Assim, no espaço de um ano a população desempregada teria baixado 139,7 mil pessoas. Nos últimos dias, apesar da hegemonia do assunto BES na comunicação social, atropelaram-se as vozes do Governo, dirigentes, ministros e opinion makers, para saudar a descida do desemprego como consequência das assertivas políticas praticadas na era da troika. Pedro Mota Soares, ministro da solidariedade, emprego e segurança social, como não poderia deixar de ser, foi o mais empolgado celebrador dos resultados então anunciados – “a economia portuguesa está a criar cada vez mais emprego”.
Os números do INE e a propaganda que os rodeia escondem a realidade: o número de desempregados real é bastante superior, certamente acima dos 20%. Se somarmos aos desempregados contabilizados, todos aqueles que têm vindo a ser eliminados das estatísticas do desemprego (inactivos, subempregados e trabalhadores forçados pelo IEFP a integrar acções de formação e a aceitar contratos emprego-inserção) e todos os que foram forçados a emigrar, conseguiremos somar muitas centenas de milhar de verdadeiros desempregados que foram ocultados das estatísticas oficiais. Só em 2012 emigraram 120 mil pessoas, o correspondente a 86% da redução do nível de desemprego contabilizado nas estatísticas dos últimos 12 meses. Há ainda a ter em consideração o acréscimo de emprego gerado consequente da sazonalidade típica do período de verão. Todos os anos todos os Governos gritam vitória para as políticas de emprego durante o Verão. É mais fácil do que acertar nas previsões meteorológicas.