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060316 libLíbia - Avante! - [Carlos Lopes Pereira] As potências ocidentais estão a levar a cabo acções armadas «secretas» na Líbia, agravando ainda mais a caótica situação política e militar naquele país norte-africano.


O actual caos líbio foi desencadeado em 2011 pela agressão militar da NATO contra um dos estados então mais desenvolvidos da África, agressão que provocou a queda do regime, o assassinato do seu líder, Muammar Kadhafi, milhares de mortos e feridos, a destruição de infra-estruturas, divisões fratricidas, a guerra civil que perdura, o surgimento de bandos armados que espalham o terror e a insegurança na região e, como a Europa bem sabe, a emergência de vagas de refugiados.

Agora, os governos dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Itália surgem outra vez envolvidos na preparação de uma intervenção bélica na Líbia, a pretexto de combater o denominado Estado Islâmico (EI).

Em finais de Janeiro, o presidente Barack Obama ordenou à sua «equipa de segurança nacional» a adopção de medidas para conter a expansão do EI na Líbia. Calcula-se que, nos últimos meses, muitos jihadistas, derrotados na Síria pelas tropas governamentais apoiadas pela força aérea da Rússia, se tenham refugiado na Líbia. Ali, o grupo controla a cidade de Sirte, 450 quilómetros a Leste de Trípoli, e uma faixa costeira mediterrânica, ameaçando zonas petrolíferas exploradas por companhias ocidentais e seus aliados locais.

A 19 de Fevereiro, a força aérea norte-americana bombardeou instalações dos jihadistas perto de Sabrata, a 70 quilómetros da capital, matando mais de 40 membros do EI, a maior parte deles tunisinos implicados nos recentes ataques terroristas em Tunes. O Wall Street Journal escreveu, citando um responsável estado-unidense, que o governo de Roma permitiu que aviões dos EUA utilizassem uma base militar italiana para essa missão.

A ministra italiana da Defesa, Roberta Pinotti, desmentiu a autorização mas confirmou que a Itália está «a trabalhar com os seus aliados na luta contra o terrorismo». E, numa entrevista ao Corriere Della Sera, considerou «inevitável» uma intervenção militar internacional na Líbia «até à próxima Primavera».

Também o Le Monde informou que forças especiais francesas lançaram operações secretas contra os jihadistas em território líbio, em coordenação com os EUA e a Grã-Bretanha. Aquilo a que o jornal parisiense chama «a guerra secreta de França na Líbia» inclui raides aéreos, preparados secretamente no terreno, contra líderes do grupo extremista.

Há outros testemunhos recentes na imprensa mundial sobre esta «guerra secreta» na Líbia.

Mattia Toaldo, investigador do Conselho Europeu de Relações Internacionais, afirma que «no plano informal» a intervenção militar «já está em curso». Citado pela revista Jeune Afrique, esta semana, explica: «As forças da OTAN efectuam desde há muito voos de reconhecimento. Em Novembro de 2015, o iraquiano Abou Nabil, chefe do EI na Líbia, foi morto por um ataque americano. Em Dezembro, os membros dum comando americano foram obrigados a deixar a Líbia, depois de uma fotografia sua ter sido publicada no Facebook. Outras forças especiais, italianas, francesas e britânicas estariam no terreno. Este tipo de intervenção não declarada é mais prático porque evita ter de passar pelo exame dos parlamentos e das opiniões públicas».

Em busca da unidade

No plano político, a confusão na Líbia é grande e tanto a União Africana como as Nações Unidas procuram encontrar uma solução que permita ao povo líbio reencontrar os caminhos da paz, da unidade nacional e da independência.

Há dois parlamentos rivais: a Câmara dos Representantes, instalada em Tobrouk, no Leste, reconhecida pelas potências ocidentais; e o Congresso Geral Nacional, com sede em Trípoli, cidade controlada por uma coligação de milícias dominada pelos islamistas moderados da Fajr Libya (Aurora Líbia). Foi também criado recentemente, em Marrocos, sob a égide da ONU, um Conselho Presidencial, visando um governo único, mas como escrevia há dias o jornal espanhol El País, o organismo reúne-se em Marrocos ou na Tunísia e tem tão pouca autoridade que nenhum dos seus nove membros pode pôr os pés na Líbia...

A boa notícia é que Martin Kobler, enviado das Nações Unidas e chefe da Manul, a missão da ONU na Líbia, avistou-se na semana passada com o representante da União Africana para aquele país, o ex-presidente tanzaniano Jakaya Kikwete. As duas organizações vão continuar a empenhar-se para encontrar uma solução pacífica para a Líbia, que tem de passar pelo fim das ingerências externas.


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