O responsável da saúde pública e controlo de endemias, António Gomes Tati, que confirmou o facto ao Jornal de Angola, disse que as autoridades sanitárias da província estão muito preocupadas com o surto de conjuntivite que se regista com maior incidência no município sede "já que, mesmo com as medidas profiláticas recomendas pelos técnicos de saúde, a doença apresenta fortes sinas de progressão".
Sem avançar muitos detalhes, António Gomes Tati, referiu, contudo, que as informações disponíveis de "fontes oficiosas", admitem a origem da doença como sendo a fronteira de Massabi, que divide a província de Cabinda com a região de Ponta Negra República, no Congo Brazzaville.
"Não temos, oficialmente, dados sobre a origem da doença, mas as pessoas dizem que veio da fronteira de Massabi", disse António Gomes Tati, advertindo, no entanto, que por se tratar de uma conjuntivite de origem viral, a sua é lenta podendo o tratamento levar entre 10 a 15 dias.
"Tendo em conta os argumentos clínicos que os pacientes apresentam aos médicos em hospitais, concluímos tratar-se de uma conjuntivite de origem viral e não bacteriana, nem micótica ou alérgica", sublinhou.
Consequências
O que o deixa particularmente preocupadas as autoridades sanitárias, segundo António Tati, são as graves consequências que a conjuntivite viral pode causar a pessoa infectada quando o tratamento não surtir efeitos desejáveis dentro do período previsto- 10 a 15 dias.
As complicações, disse, resumem-se, em sobre infecções que podem sair de uma simples conjuntivite viral, para se tornar bacteriana causando fortes lesões a "região da córnea do olho e sobretudo a hiper secreção, situação que não permite a pessoa abrir a vista.
Apelou, por isso, a população a não fazer uso de qualquer tipo de pomada ou um outro remédio não prescrito por médico contrariamente o comportamento de algumas pessoas, aconselhadas a usar urina, folhas de plantas e outras secreções de origem duvidosa.
"No caso de contrair uma conjuntivite, a terapêutica recomendada deve ser a base de soro fisiológico, lavando as vistas três a cinco vezes ao dia dependentemente da secreção que a doença produzir", advertiu António Tati, notando que "além disso, os médicos foram recomendados a administrarem alguns colírios anti-virais, como por o Aciclovir, fármaco bastante activo nos adenovírus e nos hirper - vírus, dois vírus responsáveis pelas epidemias frequente no meio em que vivemos".
"Neste preciso momento estamos a usar um tipo de colírio que é gentamicina com o propósito de evitar a sobre infecção que pode complicar a epidemia que temos aqui em Cabinda", sublinhou, avisando as pessoas afectadas pela conjuntivite a evitarem a exposição ao sol, por existir uma "foto fobia" - reflexo solar nocivo, por um lado e, por outro, como medida de se evitar a contaminação à outras pessoas.
Recomendou a intensificação das sessões de lavagem das mãos, pois, como sublinhou "a qualquer momento podemos manter contacto com a pessoa contaminada e tirarmos a secreção e metermos nas vistas e dai contaminarmo-nos".
Sarampo
Por outro lado, o chefe de departamento da saúde pública e controlo de endemias alertou para o surto de sarampo na província que está a afectar um considerável número de crianças, dizendo que só em dois meses houve uma registo de 77 casos dos quais de que resultou a morte de cinco crianças.
"Desde já declaramos um surto de sarampo a nível da província de Cabinda, neste momento estamos a intensificar a vacinação de rotina às crianças dos noves meses aos cinco anos, por ser a faixa etária mais afectada".
António Tati apela as mães cujos filhos não tenham sido vacinados contra o sarampo aos noves meses a fazê-lo. No hospital central de Cabinda estão neste momento internados 14 crianças afectadas por sarampo e cujo quadro clínico é "deveras preocupante".