Para quem acompanhou de perto e com espírito critico o percurso de Otelo nestas décadas pós 25 de Abril de 1974, com envolvimento político activo e comum, assim como na participação no nefando processo judicial de perseguição política (o chamado caso FUP/FP-25) e que assistiu à construção das histórias e aos delírios de Otelo — só pode aceitar que, hoje, como em grande parte do passado, o valor das suas declarações (particularmente as que envolvem as suas responsabilidades) valem zero.
Há muitos anos, para muita gente de esquerda, Otelo é um caso perdido.
O que se passa com Otelo é em quase tudo muito semelhante ao que acontece com alguns outros ex-dirigentes da esquerda revolucionária que já desistiram dos seus sonhos e que, na ânsia de serem bem aceites pelas classes dominantes burguesas, tudo têm feito (inclusivé renegando princípios de décadas). E que, para além de outras coisas piores, têm procurado reconstruir a história política destes anos com alguns pormenores delirantes e de acordo com as suas mitomanias. Com eles, não vale a pena perder tempo em relação ao futuro.