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250316 ueUnião Europeia - Esquerda Diário - [Josefina Martínez] O acordo entre a União Europeia (UE) e a Turquia foi questionado por numerosas vozes a nível internacional por ser um pacto xenofóbico, racista e discriminatório contra os refugiados. Uma “solução” pela direita à maior crise migratória na Europa desde a segunda guerra mundial.


O acordo entre a União Europeia (UE) e a Turquia foi questionado por numerosas vozes a nível internacional por ser um pacto xenofóbico, racista e discriminatório contra os refugiados. Uma “solução” pela direita à maior crise migratória na Europa desde a segunda guerra mundial.

No entanto, há algo que passou um pouco despercebido nos debates nestes dias: o papel que o governo do Syriza cumpre neste acordo. O governo da Grécia defendeu o acordo da UE com a Turquia e ambos países vinham preparando em comum o pacto em reuniões prévias. Agora Tsipras pede ajuda à UE para que se cumpra e se ponha em marcha “o quanto antes”.

No 8 de março passado, Tispras se reuniu com o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, na cidade turca de Esmirna. Neste encontro ambos mandatários atualizaram um tratado de readmissão de imigrantes e refugiados, um compromisso que assentou as bases para o acordo da UE com a Turquia que se concretizou finalmente no dia 19 de março.

"A implementação do acordo bilateral de readmissão permite enviar uma mensagem àqueles refugiados ou migrantes que não vêm de um país em guerra que desafortunadamente não têm maneira de chegar à Europa; é preciso enviar-lhes esta mensagem", disse Tsipras naquela ocasião, acompanhado por Davutoglu. Uma mensagem que não se diferencia em nada das palavras que nestes dias se escutou vindas de outros líderes da UE que advertiram os refugiados, como Donald Tusk: “Não venha à Europa”.

Nos próximos dias chegarão à Grécia 1.500 oficiais da polícia europeia, dezenas de experts em fronteiras da UE e membros observadores das forças de segurança da Turquia, para monitorar em comum o começo das deportações.

O governo grego tentará transladar mais de 12.000 refugiados que estão presos no campo de Idomeni na fronteira norte para centros de acolhimento em todo o país. Tsipras se comprometeu com a UE a construir 15 novos centros para registrar todos os que cheguem a suas costas e devolver para a Turquia os que não peçam refúgio na Grécia. Estes funcionarão como “hotspots”, pontos quentes para o registro de refugiados que serão devolvidos para a Turquia.

Na segunda-feira, 21 de março, dois dias depois da implementação do acordo, Tsipras exigiu ajuda para iniciar rapidamente a expulsão dos refugiados.

"Desgraçadamente, ontem (segunda-feira) houve um grande número de chegadas, umas 1.500. Se não se produzir uma redução do fluxo, não seremos capazes de evacuar as ilhas para que se possa aplicar o acordo de forma integral", disse Tsipras segundo o jornal grego ‘ekathimerini’.

Tsipras se reuniu com o Comissário Europeu de Migração, Dimitris Avramopoulos, e solicitou que a Europa pressione a Turquia para que impeça que sigam chegando refugiados às ilhas gregas, ou seja, que cumpra seu papel de “guardiã” das costas do mar Egeu para fechar a rota aos refugiados.

O papel chave do governo de Syriza no acordo migratório representa outra grande capitulação do Syriza, que transformou seu governo no braço executor da política xenofóbica da UE. Deste modo aceitou dois “princípios” reacionários da União Europeia: a austeridade imposta pela Troika contra os trabalhadores e a xenofobia contra os imigrantes e refugiados. Seu papel de “garantidor” da política migratória da UE marca um novo fracasso do reformismo europeu, que não foi capaz de oferecer uma saída diferente frente aos setores mais conservadores.

Alguns dirão que o governo grego “não teve alternativa”, que já não podia receber mais refugiados nos marcos das políticas de austeridade que são impostas pela UE. Digamos que, em primeiro lugar, não tinha porque aceitar estas políticas da Troika. Mas o governo grego não só se transformou em aplicador do pacto, mas também em seu defensor. Não teve nem uma palavra para denunciar o racismo e a xenofobia da União Europeia, nem para questionar o repressivo regime turco que está massacrando o povo curdo, fechando jornais e perseguindo opositores. Em seu encontro com o primeiro-ministro turco, Alexis Tsipras se mostrou sorridente, trocou flores e chamou a confiar que se tratava de um bom acordo para os refugiados. Lamentável.


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