A falta de uma alimentação adequada, aliada à ausência de produtos alimentares aprisionados em celeiros devido ao consumo e venda descontrolada de excedentes, é descrita como sendo a principal causa da crescente taxa de subnutrição, que apoquenta, sobretudo, a população infantil daquele distrito.
Problemas de kwashiorkor, marasmo e outras doenças resultantes de má nutrição apoquentam, neste momento, centenas de crianças no distrito fronteiriço de Manica. Neste momento, segundo a fonte, pelo menos 32 crianças com problemas de má nutrição estão a ser reabilitadas naquela unidade sanitária.
Para atender a esta situação, o Governo local, com o apoio de uma organização não-governamental denominada Aliança Internacional para a Saúde (HAI), acaba de erguer um Centro de Reabilitação Nutricional que se pretende venha a ser o local para onde deverão ser encaminhadas as crianças com problemas nutricionais.
Para além da reabilitação nutricional, o centro do Hospital Rural de Manica vai dedicar-se igualmente ao atendimento directo das crianças malnutridas e dedicar-se-á à educação nutricional, como forma de contribuir para a melhoria dos hábitos alimentares das populações.
Chico Joaquim não revelou o montante investido para a edificação do centro, mas afirmou que o mesmo vai contribuir para a redução da taxa de malnutrição que aflige o distrito, o qual, paradoxalmente, produz o suficiente para o consumo e comercialização, estando a enfrentar o problema da falta de controlo dos excedentes, que acabam sendo vendidos.
Devido à ganância pelo dinheiro, muitos camponeses em Manica acabam vendendo tudo o que produzem logo depois das colheitas, permanecendo no intervalo entre as campanhas numa situação de insegurança alimentar.
TAXA DE LETALIDADE AINDA É MUITO ALTA
Na província de Manica mais de 156 crianças de um total de 1091 que deram entrada nas unidades sanitárias a nível provincial perderam a vida no ano passado vítimas de malnutrição. O facto foi revelado há dias pelo director provincial de Saúde, Juvenaldo Amós. Explicou que aqueles óbitos correspondem a uma taxa de letalidade de 14,2 porcento, portanto, muito acima da média aceitável, que se situa na ordem de 10 porcento.
No ano anterior foram internadas 1047 crianças, tendo, destas, perdido a vida 119, o correspondente a uma taxa de letalidade de 11,3 porcento. A chegada tardia às unidades sanitárias e a existência de doenças associadas estiveram na origem dos óbitos.
Durante o período em análise, de acordo com Juvenaldo Amós, a taxa de nati-mortalidade geral manteve-se estável, uma vez que, de acordo com as suas palavras, ao longo dos dois anos a percentagem média de óbitos situou-se na ordem de 2,2 porcento. O melhoramento constante na prestação de serviços de Saúde bem como a divulgação de mensagens de Saúde nas comunidades justificaram esta estabilidade, conforme considerou a fonte.
No entanto, de um modo global, Amós referiu que durante o ano passado o estado de saúde da população da província registou ligeiras melhorias, tendo em análise a tendência das doenças de notificação obrigatória e os indicadores nutricionais.
Os óbitos por HIV/SIDA reduziram em 19 porcento, ao passar de 733 casos em 2009 para 592 em 2010. Esta redução deve-se à distribuição da cesta básica, melhor despiste e tratamento da tuberculose e malária em doentes da SIDA.