A propagação da epidemia em Angola (25 casos) para províncias vizinhas da República Democrática do Congo (28 casos) faz destes dois países uma ameaça muito séria em termos da transmissão da pólio em África, com 48 dos 58 casos registados no continente, nos últimos seis meses, deu a conhecer a OMS.
Contudo, o vírus da RD Congo continua geograficamente circunscrito e em Angola, as medidas tomadas pelo Governo, para minimizar as lacunas da baixa taxa de cobertura vacinal, com ênfase para a campanha de 1 de Outubro, permitiu reduzir o número de crianças não vacinadas de 30% para 13% em Luanda, o principal foco de transmissão da doença, e de 15% para 8% nas restantes parcelas do território nacional.
Angola, RD do Congo, Burquina Faso, Gâmbia, Guiné, Mali, Mauritânia, Senegal, Serra Leoa e Libéria vão realizar as suas Jornadas de Vacinação nos dias 29,30 e 31 de Outubro, enquanto que a Nigéria efectuou no passado dia 23, Côte D'Ivoire, no dia 26 e, Benin, 28 de Outubro. Tchade e Sudão realizam a 1 Novembro.
O Director Regional da Organização Mundial da Saúde para África (OMS), Luís Gomes Sambo, reconheceu a importância das medidas tomadas recentemente por Angola e a RD Congo para fazer face à baixa cobertura vacinal.
Em África, declarou Luís Gomes Sambo, "vemos que o apoio dos governos pode fazer uma diferença entre o sucesso e o fracasso. Mas, muito resta ainda por fazer para colmatar as lacunas e preservar os notáveis progressos realizados este ano".
"Todos os nossos esforços convergem agora para o mesmo ponto," declarou o Director Regional do UNICEF para África do Oeste e Central, Gianfranco Rotigliano, para quem os dirigentes políticos africanos responderam aos desafios desta terrível doença, tendo a sua agremiação testemunhado os resultados obtidos.
"Isto demonstra o que pode ser alcançado com uma forte liderança e uma parceria dinâmica relativamente a um problema de saúde tão importante.
Devemos prosseguir os nossos esforços de vacinação e colocar as necessidades das crianças no primeiro plano" O Presidente do Comité Africano Pólio Plus do Rotary, Ambroise Tshimbalanga Kasongo, fez um apelo aos doadores internacionais para que se mantenham na corrida e preencham a lacuna no financiamento de 810 milhões de dólares do Plano Estratégico da Iniciativa Mundial para a Erradicação da Pólio com o objectivo de se eliminar esta doença até 2013.
Nigéria nunca interrompeu a circulação do vírus da doença
A Nigéria é o único país em África que nunca conseguiu interromper a transmissão do vírus da poliomielite. No entanto, já reduziu o número de casos em 98 por cento, no espaço de um ano, soube O PAÍS de fonte da Organização Mundial da Saúde.
Os dirigentes africanos fazem prova do seu engajamento e de uma cooperação sem precedentes ao levarem a bom termo, em 2009 e em Março e Abril de 2010, uma série de actividades sincronizadas de vacinação como resposta.
A Iniciativa Mundial para a Erradicação do Pólio (GPEI) está a ser liderada pelos governos nacionais, OMS, Rotary International, Centro para o controlo e a prevenção das doenças (CDC de Atlanta) e UNICEF. Em Angola esta iniciativa foi lançada em 1996.
Desde 1988 (ano em que tal iniciativa ou aliança foi lançada), a incidência da poliomielite sofreu uma redução de 99%. Em1988, mais de 350.000 crianças tornavam-se anualmente paralíticas em mais de 125 países endémicos. Apenas quatro países são endémicos: a Nigéria, a Índia, o Paquistão e o Afeganistão.