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110714 filgueiraGaliza - A Gentalha do Pichel - O anúncio do próximo homenageado nas Letras Galegas de 2015 (Figueira Valverde) está a provocar umha compreensível contestaçom em grande parte dos meios culturais galegos.


Para quem trabalha por umha cultura que sofreu tanta perseguiçom e desprestígio no Franquismo, é difícil de assumir que o único dia em que os jornais abrem com capas em galego seja dedicado a branquear a memória daquele regime. À margem da consideraçom que nos mereçam açons mais ou menos graves da sua biografia política, nem sempre fáceis de contextualizar, é notório que Filgueira Valverde foi um dos homens do regime na Galiza, desde o princípio até os últimos dias do mesmo.

Porém, o que à primeira vista poderia parecer apenas umha provocaçom ao movimento normalizador, que havia anos que reclamava a homenagem para a sua antítese política e cultural, Carvalho Calero, ou umha servil claudicaçom ao governo popular depois das tímidas críticas lançadas dias atrás, deve ser analisado nos seus justos termos. A decisom errada nom foi que a Academia escolhesse um franquista para celebrar as Letras (a sua teórica funçom é homenagear à margem de consideraçons extraliterárias) senom as razons polas quais a mesma imparcialidade que exibe agora para recordar o ponte-vedrês, sejam sistematicamente preteridas no momento de lembrar o ferrolano.

Filgueira Valverde era tam bom candidato para ser homeanageado num dia que celebra as nossas letras como qualquer outro cultivador da escrita em galego. O facto de ter colaborado ativamente com o regime franquista nom o converte, nem a ele nem a outros que já foram homenageados, em menos eruditos, nem resta um ápice de qualidade aos seus textos literários. A RAG nom promove autores nem os descarta fundamentando-se nesse tipo de consideraçons. Escolheria o mais antifranquista no ano seguinte sem nengum problema; tem-no-lo demonstrado e continuará a fazê-lo. Porém, para os académicos da rua Tabernas, Filgueira nom era só um bom candidato, senom um dos melhores, um dos autores a que mais deve, nem mais nem menos que o responsável de que as normas ortográficas vigentes sejam as da Academia e nom as de Carvalho Calero. A escolha do ex-presidente da Cámara de Ponte Vedra tem mais a ver com isto, com o facto de que sobre ele descansa, mais do que sobre nengum outro autor galego, o programa cultural da atual Autonomia galega, a ideologia do galego moderno como língua independente do português subordinada ao espanhol, gerada, claro, no coraçom do Franquismo.

Desde há polo menos quatro anos som evidentes os equilíbrios da RAG para contornar a proposta de Carvalho Calero. Como suavizadores da afronta, eram escolhidos às vezes autores menores, mas simpáticos para o mundo normalizador. Desta vez optou-se por umha proposta de choque que inevitavelmente rememora o “Decreto Filgueira”, aquele que no ano 1982 derrogou as Normas Ortográficas de Carvalho por lusistas e impujo as atuais.

Este é o drama: o polígrafo ponte-vedrês era o melhor candidato para umha RAG que se recusa a acompanhar ou a fazer o mínimo aceno às novas tendências sociais que luitam por sair dos estreitos moldes que impujo ao galego um regime decadente e umha transiçom deficiente comandada no campo cultural por intelectuais como Ramom Pinheiro ou Filgueira Valverde. O drama nom é Filgueira nem os referentes que a RAG escolha no passado, senom o modelo que através deles pretende impor no futuro. O drama é a própria RAG, a instituiçom

mais anacrónica que chegou aos nossos dias, que parece querer arrastar consigo o galego no seu obsoletismo. Comecar a desobedecê-la seria um exercício de saúde democrática que só poderia favorecer um idioma que necessita voar mais alto!

Por um dia das letras popular para Carvalho Calero!


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