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Jones Manoel

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Palavras Insurgentes

Crônicas de uma novela repetida: a volta do Messias e a "guinada à esquerda" do Governo

Jones Manoel - Publicado: Terça, 15 Dezembro 2015 17:00

Com Eduardo Cunha como cavaleiro do impeachment a iniciativa tinha poucas possibilidades de prosperar. Com Michel Temer, ao contrário, é produzida uma leve inflexão na cena política: Temer e sua ala do PMDB têm peso social e político para talvez conseguir levar o impeachment para frente. Com medo desse "fogo amigo", o Governo do PT vaza na imprensa que o partido pretende realizar uma "correção de rumos", uma "guinada à esquerda" caso sobreviva ao impedimento. Os monopólios de mídia repercutem amplamente a notícia e a esquerda governista e proto-governista encontrar seu Bezerro de Ouro e espera a vinda do Messias, digo, da "guinada à esquerda". Mas essa novela é repetida e seu final já é conhecido.


Desde que chegou ao Governo o PT produz um governo mais conservador, privatizante e antipopular que o outro. Segundo mandato de Lula foi mais conservador que o primeiro, o primeiro de Dilma mais conservador que o segundo de Lula, o segundo de Dilma mais conservador que o seu primeiro. O PT esquece na base social - movimentos, sindicatos, universidades, etc. – e no Governo a prática e a ideologia de esquerda, mas, em momentos de aperto, como em eleições ou ameaça de impeachment, estilo 2005, tende o discurso à esquerda, tira velhas bandeiras do armário, pintasse de vermelho, grita todo poder aos sovietes e ameaça com o demônio da esquina escura: o neoliberalismo do PSDB! Por uma série de motivos, infelizmente, sempre temos uma leva de pessoas politicamente equivocadas e algumas desonestas para acreditarem na mítica “guinada à esquerda".

O padrão das promessas é o mais interessante. O Governo já anunciou que aumentará novamente os juros, pretende destruir a previdência rural, continuará com os cortes orçamentários que têm como principal afetado a educação e a saúde (quantas pessoas não morreram por causa desses cortes?), apoia a lei antiterrorismo, nomeia um reacionário para o ministério da saúde, paralisa a reforma agrária, privatiza 29 usinas e prepara um grande pacote de privatizações para 2016. Tudo isso são fatos concretos, objetivos, que indicam como será o governo em 2016, mas a "nova" promessa da "guinada à esquerda" não diz quais serão as mudanças, quais são as propostas, que bandeiras serão tiradas do armário. É tudo abstrato. É tudo propositalmente confuso.

Assim como um cristão espera a vinda do Messias e sua espera não é racional, mas baseada na crença, o governista nega com persistência toda e qualquer realidade. Ele espera a "guinada à esquerda", ignora o real, reforça o mito do monstro na floresta chamado "volta da direita ao poder"; justifica as medidas de direita do governo de direita contra a volta da direita. Nosso governista, diferente do cristão, não confessa seus pecados, não faz autocrítica e espera ansioso o próximo ato contra o "golpe" e pela democracia enquanto o Governo Federal decide qual o próximo direito histórico irá atacar. Como materialista acredito que é mais racional esperar a volta do Messias do que a “guinada à esquerda”.

Para finalizar, as palavras de Mauro Iasi[1]:

"Algo estranho ocorre por aqui. Primeiro, trata-se de fazer reformas possíveis no lugar da revolução necessária. Para tanto, um pacto social que leva o governo, que deveria ser reformista de esquerda, para um perfil de centro-esquerda – ou nos termos de André Singer, de um reformismo de alta intensidade apoiado na classe trabalhadora para um reformismo de baixa intensidade apoiado nas camadas mais pobres. Em seguida trata-se de tomar medidas de um governo de centro-direita para enfrentar a crise do capital com massivas doses de apoio ao capital por parte do Estado para garantir a manutenção de um crescimento com emprego e geração de renda. E agora uma clara composição de direita apoiada nos grandes bancos, nos setores monopolistas, nas empreiteiras, no agronegócio, numa situação parlamentar ainda mais conservadora que empurrará qualquer governo eleito para posição ainda mais conservadoras para realizar os “ajustes necessários” para enfrentar a crise que já se apresenta no horizonte."

Nota:

[1] O sexto turno: http://blogdaboitempo.com.br/2014/10/15/o-sexto-turno/.


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