Foto de U.S. Army Europe (CC by/2.0/) - Equipamento militar turco.
Em pleno cessar-fogo na Síria, acordado por Rússia e Estados Unidos para ter início à 0h do dia 27 de fevereiro, a Turquia, aliada de Washington, está reforçando suas posições militares na fronteira com o Estado sírio, onde Ancara concentra veículos blindados. Tal escalada, segundo o tenente-general russo Sergey Kuralenko, representa um ato provocativo que pode comprometer a trégua à Guerra Civil que, desde 2011, já deixou como saldo mais de 250 mil mortos.
Nas primeiras 24 horas do cessar-fogo, o Kremlin já havia denunciado ataques de solo turco contra o norte sírio, além de diversos ataques por parte de grupos "rebeldes" armados, apoiados por Ancara e por Washington. Ao todo, as violações à trégua por parte de forças opositoras ao governo de Bashar al-Assad totalizaram sete, de acordo com a Centro Russo de Reconciliação na Síria, que exigiu explicações ao Centro Norte-Americano, já que o Exército turco é apoiado pelo regime de Barack Obama.
A rede de TV Russia Today filmou o estacionamento de veículos turcos na fronteira, analisados pelo Exército russo. De acordo com Kuralenko, as imagens demonstraram o Exército turco "organizando posições de ataque, e a concentração de veículos blindados próximos à fronteira".
Assim como no caso da violação do cessar-fogo por Turquia e por grupos "rebeldes" nas primeiras 24 horas da trégua, a mídia comercial internacional agora, cumprindo perfeitamente previsão deste autor na reportagem anterior, silencia sobre a escalada do Exército turco na fronteira com a Síria. O máximo que a agência de notícias Reuters publicou no dia 1º foi uma superficial reportagem contendo vozes predominantemente norte-americanas (especialmente de John Kerry), da oposição síria (já no título da publicação, Oposição Síria Diz que Governo Implode Trégua) e, pasmem, dos sauditas. Tudo isso com direito ainda à imagem, no início da pseudorreportagem, em que oposicionistas sírios portam bandeira anti-russa.
Dado que agências como a Reuters ditam o que os meios internacionais veicularão em seguida, faz-se desnecessário especificar ou mesmo abrir os jornais a fim de se constatar a que lado pendem as publicações midiáticas nestas últimas horas, pós-cessar-fogo na Síria destinado ao fracasso exatamente por aquilo que o Kremlin vem denunciando há anos: Washington não tem o menor interesse em acordos pacíficos em solo sírio, fazendo com que seu jogo sujo seguido fielmente por uma mídia completamente de joelhos diante de si, seja totalmente previsível.
Por ser profundamente conhecedor tanto quanto vítima dessa guerra da informação que assola a humanidade, o presidente equatoriano Rafael Correa disse certa vez: "Não há exército que possa invadir totalmente um Estado; mas os veículos de informação podem".