Presidente de Angola José Eduardo dos Santos esteve na China recentemente, em busca de novos créditos e investimentos. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil (CC BY 3.0 BR)
Essas operações não têm acontecido somente em países relacionados diretamente com a Rota da Seda, como o Paquistão, onde serão investidos US$ 90 bilhões. Na América Latina e, especificamente, no Brasil, os investimentos têm sido bilionários.
A mesma política tem se estendido a vários países africanos. Recentemente, o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, esteve na China, pela primeira vez em sete anos, em busca de novos créditos e investimentos. A economia do país entrou em grave crise após os Estados Unidos terem reduzido as importações de petróleo por causa da exploração do xisto. O mesmo aconteceu com a Nigéria, a Venezuela e a própria Arábia Saudita.
A monarquia saudita empreendeu uma verdadeira operação de guerra comercial, que levou à queda dos preços do barril de US$ 110 para US$ 50, com o objetivo de inviabilizar a produção a partir do xisto e, ao mesmo tempo, enfraquecer o Irã e a Rússia. Ao mesmo tempo, diversificou o destino das exportações e transformou a China no maior destino. Essas transações comerciais têm sido realizadas em moedas locais, o Reminbi (iuan) e em Ryadh, o que mostra o grau da crise, já que a Arábia Saudita é a ponta produtiva dos chamados “petrodólares” em cima dos quais o imperialismo norte-americano impõe a ditadura do dólar em escala mundial.
A procura desesperada pela “tábua de salvação” chinesa
Angola adotou um forte ajuste fiscal quando o preço do petróleo despencou, de US$ 110 para US$ 50 o preço do barril. Os investimentos em infraestrutura foram reduzidos e a expansão dos serviços públicos foi congelada. Ao mesmo tempo, a cooperação com a Rússia, em assuntos relacionados com segurança interna, também aumentou.
Agora o governo negocia uma linha de crédito por US$ 2 bilhões com o Banco de Desenvolvimento Chinês. Em contrapartida, Angola aumentará as concessões de petróleo e gás às empresas chinesas, mas mantendo o equilíbrio com as empresas imperialistas. Os custos envolvidos em águas profundas têm levado a priorizar as concessões on-shore, no lugar das concessões em águas profundas, onde se encontra localizado o grosso das reservas. O objetivo de passar de uma produção diária de 1,8 milhões de barris para 2 milhões parece cada vez mais distante.
O país se encontra na órbita de influência do Brasil, da África do Sul, da China e dos Estados Unidos. Devido à perda do poder do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) brasileiro e da crise nos outros países, Luanda tem aumentado a procura por créditos chineses.
Angola é o segundo maior fornecedor de petróleo da China, somente atrás da Arábia Saudita. As empreiteiras chinesas têm crescido muito além da Odebrecht e outras empreiteiras brasileiras em Angola. Nos últimos anos, eles passaram a assumir grandes projetos de infraestrutura, envolvendo aeroportos, portos, estradas e ferrovias, assim como a construção de casas populares.