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dtaVenezuela - Esquerda Diário - [Humberto Zavala] Nesta terça-feira completou-se o terceiro ano daquele 19 de abril de 2013 em que Nicolás Maduro assumiu a presidência, sendo que neste ano de 2016 a direita nacional colocou em seu calendário reacionário “tirar do governo” o chavismo.


O balanço deste triênio fecha com uma profunda crise política, crise econômica e um quadro social sem precedentes. Nestes marcos é que a direita pró-imperialista relança seu plano destituinte que vai desde o referendo revogatório, passando por proposta de emenda constitucional para encurtar o mandato, até a aberta política de pressionar para a renúncia de Maduro ao estilo do plano da “saída” de fevereiro e março de 2013, tudo sob uma demagogia cheia de mentiras e uma política profundamente reacionária.

Enquanto tudo isto acontece se desenrolam os ditames do imperialismo em toda a região, com uma ofensiva ingerencista que já denunciamos aquie que nos últimos dias não fez mais que endurecer-se. Desgraçadamente, as ações (e omissões) tomadas pelo governo, partidos governistas e sua burocracia sindical, fortaleceram as iniciativas da direita e do imperialismo enquanto aceleram sua própria crise, com o agravante de que arrastam consigo um povo que continua suportando todo o peso da crise econômica, deixando-lhe à mercê da reação.

O imperialismo pressiona, a direita apressa o passo

Ainda quando viemos denunciando as ações ingerencistas do imperialismo norte-americano e seus aliados locais, insistiremos o quanto for necessário no caráter sumamente reacionário destas ações desta direita local na região sulamericana, como se vê no primeiro trimestre de governo de Macri com seus ataques sistemáticos à classe trabalhadora argentina, e – mais recentemente – no caráter profundamente reacionário do golpismo no Brasil, que responde principalmente à intenção de desmontar qualquer sinal das conquistas sociais e a aprofundar sua entrega ao imperialismo.

Na Venezuela a ofensiva imperialista se fez sentir nos recentes editoriais do The Washington Post clamando abertamente por uma intervenção política sobre a Venezuela ou nas declarações do Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, exortando diretamente a direita nacional a “pressionar por uma (aplicação da Cartilha Democrática da OEA), sempre é uma boa ideia” (!).

Por sua vez, o Ministro de Assuntos Exteriores da Espanha, a velha raposa franquista García-Margallo (do PP espanhol), que quando falava de “ajuda humanitária” disse que desejava para o país “exatamente o mesmo que durante muito tempo desejamos para a Espanha, ou seja, uma anistia para os presos políticos”, nem mais nem menos que uma “auto-anistia” para estender a impunidade entre os políticos e militares de direita.

Com as “ajudas” imperialistas, o perfil reacionário da direita venezuelana vem se expressando desde a ala “dura” conformada por políticos direitistas, partidos como COPEI, junto com ex-militares de oposição aposentados (que teriam encabeçado ações contra o governo no passado), exigindo à Assembleia Nacional que se investigue a procedência do presidente Maduro, a quem exigem a renúncia imediata pelo fato de possuir nacionalidade colombiana, argumento destituinte que lembra o nacionalismo de direita.

Em meio à crise, Maduro chega à metade de seu período em plena decadência

A direita crioula e subserviente sempre ansiou por dar golpes de Estado no chavismo, já o fez durante o fatídico golpe de abril de 2002 que foi derrotado pelo movimento de massas, a paralisação de sabotagem econômica no final de 2002 e começo de 2003 que levou o povo a situações angustiantes de acesso a alimentos básicos sem conseguir seus objetivos de levar à quebra o governo.

Depois destas duas grandes derrotas que a reação vinha arrastando e que lhes minaram as bases populares, em meados de 2004 buscaram o referendo revogatório, um mecanismo existente na Constituição nacional de 1999 que ao cumprir a metade do mandato de um presidente, por “iniciativa popular”, se pode revogar um mandato presidencial. Igualmente ali esta direita foi derrotada, pois não havia “iniciativa popular”, havia um plano dos poderes econômicos e políticos da direita e do imperialismo.

Mas o papel de dique de contenção que Chávez colocou à demonstração de força do povo nas ruas naquelas agitadas jornadas, foi dando ares a esta direita pró-imperialista, mostrando-lhe o caminho para sua recuperação depois das consecutivas derrotas pelo movimento de massas. Dizemos taxativamente pelo movimento de massas, porque se tudo ficasse nas mãos do chavismo, a direita teria avançado tranquilamente.

Mas depois Chávez foi favorecido pelo vento que soprava com a subida internacional dos preços do petróleo e colocando em marcha os planos de redistribuição limitada da renda petroleira.

A realidade de hoje é muito diferente. Ao ter se completado a metade do mandato de Maduro, ele acumula duas grandes derrotas das quais o chavismo em seu conjunto ainda não se recuperou; a primeira é no plano econômico ao não ter podido fazer frente a uma crise que já começava a se expressar no fim do governo anterior, e que se prolonga e aprofunda até hoje. As outrora conquistas sociais do governo de Chávez foram gradualmente desmontadas pelo atual governo com seu modo particular de “fazer frente à crise”, deixando-a correr e fazendo-a cair sobre o povo trabalhador.

A segunda derrota aconteceu no plano eleitoral a partir do resultado nos comícios parlamentários de dezembro passado, quando a direita recorreu a uma demagogia sem precedentes, alcançando o controle do Poder Legislativo, e a início da ofensiva destituinte da oposição via emenda constitucional, referendo revogatório ou a exigência da renúncia.

Quando o próprio governo facilita os planos reacionários

O povo trabalhador segue sofrendo cada dia mais, enquanto a direita utiliza estes padecimentos como capital político para fazer demagogia contra o governo e desde esta perspectiva, as últimas medidas econômicas de Maduro ao negar-se a questionar as razões de fundo da crise, não faz mais que aprofundar os padecimentos dos trabalhadores, fazendo por sua vez rentável o discurso direitista e sua investida destituinte.

O governo de Maduro em seu balanço se justifica culpando por todo o descalabro econômico “a guerra econômica, a sabotagem imperialista, ameaça de intervenção estrangeira, golpe de Estado, ameaça de magnicídio contra mim” como disse o mandatário, como se não estivesse à frente do Estado e do governo.

O certo é que o governo em todo este tempo não moveu um dedo para enfraquecer o poder de manobra política da burguesia e do imperialismo, nem de sua representação política, senão que pelo contrário facilita seus planos reacionários. Os planos econômicos colocados em marcha pelo governo, por exemplo, desde o início deste ano em nome de um suposto “desenvolvimento nacional” tão somente aprofundou a dependência do imperialismo, das transnacionais, e a subordinação à burguesia nacional, cedendo-lhes importantes concessões. Como correlato deste modus operandi do governo frente à crise, se aprofundam –como já dissemos – os padecimentos do povo trabalhador, e sua própria decadência como governo.

A estas alturas, a MUD condescendente com o ingerencismo imperialista, o que se revela é seu reacionário carácter antinacional. Não pode ocultar seus laços de dependência política com aqueles, nem pode ocultar suas intenções de endurecer os planos de ajuste contra o povo que já estão sendo feitos com o chavismo no governo.

O que hoje se revela com maior claridade, é precisamente que só os trabalhadores emergindo politicamente com nossas próprias forças e desde nossas próprias organizações poderemos dar uma saída progressiva à crise que Governo e Oposição descarregam sobre nossas vidas.


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