Publicidade
Publicidade
first
  
last
 
 
start
stop
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (0 Votos)

170210_gzxpal.jpg

 DL - Falamos com Xoán Gabeiras e Maria Paz, dinamizador e dinamizadora da solidariedade galega com a Palestina.


Numha cafetaria do centro da Corunha, a poucos metros da histórica associaçom cultural O Facho,  combinamos com o Xoán Gabeiras e a Maria Paz, co-fundador e co-fundadora da Galiza por Palestina, associaçom referencial na Galiza da solidariedade com o povo palestiniano. 

O Gabeiras tem umha voz rouca, fala com soltura e singeleza, mas com profundidade. A Maria é directa, gosta de ir directa ao assunto e, ao falar da Palestina, nota-se que lhe ferve o sangue. Este homem e esta mulher levam já anos a dinamizar a solidariedade activa com o povo palestiniano. Sem papas na língua, saíndo à rua, dando palestras. Vê-se nos seus olhos a clareza de quem está a defender umha causa justa, se calhar das mais justas que há hoje na face da Terra. Nas suas rugas, o cansaço de quem já se fartou de tanta mesquindade, de tanta crueldade, de tanta injustiça.

Porém, amb@s emanam a ternura inerente d@s verdadeir@s internacionalistas, como bem definira o comandante Guevara. D@s internacionalistas que nom se rendem, como nom se rende o heróico povo da Palestina.

Diário Liberdade - Como e quando nasceu a solidariedade galega organizada com a Palestina?

X. Gabeiras - Galiza por Palestina nasce por volta do 2003. Porém, houvo anteriores tentativas que nom acabárom por calhar. Havia umha associaçom nos anos oitenta que se chamava AGAP, Associaçom Galega de Amizade com a Palestina, mas nom se consolidou. Depois, tentamo-lo quando foi a carnificina de Yenin, mas o pessoal nom foi receptivo porque coincidiu com o Prestige. Ao ano seguinte, uns meses antes da morte de Arafat, voltamos a tentá-lo e aí sim calhou a iniciativa. Coincidiu com umha das cíclicas matanças de Israel na Palestina, polo Natal. Quando a Europa está de férias, o sionismo mata. Tenhem bem calculado: quando a Europa vai de troula, aí aproveitam para liquidar com contundência.

Num princípio fijo-se umha junta grande. Todavia, a gente activa na Galiza é pouca e, aliás, está em todo. Entom, o problema é juntar um mínimo de pessoal para levar ao cabo umha actividade permanente.

Por outro lado, as condiçons da Galiza por Palestina som especiais. Nom somos umha ONG, nom cobramos, nom pagamos ordenados, nom dependemos de nengum poder político, nom determinamos a política do povo palestiniano... entom é pouco atractiva para muita gente. Havia malta que se achegava a nós e perguntava “quando é que vamos à Palestina? Como nos subsidiam para irmos à Palestina?” Quer dizer, estavam dispostos a falarem com pacifistas israelitas. Os pacifistas israelitas som israelitas, isto é, sionistas, ou seja, ocupantes. Se o povo palestiniano quer negociar com eles, avante. Nós nom reconhecemos nem o direito de Israel à resistência, nem a legitimidade do sionismo.       

DL - Cada vez que há algumha crise no conflito entre a Palestina e o imperialismo sionista, a vossa entidade sai à cena para convocar eventos e mobilizaçons, mas que outras actividades realizades quando a situaçom é mais 'calma'?

M. Paz - Exposiçons, palestras, reunions com palestinianos e palestinianas, arranjamos projectos, especialmente para mulheres e crianças, também para a sanidade, que ultimamente está muito complicado, temos contacto com personalidades árabes, passamos filmes nos centros de ensino... som actividades que visam formar gente nova, espalhar a realidade palestiniana, porque a maioria desconhece que Israel é um Estado que está a ocupar um país. Pensam que som dous países que se estám a matar entre eles e há umha ignoráncia muito grande, especialmente na juventude, do conflito palestiniano. E, infelizmente, pessoas mais velhas, simplesmente, nom mostram interesse.

X. Gabeiras - Ultimamente, o problema da solidariedade com o povo palestiniano é a falta de referente político na Palestina. A Galiza por Palestina, tal como a sua “mae ideológica” que eram os COSAL, trabalha para povos, nom para partidos, entom sempre tende à uniom nacional. Por exemplo, a oposiçom à ditadura no Salvador, a Farabundo Marti, aí estávamos todos e todas, na Palestina, a OLP, aí estava a Galiza por Palestina. Porém, a OLP hoje está inoperante. Leva muitos anos sem congressos, o Conselho Nacional Palestino nom se reúne há mais de dez ou quinze anos e, o mais grave, dous terços dos seus membros estám inabilitados por defunçom, por idade, por terem sido assassinados e nom renovados. Daquela, ou estám presos, ou estám mortos, ou estám inabilitados porque fisicamente já som muito velhos. Esses organismos nacionais nunca fôrom renovados. Desde a época do programa de Oslo e da Autoridade Nacional Palestina.

Essa armadilha de Oslo, tirou o poder à OLP para o dar a umha entidade dependente dos israelitas, que é a Autoridade Nacional Palestina. Todo isto é apoiado por ocidente, polos governos reaccionários árabes na sua grande maioria. O resultado foi um bloqueio da resistência ou o nascimento de umha resistência alheia à OLP.

Se nós procuramos a unidade nacional e queremos trabalhar para o povo unido da Palestina, qual é o nosso referente? Nom temos referente, trabalhamos para o povo. Na época em que nom há umha crise política de denúncia de actividades dos israelitas e dos seus cúmplices no governo do Estado espanhol, ou nos EUA, ou na UE, ou na Junta, ou nas universidades galegas, nós o que fazemos tentar soster no possível o povo combatente palestiniano, quer dizer, a resistência palestiniana. E isso traduz-se em melhorar as condiçons de vida dos palestinianos e palestinianas resistentes que som o conjunto do povo palestiniano. Fazemos o que podemos e, desgraçadamente, podemos fazer muito pouco. Nom somos umha ONG.        

170210_gzxpal2.jpgDL - Mudou algo para o povo palestiniano com a chegada de Barak Obama à Casa Branca?

X. Gabeiras - Obama é um bluff. Um imperialista feroz que tem a virtude de dar umha imagem menos bruta que Bush. Mas qualquer pessoa no mundo árabe, em todo o mundo árabe, sabe perfectamente a sua actividade. E também o sabem na América Latina, sabem-no em África. O AFRICON, a implementaçom de novas bases na Colômbia, a política de bloqueio desde Cairo à Palestina, a luita feroz por dar cabo da resistência iraquiana e afegá e noutros países árabes... quer dizer, Obama é um imperialista de marca maior. Do pior. Como era o senhor Kennedy. Depois de um ano de presidência, já há umha consciência clara da actuaçom de Obama. Aliás, creio que quem dirige a sua política é Hillary Clinton, que é umha íntima amiga de Israel. Prova disto é que se reactiva a IV frota, se bloqueia Gaza, continua Guantánamo, continua a intervençom no Iraque, ou seja, que mudou Obama?

DL - Como avaliades o papel da Uniom Europeia e do Estado espanhol?

X. Gabeiras - A UE é 63% do comércio a Israel. A UE o que está a fazer é subsidiar Israel. O Estado espanhol, que se di neutral e pacifista, tem programas de armamento conjuntos com Israel, entre eles, o que se vai montar na Corunha na fábrica de armas, o famoso míssil spike. Todo o programa de Santa Bárbara de armamento é da casa Rafael israelita. E isso fai-no Zapatero. Os novos tanques para o Afeganistám tenhem torres de disparo israelita. Há umha série de formas de pagar a Israel, de sustentar o Estado de Israel e, portanto, a ocupaçom da Palestina, que é comprar-lhes produtos, convidar às universidades os seus intelectuais, trazer grupos como Mayumana ou Noa. De facto, Noa vem regularmente aqui, à Galiza, a Vigo, à Corunha. Venhem de pacifistas, mas som personagens que apoiam a ocupaçom. Ao ir a estes actos, apoiados directamente por instituiçons de que som co-presidentes ministros espanhóis como Moratinos, ou polas universidades, fundaçons, cámaras municipais... subsidia-se Israel. Aliás, o comércio palestiniano produzido polo povo palestiniano na Cisjordánia é roubado por Israel, e chega à Galiza como se fosse israelita. A Europa é a grande fonte de financiamento de Israel. E a outra é EUA, naturalmente. EUA no papel mais militar, se se quer, e UE no papel mais civil. No entanto, nom há Israel se nom há imperialismo europeu e ianque.

O Estado espanhol é o actor secundário Bob da Uniom Europeia. Zapatero obedece o que dixer a Alemanha.    

D.L.- Nos últimos tempos parecem retomar-se tentativas de diálogo enquanto Israel continua com ataques militares em Gaza. Qual achades vós que é a saída para a situaçom de opressom que sofre o povo palestiniano?

Do ponto de vista da Galiza por Palestina, o que tenhem de fazer os israelitas é voltarem para a sua casa. E a sua casa é a Europa ou a América. Isso, com certeza, vai criar umha série de conflitos, portanto, eu hoje, a curto prazo, nom lhe vejo soluçom. A única soluçom seria a derrota militar de Israel. E isso é muito difícil.

DL - Achades que iniciativas como a recente constituiçom do Tribunal Russell para a Palestina podem substituir a falta de iniciativa dos estados ditos democráticos?

X. Gabeiras - Substituir nom. O que fai o Tribunal Russell é tirar as cores aos governos ocidentais, que supostamente som defensores dos direitos humanos. O Tribunal Russell o que vai publicar é um informe que vai reflectir que estes senhores e os seus cúmplices europeus e norte-americanos, e espanhóis, e socialistas, e do PP, e de CiU estám a apoiar criminais de guerra, violaçons diárias de direitos humanos, violaçons mesmo de resoluçons da ONU, que já de por si som patéticas e pró-israelitas.

O Tribunal Russell tem um efeito de conscientizaçom sobre um grupo reduzido de pessoas que tem acesso aos seus ditames, mas tem escassa repercussom. E, claro, nom vai mudar nada.

DL - Os meios de comunicaçom do sistema costumam pintar Israel de Estado democrático e o povo palestiniano de integrista e terrorista. Que mensagem queres mandar às pessoas que estám a ler esta entrevista?

X. Gabeiras - Fundamentalmente que o povo Palestiniano é como nós. Som gente que tem a sua terra ocupada, militar ou economicamente, que tem mais de 50% da populaçom em campos de refugiados, e que por cima se lhe exige que se comportem como se fosse umha sociedade de suecos abastados, com um governo “civilizado”, com eleiçons regulares, com um sistema de protecçom social incrível. Se os espanhóis fossem submetidos a essa ocupaçom, o primeiro que iam fazer é todas as barbaridades palestinianas multiplicadas por mil, e o povo galego igual, e o basco e o catalám. E nessa situaçom nom há povo que agüente. E o povo Palestiniano leva mais de 80 anos com esta história. Porque isto começou já em 1918.

M. Paz - Israel nom pode ser um Estado democrático quando se alicerça numha confissom religiosa: a eles deu-lhes a terra Deus e entom é deles. Israel humilha, maltrata, assassina e fai todas as barbaridades que se podem fazer contra um povo que ainda por cima é o dono real da terra. Nom se pode ser um povo democrático quando o seu guia é: quantos mais palestinianos e palestinianas matarmos, mais fortes somos. Permite o assassínio de nenos e nenas sem nengum problema para além de que cada soldado que mata umha criança fica em liberdade dous anos depois. Dá igual que o assassinato seja gravado ou o que for. Os soldados sabem que tenhem impunidade absoluta. É um Estado que utiliza todo o tipo de armas legais ou proibidas contra um povo desarmado.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

first
  
last
 
 
start
stop

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.