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170210_enchentes.jpgTalita Mochiute (Envolverde) - Em janeiro, o volume de chuva na cidade São Paulo (SP) foi de 480,5 milímetros. 


O número representa o dobro da média histórica do mês e o maior volume registrado desde 1947. Nos primeiros quatro dias de fevereiro, a chuva foi 61% acima da média histórica. Diante desses dados, toda cidade vem sofrendo com as inundações, mas para o arquiteto e urbanista do Instituto Pólis, Kazuo Nakano, a intensidade dos problemas causados pela chuva revela a falta de planejamento urbano e de medidas preventivas de curto e longo prazo. 

“O alagamento faz parte do regime natural do rio. As inundações ocorrem quando há ocupação humana, impermeabilização do solo. Quando há uma pista na margem do rio, isso trava seu regime natural”, comenta.

Os bairros na várzea do Tietê, na zona leste, como o Jardim Pantanal, desde o início de dezembro enfrentam problemas com enchentes.  De acordo com balanço da Defesa Civil, mais de 25,7 mil pessoas em toda cidade tiveram de deixar suas casas devido às chuvas.

Segundo Nakano, o modelo de urbanização e ocupação implementado nas várzeas dos rios foi inadequado. Os rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí foram transformados em canais. Isto é, perderam suas curvas acentuadas e hoje são praticamente linhas retas. A mudança do desenho dos rios e a impermeabilização do solo dificultam a absorção das águas.

“É preciso reformular o jeito de ocupar os espaços das várzeas de rios e córregos. Abrir os rios. Liberar o solo. Essa é uma medida estrutural e de planejamento para longo prazo”, enfatiza o urbanista.  No entanto, Nakano lembra que essa proposta sofre resistência por envolver interesses de diferentes grupos sociais, como dos grandes proprietários de imóveis.

“Hoje vemos soluções paliativas. Por exemplo, ao entregar o bolsa-enchente, a Prefeitura não resolve o problema das famílias. Os seis meses vão passar e a família voltará para o local ou vai para outra moradia precária”, destaca Nakano.

O bolsa-enchente é um benefício concedido pela Prefeitura de São Paulo em casos emergenciais, como enchentes e incêndios. Moradores do Jardim Romano, área alagada na zona leste, por exemplo, recebem R$ 300 durante seis meses para pagar o aluguel de um imóvel, se deixarem suas casas na região.

De acordo com a Secretaria de Habitação, somente com obras de urbanização de favelas, foram retiradas 3.440 famílias de áreas de risco de 2005 até agosto de 2009, em um investimento de cerca de R$ 17 milhões.

O urbanista critica também a falta de ações preventivas de curto prazo. “O mapa de galerias de águas fluviais é de sete anos atrás. É necessário ainda atualizar os mapas dos pontos de alagamento, geológico e de infraestrutura, como esgoto”, aponta.

Segundo informações do site da prefeitura da capital paulista, até o final de junho o Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (IPT-USP) fará um novo mapeamento das áreas de risco da cidade. Nakano ressalta que não basta fazer mapeamentos, sem estabelecer ações preventivas concretas, como a manutenção das galerias.

Em relação ao lixo, o urbanista comenta que, embora a população também tenha sua responsabilidade, cabe ao poder público prestar esse serviço. “Em São Paulo, há inúmeros lixões clandestinos”.

(Envolverde/Aprendiz)


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