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maduro artigo criseVenezuela - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Logo em seguida a nova Assembleia Nacional dominada, de maneira esmagadora, pela direita unificada na MUD (Mesa de Unidad Democrática), ter assumido no dia 6 de janeiro de 2016, o presidente Nicolás Maduro anunciou um novo gabinete ministerial.


Foto: Maduro. Por Prensa Presidencial.

Aristóbulo Istúriz foi nomeado como Vice-presidente Executivo. Aristóbulo militou no Partido Ação Democrática, foi prefeito de Caracas na primeira metade da década de 1990, era muito próximo a Hugo Chávez e renunciou à liderança do PSUV (Partido Unificado da Venezuela) após a derrota do chavismo nas eleições legislativas do dia 6 de dezembro.

Luis Salas foi nomeado como Vicepresidente Econômico. Salas é um professor da UCV (Universidade Central de Venezuela) que tem levantado que “monetizar o déficit não causa inflação” e que “os controles de preços nos mercados é um falso problema”. Junto com Salas, na equipe econômica, aparecem outros elementos da ala esquerda do chavismo, como Tony Boza e Alfredo Serrano, atuais assessores de Maduro.

Ricardo Menéndez, que é da ala esquerda do chavismo, foi ratificado como vice ministro e ministro de Planejamento.

Eulogio Del Pino foi ratificado no Ministério de Petróleo e Mineria. Ele tem se pronunciado a favor do aumento dos investimentos em PDVSA e de honrar o pagamento da dívida externa da empresa em 2016 e 2017, mediante a busca pela renegociação dos vencimentos para 2018 e 2019. O problema será concretizar essa operação com os preços do barril venezuelano abaixo de US$ 30.

Maduro como árbitro das alas direita e esquerda do chavismo

Como balanço contra a ala esquerda do chavismo e ponte com a direita foi nomeado à frente do Ministério da Banca e das Finanças um elemento da ala direita do chavismo, o economista Rodolfo Medina. Medina é ligado ao ex ministro José Alejandro Rojas, o atual representante do governo venezuelano no FMI (Fundo Monetário Internacional). A proposta principal do Ministério da Banca e das Finanças é de migrar das taxas oficiais de cambio de 6,3 e 13,5 bolívares por dólar para 25, para os setores considerados como prioritários (alimentos, saúde e higiene pessoal), que contemplam 70% do total das divisas, e 200 para os setores não prioritários.

Miguel Pérez Abad, ex presidente da Fedeindústria, e Jesús Farías, ex deputado, foram nomeados como ministros da Indústria e Comercio, e do Comercio Exterior e Investimento Internacional. Farías era o vicepresidente da Comissão de Finanças e Desenvolvimento Econômico da Assembleia Nacional anterior, até o final do ano passado. Ele tem se manifestado publicamente a favor da unificação das taxas de câmbio. O problema será como aplicar essa política impedindo que o país entre na hiperinflação.

Hoje, a taxa de câmbio oficial, sem o fornecimento de divisas oficiais, é de quase 200 bolívares por dólar e a do mercado paralelo supera os 800 bolívares. O setor público passou a receber 70% das divisas a 6,3 bolívares (até 2013, recebia 30%) enquanto as empresas privadas recebem 30%. A corrupção corre solta. O descontentamento da população não é só com o desabastecimento, mas com o burocratismo, a paralisia e os privilégios do chavismo.

Elementos do chavismo próximos ao segundo homem do chavismo, Diosdado Cabello, o ex líder da Assembleia Nacional, ficaram de fora do novo gabinete, como aconteceu com os ex generais Giuseppe Yoffreda e José David Cabello (irmão de Diosdado), que perderam as pastas do Transporte Aéreo e Marítimo, e do Ministério do Comercio e de Indústria.

A crise do conjunto do regime político

A posição do governo chavista é dramática. A economia está caminhando para ficar fora de controle. A inflação é calculada em mais de 160% ao ano, apesar de não existirem dados oficiais. O salário mínimo, que é o que recebe 60% da população, caiu para algo em torno aos US$ 25 mensais no mercado paralelo, motivo pelo qual a população é obrigada a recorrer ao “bachaqueo”, ou o jeitinho venezuelano de ganhar algo por fora.

O governo e também a oposição têm se posicionado de maneira muito cautelosa em relação a uma grande desvalorização e ao corte dos subsídios, inclusive da gasolina. Hoje, na Venezuela, com US$ 1 (um único dólar norte-americano), cotizado no mercado paralelo, é possível comprar 850 litros de gasolina ou 100 bilhetes do Metrô da cidade de Caracas.

A situação da direita também é dramática. A fórmula de aplicar um ajuste a partir de um empréstimo bilionário do FMI implicaria em controlar as massas que aplicaram o voto castigo contra o chavismo e que não deram um cheque em branco à direita. A direita venceu o chavismo em vários dos distritos que eram considerados como blindados. Mas medidas contra o povo poderão colocar em movimento os Coletivos, que estão armados, contra a direita e também contra a ala direita do chavismo. Manifestações neste sentido já têm acontecido por vários desses Coletivos, principalmente em Caracas.

O chavismo é apertado pelo imperialismo para aplicar políticas de ajuste. Mas o avanço nesse sentido pode levar à implosão do chavismo.

A política do setor dominante da MUD, liderada por Hugo Capriles, do Partido Justiça, é muito cautelosa e, claramente, busca um acordo com a ala direita do chavismo.

A perspectiva do governo chavista para o próximo período parece mais orientada à observação, ou à espera por um milagre, de que à adoção de uma saída real para a crise, que passa pela mobilização real das massas contra a direita e a própria ala direita do chavismo. A perspectiva é a implosão do chavismo sobre a pressão da crise e das massas. A direita também tende a se dividir e a entrar em confronto com as massas conforme for avançando na direção do ajuste. Para o próximo período, está colocado o acirramento da luta de classes e a perda das ilusões das massas no chavismo, a partir da radicalização de setores dos movimentos sociais e do movimento sindical.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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