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25467670340 eb92150df4 zBrasil - Diário Liberdade - [Edu Montesanti] Educação precária. Sociedade despolitizada, "esquerda" inerte. PT aliado aos banqueiros e às classes dominantes, distante dos interesses da maioria da população. Mídia desregulada manipulando suas velhas massas de manobra. O governo federal é vítima da traição aos seus princípios teóricos, das políticas elitistas e dos próprios deslumbres com o poder.


Foto de Leandro Monteiro (CC by-sa/2.0/) - Na manifestação do 'Fora Dilma' de 13 de março de 2016.

"Em uma sociedade dividida e com tanta desigualdade como a brasileira existem lados, o do povão e o das elites econômicas e políticas. Em seus quase 100 anos de história, as Organizações Globo e a família Marinho tiveram um lado: sempre contra você."

Assim o semanário brasileiro Brasil de Fato inicia editorial desta semana, intitulado De que lado samba a Globo: sempre contra você. E tem toda a razão. Por outro lado, diante deste claro cenário de golpe no Brasil, vale perguntarmo-nos: e o Partido dos Trabalhadores, tem estado ao lado de quem nestes mais de 14 anos à frente da presidência da República? Do povão ou das elites, que hoje tentam devorá-lo? Da mídia alternativa ou do monopólio da informação, especialmente a Rede Globo, hoje impiedosa com o governo federal como sempre foi na história do Brasil, contra quem bem entendeu?

Em agosto de 2003, no velório do "doutor" Roberto Marinho, nada mais que jornalista e proprietário desse poderoso conglomerado que inclui TV, rádio, jornais e revistas, o qual cresceu vertiginosamente no início dos anos de 1960 até se tornar um império financiado ilegalmente pelos norte-americano, a fim de garantir o golpe militar em 1964 (veja documentário da Telesur), o então presidente Luiz Inácio observou: "Aí se vai um grande brasileiro, merecedor de três dias de luto oficial". 

Nos dias de hoje o mesmo Luiz Inácio deixa claro que mudou radicalmente de opinião em relação à poderosa Globo. Por quê? Talvez porque ele mesmo se tornou um milionário especialmente em seus anos no Palácio da Alvorada, assim como seu filho, o que não motiva prisão nem sequer preventiva, até que se comprove implicações criminosas a este respeito - e tal fato deve ser, sim, investigado, entre outros diversos.

Por falar em radical, os mesmos que passamos anos e anos advertindo que os rumos do governo levavam, inevitavelmente, a um final catastrófico (do ponto de vista econômico, político e social), éramos agredidos verbalmente, ridicularizados, qualificados exatamente de "radicais", de "ultra-esquerdistas", "insensatos" e "desatualizados" que não sabíamos nos adequar à realidade, tudo isso por este desesperado tanto quanto desesperado setor, a esquerda "sóbria" que vê um a um de seus líderes iram à cadeia.

A mesma esquerda "moderada" era secretamente representada por José Dirceu, quem costumava ir, com o pires na mão, ao encontro dos agentes da CIA travestidos de embaixadores em pleno centro de espionagem com fachada de Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, simplesmente a fim de "prestar contas" sobre a política interna e externa do governo brasileiro, conforme revelam amplamente cabos liberados por WikiLeaks. Estava dando armas ao inimigo.

É evidente que, com forte combustão midiático, o mais raivoso senso elitista que permeia todos os segmentos da sociedade brasileira estão movendo as maciças manifestações nestes tempos pró-cassação da presidente Dilma e pela detenção do Luiz Inácio, quem afirmou também, logo que venceu a eleição presidencial de 2002: "nunca fui de esquerda", imaginando que sairia impune (pelos setores reacionários) por mais aquele cinismo descarado. 

Assim, resta saber se o "equilibrado" ex-presidente está em desacordo que, nestes dias efervescentes para ele e para todos os que defendemos a democracia no Brasil, civis simplesmente proíbam outros cidadãos de transitar em meio às manifestações populares pró-cassação de Dilma e pela prisão de Luiz Inácio, com camisetas vermelhas e com bandeiras de partidos políticos. Qualquer semelhança com vésperas de golpes mundo afora, inclusive com o de 1964 no próprio Brasil, não é mera coincidência.

Enquanto o próprio líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) afirma que "não estão presentes os fundamentos que autorizam o pedido de prisão preventiva [de Luiz Inácio]", o que menos se discute entre a sociedade brasileira hoje é a própria política, as leis, a Constituição: não há nível educacional para isso, não há a menor politização de maneira que cidadãos estão excessivamente ocupados com discursos vazios, com muita verborragia e com suas próprias leis que remontam à ditadura militar. 

Aliás, anos atrás quando se discutia no país a importância da Comissão da Verdade apenas para se apurar a realidade dos fatos durante os 21 anos de autoritarismo no Brasil, sem jamais conduzir ditadores ao banco dos réus, foi o suficiente para gerar (pasmem) reação em Luiz Inácio, quem se saiu com esta: "Passado é passado", ou seja: esqueçamos tudo. Eis que o veneno se volta contra o PT nestes dias.

Em terras tupiniquins, os militares jamais foram sequer julgados, contrariando a Organização dos Estados Americanos (OEA) e todas as leis e pactos internacionais, enquanto nos países vizinhos os exemplos se dão no sentido oposto.

Brasil de Fato segue desta maneira o editorial:

Na campanha que “O Petróleo é nosso”, na desestabilização do governo do presidente João Goulart 
e no consequente apoio aos 21 anos de ditadura, a Globo estava contra os interesses do povo.
Na tentativa de barrar a força do movimento operário, na luta de milhões de brasileiros pelas 
eleições diretas no país, as “Diretas já”, a Globo esteve do lado dos poderosos e seus interesses.

O editorial aponta fatos históricos para argumentar que a "Globo defende interesse dos ricos", exatamente como tem feito o PT dado que nunca na história do país os bancos lucraram tanto, em valores absolutos e proporcionais. Os governos de Luiz Inácio e de Dilma nem sequer reformaram o capitalismo, o que já contrariaria suas raízes e mesmo discursos em tempos não tão distantes.

Contudo, que o PT não espere que a população - à qual o partido não se aliou, não politizou, à favor da qual não promoveu educação - tenha entendimento agora que tal empresa de mídia defende interesses das classes dominantes, os quais vão contra a própria sociedade em geral. Essa mesma sociedade samba no ritmo da Imprensa que o PT jamais regulou, pelo contrário: bajulou e até financiou com bilhões de reais, em detrimento da mídia alternativa. 

"A sociedade tem o controle remoto [para mudar de canal]", afirmou Dilma indignada com a ideia de "censurar" (regular) a mídia. Tudo o que a presidente gostaria hoje, certamente, é que a sociedade tivesse realmente opções de se informar de maneira isenta, o que apenas poderia ser possível através de uma mídia regulada como nos Estados mais democráticos do mundo. Mas é tarde demais: aí está a grande mídia com suas velhas massas de manobra, em um cenário irreversível.

Apenas a cúpula petista, talvez excessivamente envaidecida com os privilégios do poder, acreditou ingenuamente que poderia aliar-se a este setor tão conhecido da sociedade brasileira, promotor do golpe que derrubou João Goulart, presidente democraticamente eleito e amplamente apoiado pela população até ser derrubado, além de tantos outros atentados à fragilíssima democracia nacional, muito bem conhecidos.

Quem se lembra que em 2013 o "intelectual" Emir Sader, quem além de filiado ao PT é maior porta-voz, mestre tão venerado da inerte, mesquinha e dessituada"esquerda" tupiniquim de péssimo gosto, moral e intelectual, tachou membros do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, que à época protestavam na cidade de São Paulo, de "cachorros vira-latas"? Mais uma postura reacionária da "esquerda", mais uma "lógica" à brasileira.

Detalhe: o Prefeito então era e é ainda hoje Fernando Haddad, de seu partido político. Os interesses político-partidários têm regido o PT nestes mais de 14 anos, como aliás era de se esperar muito antes de assumir a presidência do Brasil considerando-se determinadas figuras da cúpula do partido.

O mesmo Emir Sader sempre tentou precariamente, em coro com inúmeros petistas e com parte de uma mídia dita alternativa que nada mais representa a não ser a outra face de uma mesma moeda politiqueiro-midiáticaembarcar o Brasil no trem da Revolução Bolivariana a qual esta sim é, ano após ano, reconhecida por organismos internacionais (incluindo a ONU) pelas conquistas sociais, políticas e econômicas através de governos efetivamente progressistas que representam a ampla maioria de suas respectivas sociedades, e não as elites locais. No Brasil, tal tentativa petista apostando na ignorância coletiva.

É imensa a tragicômica lista que pode servir para se ilustrar a atual situação do PT, a inércia da "esquerda" brasileira, especialmente a mais "sóbria" além da própria condição da sociedade brasileira em geral, uma vez mais - idêntico ao que ocorreu em 1964 - vítima dos conglomerados midiáticos, que a pauta nos mínimos conceitos e preconceitos, em posturas e em ações.

Contudo, com a mesma convicção que se afirmava desde o início da gestão petista à frente do governo federal que tudo terminaria assim, pode-se afirmar também hoje que a sociedade brasileira, inclusive a "esquerda", não tirará lição nenhuma ao final de mais este capítulo trágico de sua história em que o que menos se está fazendo no Brasil, é justiça e inclusão social.

Pois em tempos em que os usurpadores do poder à "esquerda" veem-se agonizando, já é tarde demais para dar-se conta de que Che Guevara tinha total razão quando afirmou: "Não se pode confiar, nem um tantinho assim, no imperialismo". O quadro não será mais mudado. Optou-se pela governabilidade sem limites, isto é, pela manutenção do poder e não pelo bem-estar coletivo, e o resultado não poderia ter sido pior: terminar linchado de todos os lados, sem apoio nenhum setor a não ser de parte dos militantes partidários (há outra parte fortemente contra o governo).

As irracionais elites são impiedosas e nunca toleraram um barbudo, nordestino da roça na presidência da República, e nem muito menos uma mulher que combateu a ditadura militar. Definitivamente, as classes dominantes preferem o mocinho burguês Aécio Neves, quem surfava sobre as ondas do Rio de Janeiro enquanto a presidente Dilma era presa e torturada pelos ditadores militares. Por mais que as propostas políticas de ambos sejam quase idênticas...


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