"Um dos problemas que me inquietaram profundamente na prisão foi a falsa imagem que eu tinha, sem que a quisesse ter projectado; consideravam-me um santo", escreveu Mandela no livro que foi citado, domingo, pelo diário sul-africano Sunday Times. "Nunca o fui, mesmo se o referirmos na definição mais terra a terra, segundo a qual um santo é um pecador que tenta emendar-se."
Detido durante 27 anos por lutar contra o regime de apartheid na África do Sul, Mandela, actualmente com 92 anos, é um símbolo da luta contra a discriminação racial naquele país. Foi libertado em 1990 e depois eleito para a presidência da África do Sul. Exerceu apenas um mandato, até 1999, e retirou-se depois da actividade política. Desde 2004 aparece muito poucas vezes em público.
No livro poderão ler-se, por exemplo, as cartas que escreveu às filhas Zeni e Zindi quando estas tinham nove e dez anos e tanto o pai como a mãe estavam na prisão. "Agora não vão ter festas de Natal ou de anos, nem presentes ou vestidos novos, nem brinquedos", escreveu. "Podem viver algum tempo como órfãs."