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240416 kkeGrécia - Resistir - [Dimitris Koutsoumpas] As discussões dos executivos do FMI, as quais foram publicadas no sítio do WikiLeaks, destacam as agudas contradições entre por um lado o FMI e secções do capital estado-unidense e por outro lado a UE, particularmente partes do capital alemão.


Estas contradições são manifestadas quanto ao programa grego e às dificuldades relativas ao término da actual avaliação.

É ingénuo pensar que a publicação destas discussões, neste momento, bem como o que se seguiu, como a reunião Merkel-Lagarde, tem a ver só com o processo da negociação do governo e a atitude de tecnocratas como Thomsen e Velculescu.

As causas são muito mais profundas e estão relacionadas com a administração da dívida como um todo e não apenas a da Grécia, assim como o rumo da própria eurozona.

Por exemplo: os EUA e, por extensão, o FMI, propuseram o término da avaliação como requisito prévio para um "haircut" da dívida grega, o qual será suportado principalmente pela Alemanha.

A Alemanha reage a este perspectiva e levanta o término da avaliação como um instrumento de pressão para a aceleração das reformas, mesmo mantendo aberta a possibilidade de o país sair da eurozona.

Portanto, o surgimento deste confronto através de publicações nos media não é nem aleatória nem sem precedentes. Recordamos o conflito EUA-Alemanha depois das revelações do agente Snowden da NSA, respeitantes às escutas de responsáveis europeus por agências dos EUA com o envolvimento da WikiLeaks.

Além disso, finalmente, mais generalizadas do que nunca, há muitos cenários conflituosos acerca do futuro da UE, sempre combinado com o futuro da eurozona, com a Grã-Bretanha, França e Alemanha como os actores chave deste conflito.

Tudo isto acontece com o pano de fundo de preocupações quanto à economia global, porque em 2015 o crescimento capitalista global desacelerou, enquanto 2016 principia com mensagens perigosas. A ameaça de novos maus tempos sincronizados na economia capitalista global lança ainda mais "combustível para a fogueira" nos antagonismos entre grandes grupos de negócios, os respectivos estados e alianças internacionais, as quais actuam como gangs de ladrões. Suas alianças, acima de tudo, voltam-se contra o povo, enquanto são mantidas por tanto tempo – e em tantos campos – quanto a coerência dos seus interesses.

Em relação ao governo, é óbvio que ele ergue as discussões do pessoal do FMI a fim de repetir a conhecida e testada chantagem de que "ainda pode ser pior" – para a aceleração da avaliação e o novo pacote de medidas, a fim de embelezar o memorando assinado com a UE. O interessante é que enquanto o governo SYRIZA-ANEL durante todo o período anterior investiu no papel do FMI e dos EUA, agora parece estar mais próximo das posições da UE e da Alemanha. Naturalmente, esta mudança do papel do "bom e do mau" não pode ocultar o facto de que tanto o FMI como a UE têm como objectivo comum a implementação de medidas anti-povo e o fortalecimento da lucratividade dos seus grupos monopolistas, a expensas do povo grego.

O governo SYRIZA-ANEL, o qual foi eleito tendo como palavra-de-ordem o cancelamento dos memorandos, chega hoje, 15 meses depois, ao ponto não só de implementar as políticas anteriores da Nova Democracia e do PASOK como também de assinar mais uma, bem como fazendo sua "bandeira" a aplicação literal do memorando como um "acto de desafio" às exigências do FMI!

Deste modo, ele tenta ultrapassar as dificuldades existentes para completar a avaliação – dificuldades que também se relacionam com as diferentes opiniões dentro do Quarteto – mas também para ultrapassar a mobilização contrária do povo e a oposição às novas medidas, à tributação, aos planos para a segurança social, etc. Os decisores políticos burgueses, tanto na Grécia como lá fora, preferem o "término" da "avaliação" pelo governo SYRIZA-ANEL, mas também estão a preparar-se para outras possíveis eventualidades políticas. Enquanto (ao mesmo tempo) os outros partidos da oposição e especialmente a Nova Democracia levanta a questão da mudança governamental, ou através de eleições ou com base no actual parlamento.

Tudo isto deve ser conhecido do povo grego, o qual não deve assistir passivamente a estes desenvolvimentos, não deve ficar preso entre "Scila e Caribde", não deve ficar fascinado pelos jogos de media por parte do governo e outros partidos – mas sim, mais significativamente, a fim de ficar em posição, o movimento dos trabalhadores deve colocar o seu selo sobre os acontecimentos, guiado pelos seus próprios interesses e não pelo enganoso "objectivo nacional" da recuperação, o qual é de qualquer modo incerto, sobretudo porque este objectivo será baseado nas ruínas dos direitos dos povos.

Acima de tudo, o povo deve estar em posição de organizar e dirigir o seu combate para a afirmação dos seus direitos, para a construção de uma nova grande Aliança Popular, a qual terá como alvo este mesmo sistema apodrecido e os seus grupos monopolistas.

Especialmente pessoas que reconhece a militância do KKE, a sua estabilidade e coerência na luta pelos interesses do povo, já está a reflectir profundamente. Elas podem e devem dar hoje o passo e apoiar activamente as propostas políticas do KKE para a saída da crise, para um novo tipo de organização social, a qual abolirá as relações bárbaras de exploração, organizará e dirigirá a produção, a economia, os serviços sociais, as relações com outros países destinadas a beneficiar a prosperidade do povo, as necessidades populares e a salvaguarda do trabalho permanente e estável para todos.

Quanto mais esta proposta ganhar terreno, melhor estaremos em posição de atrasar e impedir as medidas anti-povo, de exigir a melhoria da nossa vida, de alcançar objectivos. Há experiência suficiente. Mas o povo ainda não percebeu e recuperou o seu verdadeiro poder. Isto é o poder que ele deve e pode testar agora. O governo não deve ter a ilusão de que se apresentar a proposta de lei ao parlamento durante os feriados da Páscoa – junto com a crucificação e o epitáfio – o povo não estará nas ruas.
10/Abril/2016

[*] Secretário-geral do KKE


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