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220216 ptrBrasil - Esquerda Diário - [Leandro Lanfredi] Em uma completa reviravolta do discurso de anos atrás quando Lula e Dilma vestiam o macacão laranja dos petroleiros e diziam que o Brasil tinha um “passaporte para o futuro” e que precisava trilhar um caminho “soberano”, o que vemos agora é uma ofensiva de entrega dos recursos nacionais e ataque à gigante Petrobras.


Imperialismo à espreita

A operação Lava Jato e antes dela diversos escândalos envolvendo as forças da inteligência americana todas apontavam a um interesse imperialista em nosso petróleo. A província do pré-sal é uma das maiores do mundo.

Algumas evidências deste interesse já tínhamos visto nos “cabos diplomáticos” revelados por Snowden (os famosos “wikileaks”) que mostravam como a embaixada americana se preocupava com o aumento da participação estatal brasileira no pré-sal. Anos depois novo escândalo, o da espionagem, mostrou com o NSA americano gravava os e-mails e ligações de milhões de brasileiros, mas sobretudo da Petrobras. Agora na Lava Jato, sabe-se que o juiz Moro que já advogou para a Shell não toca nenhuma empresa na área de plataformas, mesmo com farta documentação para investigar. Quer deixar Haliburton, Schlumberg, entre outras, livres para operar as plataformas da Shell quando elas abocanharem nosso petróleo.

No mesmo dia que diversos jornais publicavam um acordo de Dilma com Renan e Serra para aprovar o PLS 131 que entrega parte do pré-sal ao imperialismo, a Shell estampou grandes matérias na Folha de São Paulo e no Globo declarando como está pronta para fazer grandes “investimentos” no Brasil, que só aguarda a legislação mudar. Um mês antes todas empresas estrangeiras comemoraram o decreto 8637/16 de Dilma que diminui as exigências de quantos recursos “feitos no Brasil” elas precisam usar para poder extrair petróleo e gás aqui.

Privatizar rápido e tudo ou muito porém aos poucos (ou o debate PSDB X PT)

Os tucanos sempre quiseram acabar com a Petrobrás. FHC esforçou-se para privatizá-la. Não conseguiu plenamente seu objetivo, mas acabou o monopólio da empresa e seu capital foi aberto. Hoje o governo ainda tem a maioria das ações, mas boa parte dos lucros vai para os acionistas privados aqui e em Nova Iorque.

Não só isto, muitos dos campos de petróleo são parcerias da Petrobras com outras empresas. O mega-campo de Libra no Pré-sal é só 40% Petrobras.

Ter 60% de participação não basta as empresas estrangeiras por isto buscam maneiras de aumentar sua participação. Serra, que aparecia no escândalo Wikileaks como um defensor dos interesses americanos no petróleo, fez um projeto de lei, o PLS 131, para retirar a obrigatoriedade da Petrobras operar os campos do pré-sal e retirar a obrigatoriedade que ela tenha no mínimo 30%, escancarando o caminho para as estrangeiras.
O petismo criticou fortemente este projeto ano passado, porém este ano Dilma já sinalizou que apoiará algum acordo com Renan para implementar o mesmo, talvez com alguma emenda como dar a opção a Petrobrás escolher, mas sem caixa escolherá o que? Trata-se de entregar imensos recursos que poderiam servir ao povo brasileiro para a Shell e outras.

Com gritos de oposição petista ou não tudo indica que este projeto será aprovado nos próximos dias e junto dele estará em tramitação o PLS 555 de outro tucano, que prevê transformar todas estatais do país, de qualquer âmbito de governo, em empresas S/A, tal como a Petrobras, tornando-as presas da bolsa de valores e iniciar mais privatizações.

É possível que o governo Dilma ou ao menos a bancada do PT se oponha pelo menos ao PLS555. Esta oposição ilustra a divergência entre tucanos e petistas. Uma divergência que não é mais de “privatizar ou não”, mas de como e em qual ritmo.

Enquanto tucanos preveem a entrega rápida e completa dos recursos, os petistas preveem sucatear a Petrobras. Repetir na gigante estatal o que fizeram na Infraero, mantendo a empresa existindo mas lhe arrancando preciosos ativos.

Na Petrobras, o governo Dilma prevê um “desinvestimento” de mais de 14 bilhões de dólares este ano, e cerca de 50 bilhões em três anos. Este total é mais do que um terço de toda a empresa. A mídia diariamente especula quais seriam os ativos a vender.

As governistas CUT e seu braço petroleiro, a Federação Única dos Petroleiros, se declaram em seus sites contra o PLS de Serra e o PLS555 mas não movem uma pena na base contra estes projetos. Também dizem se opor aos desinvestimentos. Mas nada fazem. Mesmo a opositora Frente Nacional dos Petroleiros (FNP) não tem organizado ações contra estes profundos ataques em gestação. É preciso urgentemente de um plano de luta, discutido em assembleias, coordenando unidades e diferentes locais do país, contra todas as ameaças ao petróleo nacional e a Petrobras, tanto os PLS 131, o PLS 555 como os desinvestimentos de Dilma. É preciso construir uma grande luta nacional muito superior à greve do ano passado para derrotar as diferentes privatizações planejadas.

Em meio à luta defensiva contra a privatização é importante os petroleiros e trabalhadores de todo país avançarem em outros questionamentos também: em mãos petistas ou tucanas o petróleo nacional e a Petrobras estão sendo entregues ao imperialismo. A corrupção se dará em mãos da Shell, dos tucanos ou dos petistas é intrínseca ao capitalismo e especialmente a empresas especializadas em rapinar os recursos de outros países.

A única forma de impedir esta sangria de recursos, os acidentes que tiram vidas e expõe imensos riscos ambientais, é lutar por uma Petrobrás 100% estatal controlada pelos trabalhadores.


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