Em entrevista ao Le Monde publicada essa semana, Mohamed Allouche reafirmou que o atual presidente da Síria, Bachar Al Assad, precisa ser morto ao final da “transição” que ele pretende que aconteça no País. A negociação, no entanto, é com o próprio governo sírio, o governo de Al Assad, em Genebra. Com esse objetivo declarado, é difícil que as negociações cheguem a algum lugar.
Allouche aproveitou para acusar a Rússia de ter realizado “ataques ilegais” na Síria. A intervenção russa no conflito da Síria foi a única intervenção pedida pelo governo sírio. Todos os bombardeios das potências imperialistas na região, sob o pretexto de atacar o Estado Islâmico (EI), é que foram, na verdade, ilegais. O EI, aliás, se fortaleceu graças à intervenção do imperialismo no Iraque e na Síria.
O objetivo do imperialismo na Síria é derrubar Al Assad e colocar um governo sob seu controle no poder. Mesma manobra que foi tentada na Líbia, e que deixou o País destruído e sem governo central, que foi tentada no Iraque, e que deixou o País mergulhado no caos. Objetivo compartilhado por Allouche. Imperialismo e Allouche estão do mesmo lado nas negociações em Genebra.
Por isso Allouche acusou Moscou de tentar “manipular as negociações”. O apoio militar russo ao governo sírio foi decisivo para que Al Assad recuperasse terreno e se fortalecesse. O objetivo do imperialismo ficou muito mais distante. O que Allouche chama de manipulação das negociações é o fato de que o governo da Rússia impediu a queda de Al Assad.
Os EUA tentam derrubar Al Assad para combater a influência do Irã no Oriente Médio. A Arábia Saudita, pilar da dominação imperialista na região, está sofrendo com a disputa dos iranianos, que vai em um sentido anti-imperialista. Os EUA buscam derrotar o governo Al Assad por sua aliança com o regime iraniano.