Mais de dois anos depois do surto de febre hemorrágica ter começado, em Guiné, as redes de transmissão do vírus foram interrompidas e a Libéria e Serra Leoa vão pelo mesmo caminho, segundo a OMS.
A notícia foi recebida com alegria e esperança nesses três países, os mais afetados pela doença, que só ali contagiou 29 mil pessoas e provocou a morte de 11.300.
Este vírus foi detectado pela primeira vez em 1976 na África Central e seu nome se deve à sua descoberta em uma aldeia da República Democrática do Congo situada perto do rio Ébola.
Trata-se de uma doença grave, frequentemente mortal, que provoca febres elevadas, dores musculares, de cabeça e garganta, disfunção renal e hepática e hemorragias internas e externas.
O mais recente surto que começou em Guiné no final de 2013 é o pior registrado até agora, com uma taxa de mortalidade entre 50 e 90%.
A epidemia não teve repercussões negativas só na saúde, mas também alterou a vida econômica e social do povo e afetou todos os setores, entre eles a educação, o comércio, o turismo e o transporte.
Em momentos em que muitos temiam que o vírus acabasse vencendo a humanidade, a OMS e a ONU lançaram um chamado a todos os países a comprometer seus esforços no combate ao ebola.
Durante uma reunião realizada em setembro de 2014 em Genebra, Cuba foi o primeiro país a dar uma reposta à emergência, com o anúncio do envio a Serra Leoa de 165 colaboradores.
O contingente estava integrado por 62 médicos e 103 enfermeiros com mais de 15 anos de experiência profissional e que já tinham trabalhado em países abalados por desastres naturais e de saúde.
"Para uma nação tão pequena, a quantidade de médicos e enfermeiras que estão enviando e a rapidez com que responderam, é realmente maravilhoso", disse naquela ocasião à Prensa Latina a diretora geral da OMS, Margaret Chan.
A servidora pública agradeceu a generosidade do governo e dos profissionais cubanos e destacou que se tratava da maior resposta recebida até esse momento por um Estado no combate à emergência.
Ainda que sejam necessários todo tipo de esforço em todo o mundo, desde laboratórios móveis até salas de isolamento, o primeiro são os recursos humanos.
"O mais importante são as pessoas; pessoas que sentem compaixão, médicos e enfermeiras que saibam como reconfortar os pacientes e também saibam como se manter a si mesmos a salvo", disse Chan.
Ao todo, Cuba enviou à África 256 colaboradores do contingente Henry Reeve que conseguiram salvar centenas de vidas e trabalharam não só na atenção direta aos pacientes, mas também na prevenção.
Para ajudar a combater o problema, as autoridades cubanas expressaram, inclusive, a disposição dos especialistas da ilha a trabalhar cotovelo a cotovelo com pessoal médico dos Estados Unidos, um país com o qual estavam interrompidas as relações diplomáticas há mais de meio século .
"Eu sabia que Cuba não nos deixaria sozinhos. Vocês são fiéis à sua estirpe, à suas raízes africanas, isso é o que Fidel lhes ensinou", disse o presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma.
O altruísmo dos médicos cubanos não é um fato isolado, mas faz parte da solidariedade mantida pela Revolução para o continente africano quase desde o triunfo de 1959.
Em 1963, a maior das Antilhas enviou a primeira brigada à Argélia e no último meio século mais de 76.700 colaboradores em saúde cooperaram com 39 países africanos.
A ajuda não se limita ao campo da saúde, mas abarca também outras esferas como educação, esportes, cultura e as ciências.
Menção aparte merece a valiosa contribuição internacionalista de Cuba à libertação de Angola, à independência da Namíbia e ao fim do vergonhoso regime de apartheid na África do Sul.
Recentemente, cumpriram-se 40 anos da proclamação da independência angolana, ocasião na qual vários líderes políticos desse país destacaram o apoio solidário da Revolução cubana que permitiu mudar o mapa político no sul da África.
O fato foi lembrado também durante o VI Período de sessões da Assembleia Nacional do Poder Popular, realizado em dezembro, onde o presidente cubano Raúl Castro reiterou que seu país continuará cumprindo seus compromissos de cooperação com as nações africanas.