN0829Galiza - Diário Liberdade - A poucos dias da jornada patriótica do 25 de Julho o Diário Liberdade entrevistou a porta-voz nacional de NÓS-Unidade Popular, Rebeca Bravo. Nesta conversa, para além do relativo às mobilizaçons do Dia da Pátria Galega, a dirigente independentista analisa as novidades da conjuntura política mais recente e aponta os objetivos da sua organizaçom no contexto atual.


Diário Liberdade - Recentemente a vossa organizaçom fazia público que, apesar da proposta feita às organizaçons do ámbito do nacionalismo e do independentismo para a convocatória de um Dia da Pátria unitário, esta nom foi possível. Porque nom foi possível?

Rebeca Bravo -NÓS-UP encaminhou 27 de maio umha proposta de manifestaçom unitária ao conjunto das forças patrióticas, obtendo como resposta o silêncio. Após mais de um mês de termos encaminhado esta iniciativa, mantivemos reunions com o BNG, que manifestou amavelmente nom existirem condiçons para tal cenário. Perante a impossibilidade de umha aliança ampla em base a um programa avançado, quer dizer, a unidade do nacionalismo e do independentismo, transmitimos aos companheiros e companheiras de Causa Galiza que NÓS-UP tinha decidio por quarto ano consecutivo convocar a manifestaçom independentista.

Lamentamos mais umha vez nom termos sido capazes de vertebrar umha resposta unitária das forças galegas no Dia da Pátria. Perante a dramática situaçom que atravessa o projeto nacional galego e a sua maioria social, é imprescindível dar passos firmes na unidade de açom. Daí que defendamos respostas conjuntas das forças da esquerda real, as que consideramos que a transformaçom social deve enquadrar-se no espaço de luita galego.

As responsabilidades som coletivas. Porém, nós apostamos sinceramente num Dia da Pátria que unisse todo o nacionalismo e independentismo numha única manifestaçom soberanista.

DL - Entom, finalmente, decidistes-vos pola convocatória de umha mobilizaçom própria para este 25 de Julho, repetindo o modelo escolhido nos últimos anos. Que dirias às pessoas que componhem a base social do independentismo e do soberanismo para que se decidissem a participar na manifestaçom de NÓS-UP?

Rebeca - A coerência política, a firmeza ideológica, a honestidade de um corpo militante organizado com umha prática de luita persistente. Somos um modesto e emergente projeto sociopolítico que acredita nas imensas potencialidades do nosso povo, para mediante a auto-organizaçom e a luita, conquistar o futuro.

Nos últimos anos temos mantido o leme do independentismo nas coordenadas da esquerda anticapitalista e socialista, defendendo a construçom um projeto de libertaçom nacional e social de género útil para o presente. Ao contrário que outras forças, nom nos deixamos arrastar polo oportunismo nem realizamos piruetas táticas. Seguimos desde 2001 onde sempre estivemos, luitando incansavelmente, com acertos e erros, mas de forma permanenente.

DL - Onde sim foi possível umha manifestaçom patriótica unitária foi no ámbito juvenil e estudantil. Como avaliades de NÓS-UP este facto e a sua continuidade a respeito do ano passado?

Rebeca - No ámbito juvenil, o independentismo tem umha maior musculatura relativa que no espaço adulto. Simultaneamente, a correlaçom de forças é desfavorável para as nom explicitamente independentistas.

Parabenizamos o conjunto das organizaçons juvenis e estudantis da esquerda patriótica por serem capazes um ano mais de demonstrar que a unidade nom só é possível, é imprescindível para fazermos frente a ofensiva espanholizadora, burguesa e patriarcal que está contribuindo para situar a Galiza e o seu povo trabalhador à beira de umha desfeita histórica.

Queremos destacar o determinante papel de BRIGA em todo este processo, pola sua madurez e lucidez na construçom deste ciclo político no movimento juvenil galego, impensável há dous anos.

DL - Passando a umha análise da conjuntura política dos últimos meses na Galiza e no campo da esquerda nacional, parece que o processo de recomposiçom da mesma iniciado há mais de dous anos está longe de ter finalizado. Como vês a situaçom atual e as perspetivas deste processo, do ponto de vista de NÓS-UP?

Rebeca - A histórica manifestaçom pola ruptura democrática e em prol de um processo constituinte galego de março de 2013 foi determinante para quebrar a enrocada situaçom em que estava instalada a esquerda patriótica, a injustificável ausência de diálogo e interlocuçom. Nós, a partir de 2012, fomos constatando que os movimentos polítícos do nacionalismo eram mais que declaraçons de intençons e, perante a viragem soberanista do BNG, optamos por mover ficha. Porém, o processo nestes 15 meses nom se pode qualificar de positivo, pois nom se aprofundou na unidade de açom e umha iniciativa que nós consideramos estratégica como a GPS está congelada.

Os fenómenos eleitorais das Autonómicas de 2012 e das recentes Europeias constatam um preocupante processo de espanholizaçom da intervençom e da lógica sociopolítica galega. O abandono do princípio de auto-organizaçom precedeu a entrega das chaves de ouro da referencialidade da luita a umha força espanhola e reformista por parte de um setor do nacionalismo galego. Se a isto acrescentarmos o fenómeno mediático de Podemos, o resultado é mais que preocupante.

DL - Quais podem ser as vias para fazer avançar a contruçom nacional e somar mais povo trabalhador à luita de libertaçom nacional, social e de género que a esquerda independentista defende?

Rebeca - É fundamental manter a firmeza no princípio medular da auto-organizaçom que propiciou a reconfiguraçom da esquerda patriótica há meio século. Há que manter a serenidade e nom se deixar arrastar nem confundir polo barulho ambiental. Tal como em 1989-1991 nom capitulamos na defesa dos princípios socialistas perante a derrota da URSS, hoje tampouco devemos abraçar de forma precipitada e irreflexiva unidades com projetos políticos que agem na Galiza como se fosse Múrcia ou La Rioja.

As forças de direçom galega e que acreditamos na Galiza temos que dar passos claros na configuraçom de um quadro galego de luita, o que nós denominamos pólo patriótico rupturista. O primeiro objetivo deste processo é configurar candidaturas de unidade popular com um programa soberanista, de esquerda avançada e feminista pra as Eleiçons municipais da primavera de 2015.

A refundaçom da esquerda patriótica deve ser a conclusom natural deste processo. Há que unir numha ampla, plural e abrangente organizaçom sociopolítica o conjunto da esquerda independentista e nacionalista. Temos o dever histórico de evitar um desastre que por mui anunciado que esteja será inevitável se nom agimos com coragem, urgência e visom longoprazista.

DL - Todo isto enquadra-se num contexto de crise do regime onde a oligarquia está a dar passos, como a mudança no seio da monarquia espanhola, na linha de dar umha imagem de renovaçom. Esta mudança impulsionou o debate sobre as alternativas ao regime desde as diversas esquerdas atuantes na Galiza: ruptura ou reforma, atuaçom centrada na Galiza ou em Madrid, República galega ou República espanhola. Como avaliades o processo mobilizador das últimas semanas e todos estes debates?

Rebeca - O regime espanhol da II Restauraçom bourbónica atravessa umha multricrise de caráter estrutural. Os resultados das Eleiçons europeias forçárom a implementaçom de mudanças -mais cométicas que reais-, embora com certas doses de risco, para recuperar a estabilidade política de um modelo cada vez mais desacreditado entre amplos setores da populaçom. Os partidos do bipartidarismo optárom por forçar a abdicaçom do Chefe do Estado espanhol seguindo as recomendaçons do grande capital.

O debate monarquia versus república foi positivo, porque permitiu desmascarar as posiçons oportunistas da esquerda espanhola, que só pretende ocupar um espaço de gestom no sistema. Também se constatou a enorme debilidade e raquitismo do movimento de massas na hora de apostar em mobilizaçons de caráter estritamente político. Nom é o mesmo sair à rua em defesa da sanidade ou educaçom pública, contra a reforma laboral, que exigir a mudança de modelo de Estado.

Nós optamos por aproveitar a conjuntura para dar umha batalha de ideias com caráter de massas, deixando claro que a única alternativa genuinamente rupturista e antissistémica é a defesa da República Galega,

O regime pode assumir umha III República se serve para garantir os enormes lucros das empresas do Ibex 35. Também para perpetuar a casta corrupta que nos desgoverna, para manter a estabilidade política alicerçada no desemprego, nos salários e pensons de miséria, na pobreza e exclusom social, na emigraçom juvenil, na destruiçom das conquistas sociais no ámbito da sanidade e educaçom pública. Em definitivo, a unidade do mercado denominada Espanha.

A única forma de mudar isto, de avançar em direçom à transformaçom que arelam cada vez mais setores sociais, é mediante a abertura de processos constituintes que reconheçam o exercício de autodeterminaçom das naçons oprimidas. Sem esta premissa democrática, nom há mudança real.


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