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instaBrasil - Laboratório Filosófico - [Rafael Silva] Cidadãos, nas democracias modernas, são indivíduos cujos interesses são representados não por eles mesmos, mas por representantes democraticamente eleitos que, não é difícil observar, sem cerimônia preterem os interesses dos seus representados em função dos seus próprios. Não é exatamente isso que experimentam os cidadãos paulistas que elegeram Alckmin e o PSDB, para também terem uma educação de qualidade para seus filhos, mas que, no andar da carroça representativa, estão prestes a receber a “reorganização escolar” que, na verdade, é o pretexto para o fechamento de quase cem escolas?


Foto do Diário Liberdade

Com efeito, a representatividade política da atual democracia torna os cidadãos demasiados impotentes sempre que seus interesses não são levados a cabo pelos seus representantes. Resta reclamar inocuamente até a próxima eleição, na esperança de que os próximos representantes façam o que os atuais não estão fazendo. Em relação à contraditória reorganização das escolas paulistas, os cidadãos (pais e mães dos estudantes) gostando ou não da reforma tentada por Alckmin, pouco podem contra ela, a não ser sofrê-la até que um dia, representados por outro político ou partido, possam ter o que desejam para si e para seus filhos.

Entretanto, ligeiramente externos a esse esquema democrático-representativo estão justamente os jovens estudantes que, por não serem eleitores, não são propriamente cidadãos, e por isso não precisam se submeter a esse sórdido esquema representativo, pelo menos não como seus pais-e-mães-cidadãos-oficiais. Uma vez que não elegeram representantes alguns, os estudantes não têm por que esperar deles que representem os seus interesses.

Então, sem se valerem da tal representatividade democrática com a qual estamos habituados, e através da qual somos facilmente preteridos, os alunos-pré-cidadãos ocuparam duzentas escolas paulistas na representação direta de seus interesses. A cidadania não-plena deles talvez os tenha mantido virtuosamente alienados da crença cega nessa fábula chamada representatividade política que mais pretere que prefere os cidadãos propriamente ditos.

Essa ação de ocupação dos estudantes paulistas, no sentido de seus interesses não serem postergados, remonta à democracia direta dos antigos gregos, na qual cada cidadão “ocupava” a representação dos seus próprios interesses diante dos demais cidadãos. Para os criadores da democracia, um cidadão colocar outro para representar seus interesses era um absurdo, uma burrice até. Então, todos os assuntos que dissessem respeito à vida dos cidadãos eram debatidos e deliberados diretamente por eles. Esse era o modo mais seguro de não serem mal representados.

E, sob a pressão da ocupação das escolas paulistas, direta e presencialmente atuada pelos estudantes, Alckmin teve de ceder e suspender, ainda que temporariamente, a tal reorganização que os alunos não queriam. Agora, se estes mesmos alunos tivessem agido conforme seus pais e mães, isto é, acreditado desde o princípio que somente através dos seus representantes políticos poderiam barrar a reorganização escolar alckminiana, o projeto peessedebista teria seguido incólume. Porém, felizmente e subversivamente, os alunos mandaram um “beijinho-no-ombro” para a falácia da representatividade política e protagonizaram diretamente a defesa dos seus interesses.


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