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365506068 42f0814b5d zBrasil - Diário Liberdade - [Jean Alves] Nascido em uma colônia qualquer em uma noite fria como todas as outras dentro da senzala, filho da eternidade e guerreiro instintivo. A dor de sua mãe exprimida no quarto e no parto, tornou-se a fonte do brilho contagiante de sua alma. Veio para o mundo para fertilizar a resistência do povo que sentiu e sente a dor da natureza, a dor do mundo.


Foto de Edgardo Balduccio (CC by-nc-nd/2.0/)

A história e o tempo passaram e Daren viu o que não queria ver. O povo preto foi perdendo sua terra, seus quereres, seus desejos, sua liberdade, sua vida conquista por meio dos quilombos, refúgios da escravidão. Cada vez mais ligados ao homem branco, perderam sua identidade e autonomia, orfãos perdidos sem sua mãe e sua casa, condicionados a indiferença ao seu próprio povo. Mesmo pós-escravidão continuam a servir e a morrer pelo patrão branco, invisíveis nos guetos e nas favelas. Daren viu como o tempo se tornou um peso para os escravagistas declarados, como também vu que a escravidão nunca acabara de fato. Só está embaixo dos tapetes da casa-grande ou dos apartamentos, escondendo-se pela lei de igualdade de direitos e pela redefinição de escravidão/submissão para trabalho, uma palavra bem mais aceitável socialmente. De geração em geração sinhozinho/sinhazinha quando crescem (futuros ruralistas, empresários, etc) evitam e apagam a história que continua marcada na pele do povo periférico. Querendo não se sentir culpados e envergonhados pelo que fizeram afirmam hoje insistentemente que não são racista e que vivemos em uma democracia racial. Que devemos e podemos batalhar pelo sucesso, ou que devemos pedir para um de nossos opressores (estado no caso) que mude sua postura em relação a nós. Mas ao ter seus privilégios incomodados, dizem que políticas públicas pela reparação ao povo preto e o debate sobre como as raças são diferentemente tratadas, invertem dizendo que são exemplos de discriminação racial. Querem ocultar para que, por exemplo, não existam cotas que dificultam o acesso grátis do filho boy.(sinhozinho/sinhazinha)

Esses ciclos infinitos e inafetivos da política democrática, foram feitos justamente para que o branco alivie sua consciência e amenize seu sentimento de culpa. Pois agora estamos em uma democracia pensam eles, nada mais acorrenta ou impede o povo negro, todxs são iguais perante a lei. É como se fossemos um animal de estimação que supre certa necessidade emocional da família, que a faz sentir-se melhor. Ou seja, não deixamos de servir a necessidade da classe dominante, que nunca irá se satisfazer.

Mesmo em meio ao concreto frio, cinza e morto, as flores brotam. Brotam pra tomar de volta o espaço que era seu. A cultura negra é a flor que busca seu espaço em meio ao cinza genocida. Os galhos podem apodrecer diante do mercado, mas suas raízes jamais. A voz, a escrita, o canto, a poesia, ultrapassa o tempo e o espaço, sementes prontas para germinar. A indústria cultural não nos esvaziará, Daren brilhará todas as noites por nós.


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