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22012453912 a5a6c054cd zPortugal - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O governo direitista de Passos Coelho, do PSD (Partido Social Democrático) caiu apenas duas semanas após ter assumido.


Foto: Comício do Bloco de Esquerda (CC BY-NC-ND 2.0)

O também presidente direitista, Aníbal Cavaco Silva, permitiu a formação desse governo apesar de contar com menos de 40% dos votos. A aliança do PS (Partido Socialista), do PC (Partido Comunista) junto com os Verdes, e do Bloco de Esquerda, que juntos somaram 50% dos votos, passou um voto de “não confiança” que abriu passo a eles mesmos formarem o governo.

Por causa de uma cláusula da Constituição, o governo direitista não conseguiria chamar eleições até junho de 2016. A formação de um governo “tecnocrata” provisório por sete meses seria uma alternativa. Seria algo nos moldes do que aconteceu com Mario Draghi na Itália. Um direitista disfarçado de tecnocrata que teria como objetivo aumentar o aperto contra as massas. O grupo de Draghi entrou em crise terminal nas eleições convocadas logo após esse “governo tecnocrata” onde, após não ter conseguido mais de 4% dos votos, a burguesia foi obrigada a colocar no poder setores do antigo Partido Comunista Italiano, o PD (Partido Democrático).

Até as eleições, o PS fazia parte, na prática, da ala esquerda do governo na aplicação dos planos impostos pela União Europeia. Agora, com o aprofundamento acelerado da crise capitalista na Alemanha, ficou claro que a válvula de escape do coração do capitalismo europeu está com os dias contados.

A fragilidade dos países do sul da Europa, os mais endividados e em crise, ficou colocada à ordem do dia novamente.

A crise em Portugal tende a escalar e a contagiar a vizinha Espanha que também enfrentará eleições nacionais no próximo mês, em dezembro. A crise da direita do imperialismo espanhol tem ido à alturas com o fim do bipartidarismo e a escalada das tendências independentistas.

O contágio da crise está saindo do controle e ameaça esmagar as economias mais fracas da Europa. O Estado espanhol somente tem se segurado por causa das políticas do BCE que, para manter a espoliação a serviço do imperialismo europeu, há dois anos passou a controlar diretamente 80% dos bancos europeus. O mesmo aconteceu com a Itália. Estes dois países representam a terceira e a quarta potências da Zona do Euro, com o poder de detonar uma “hecatombe capitalista” em escala mundial.

A crise na França e na Inglaterra tem caminhado a passos largos. Os países nórdicos, que representam outros dos pilares da estabilidade da Europa, também enfrentam o apodrecimento. Na Finlândia, têm acontecido protestos de massa contra a recessão e a carestia da vida. Na Suécia, o “Estado de bem-estar social” está cada vez mais convalido. Resta a Noruega que ainda se mantém com relativa estabilidade, a Dinamarca e a Islândia. Mas o peso desses países na economia europeia e mundial é muito secundário.

O fator determinante da crise europeia é justamente o aprofundamento da crise no centro nervoso da Europa, a Alemanha. O regime político da Grande Coalizão, liderada pela chanceler Angela Merkel, está com pneumonia. As maiores empresas enfrenta forte crise, como é o caso da Volkswagen e o Deustche Bank. A indústria está em recessão, as exportações em queda e a classe operária, contida por meio de alguns privilégios, ameaça escapar de controle.

Qual é a perspectiva do governo de "esquerda" português?

Os três partidos da esquerda burguesa portuguesa apresentaram programas “anti-austeridade” nas últimas eleições. Mas se trata de pura demagogia eleitoral. Todos esses partidos têm estado presentes e atuantes na aplicação dos planos do imperialismo europeu.

O Partido Socialista, que representa a ala esquerda do “bipartidarismo português”, é o mais forte do bloco, com 35% dos votos, contra apenas 8% do PCP/Verdes e os 12% do Bloco de Esquerda. É evidente que não há a pretensão de nenhuma ruptura com o regime e muito menos com a União Europeia. A perspectiva não deverá ir além de colocar em pé um governo a la Syriza, inclusive porque as pressões imperialistas poderiam esmagar rapidamente qualquer tentativa no sentido contrário.

A única maneira de combater a União Europeia imperialista passa pela organização independente dos trabalhadores e pelo rompimento com as “amarrações” impostas pela União Europeia e os Estados Unidos. Esse rompimento é inviável sem lhe contrapor uma força capaz de enfrentá-lo, que unicamente pode ser a classe operária portuguesa aliada à classe operária europeia.

Os três partidos da “aliança de esquerda” se encontram altamente integrados ao regime burguês e não têm como avançar contra o regime, do qual representam pilares. Pelo contrário, eles são instrumentos de contenção da mobilização dos trabalhadores. Mas, a movimentação à esquerda, principalmente pelo PS, também representa uma clara amostra do grau de crise que atingiu em cheio o regime político português. Apenas um botão de amostra da crise política, impulsionada pela crise econômica, em escala mundial.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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