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leda regisBrasil - EPSJV - O uso de inseticidas químicos, inclusive o ‘fumacê’, no combate ao Aedes aegypti tem sido debatido (e questionado) por especialistas de diversas áreas envolvidos nas pesquisas sobre a epidemia de zika vírus. Esta entrevista com a entomologista Leda Régis, pesquisadora aposentada da Fiocruz Pernambuco, mostra que essa é uma discussão importante a despeito das relações que possa ou não guardar com os casos de microcefalia e outras mã formações.


Entrevista concedida a Maíra Mathias e Cátia Guimarães, em fevereiro de 2016.

Como ‘especialista em insetos’, ela garante que o uso dessas substâncias desenvolve resistência no mosquito e atinge todo o ambiente em que é utilizado, trazendo riscos também para os humanos. Segundo a pesquisadora, a estratégia de procurar larvas nos criadouros — que vem sendo adotada no Brasil, mobilizando até o Exército — é a “menos eficiente” para monitoramento e controle do Aedes. Para mostrar que existem alternativas bem-sucedidas ao alcance dos governos, ela cita experiências de países como a Alemanha e projetos brasileiros, como uma pesquisa coordenada por ela que, com uso de armadilhas e outra ações integradas, conseguiu eliminar 90% da população de mosquitos na cidade pernambucana de Santa Cruz do Capibaribe.

Já está devidamente comprovado que o vírus zika está sendo transmitido pelo mosquito Aedes aegypti no contexto brasileiro?


Essa questão foi levantada por Constância Ayres [vice-diretora de ensino da Fiocruz Pernambuco], que é entomologista. Inclusive há uma carta dela publicada recentemente no The Lancet sobre esse assunto. Eu li e concordo inteiramente com as questões que ela levantou. Ela não está dizendo que não seja o Aedes, está dizendo que temos outras espécies e que realmente não foram feitos estudos. A gente sabe muito pouco sobre esse vírus, porque embora ele tenha sido descrito já há algumas décadas, ficou durante muito tempo restrito à floresta zika, uma área pequena na África, com pequeno número de casos, e só muito recentemente escapou dali e começou a circular em áreas urbanas. Então, tem-se desde 2008, mas, sobretudo de 2014 para cá, uma multiplicação enorme de transmissão.

Dizia-se que o Aedes aegypti foi erradicado em 1955. É possível que essa afirmação seja um engano? Como se pode falar em erradicação de um mosquito tão robusto do ponto de vista biológico?


Devo dizer de início que não acho essa a discussão mais importante no momento atual. As circunstâncias exigem reunião de esforços para entender e, sobretudo, tomar decisões de controle. Mas não acho também que isso deva ser negligenciado. Não vejo, do ponto de vista científico, dados suficientes para garantir se foi ou não erradicado. O que se diz e que está escrito é que foi erradicado. A verdade é que temos nas últimas décadas uma expansão enorme de territórios ocupados, expansão das fronteiras – estou falando das fronteiras de ocupação de territórios – pelo Aedes aegytpti e Aedes albopictus [também vetor do vírus da dengue]. Inclusive em países onde não havia registro anterior de sua presença. A espécie vai se espalhando, conquistando, ocupando e se estabelecendo em novos territórios, inclusive em países onde nunca esteve presente. O albopictus está instalado em praticamente todo o sul da Europa. Deve haver vários fatores que determinam essa expansão do Aedes aegypti e do albopictus, entre eles, possivelmente, a elevação da temperatura talvez seja um dos fatores mais fortes. Não estou dizendo que seja o único, mas é um fator forte. O outro são as viagens, dado que se trata de uma espécie que tem ovos que resistem muito tempo e são facilmente transportados de um lugar a outro.

Trata-se de um mosquito resistente?


A estratégia de sobrevivência dessas espécies, Aedes aegypti, albopictus e outras, é baseada, sobretudo, no desenvolvimento de ovos extremamente resistentes a mudanças de ambiente, inclusive ambientes que não seriam favoráveis a outros tipos de ovos, como os do Culex [pernilongo comum], que têm que estar dentro da água. O aedes sobrevive em temperaturas baixas e fora da água também. Essa é uma das questões mais importantes para a sobrevivência da espécie. Eles conseguem sobreviver o tempo necessário para transpor períodos de estações de baixa temperatura e reaparecer na estação seguinte. Esse é o aspecto importante. E junto disso, a fêmea espalha seus ovos em toda parte. Isso é extremamente importante para entender a expansão e a dificuldade de controle dessa espécie. Essa fase de resistência do ciclo biológico do inseto, digamos, é a fase mais robusta: o ovo. É através dele que a espécie se espalha, conquistando novos territórios e sobrevivendo em condições adversas. A aplicação de inseticida não atinge os ovos. E é possivelmente através do ovo que uma reserva de vírus permanece em períodos de quiescência, que é quando não há transmissão num determinado lugar.

Faz sentido desenvolver uma estratégia para erradicar o mosquito?


Esqueçamos a possibilidade de erradicar populações do mosquito Aedes a essa altura, nas condições em que ele está instalado, em todos os lugares neste país e no mundo. Não há possibilidade. E muito menos com o uso do inseticida. O uso de produtos tóxicos não seletivos como inseticida continua sendo o maior equívoco da humanidade para lidar com insetos. Eu estou falando dos inseticidas de síntese, que são tóxicos para todas as espécies animais. Na minha opinião – e agora é a hora de ouvir a opinião de muitas pessoas, de grupos de pesquisadores que acumulam algumas décadas de estudo em controle de populações de Aedes no Brasil e no mundo – , a estratégia menos eficiente para monitorar esses mosquitos é justamente a de procurar larvas em seus criadouros. O foco nos criadouros não funciona exatamente por causa da facilidade que a fêmea tem de acesso à água em diferentes recipientes e pela maneira como ela espalha os seus ovos no ambiente. É impossível atingir uma população dessa espécie aplicando só larvicida. Essa é uma estratégia equivocada.

E qual é a alternativa?


A estratégia que se usa nos países onde há maiores equipes ou mais equipes trabalhando no controle de Culicídeos [nome científico da família de insetos que inclui os mosquitos], onde há uma tradição de conhecimento em entomologia, é atrair esses insetos em armadilhas. As armadilhas são instrumentos extremamente fáceis, baratos, que funcionam eficientemente. Essa á a única forma que se conhece de monitorar e que funciona também para controle se for usado com muita intensidade. Consegue eliminar os ovos, então destrói o mosquito antes que ele nasça. No norte da Austrália, onde há problemas de transmissão de dengue, e excelentes equipes de entomologia com conhecimento sólido, usam-se armadilhas. Também em Cingapura, na Itália, na França, na Suíça, o monitoramente é feito com armadilhas.

E como funcionam essas armadilhas?


As armadilhas são extremamente simples, mas requerem cuidadosa vigilância. Não podem ser colocadas e largadas, se não se tornam criadouros. As armadilhas têm que ser usadas com larvicida, mas larvicida biológico — apesar da demora, a gente tem que elogiar uma coisa: a Anvisa liberou a comercialização de larvicida à base de BTI, que está nos supermecados atualmente, e a população pode utilizar. Isso é feito na Suíça há muitos anos. Esse é, de longe, o melhor larvicida de que se dispõe para controle de Culicídeos. É usado há décadas em alguns países, mas há uma resistência no Brasil por causa da cultura do inseticida de síntese, possivelmente, por conta da pressão da indústria desses produtos.

Qual a diferença entre inseticida químico e biológico?


O que nós chamamos de larvicida químico devemos entender por moléculas tóxicas, em geral sintéticas, de síntese, que são tóxicos de uma maneira geral para todos os animais. Quando se aplica isso num ambiente do homem, você vai ter várias consequências indesejáveis porque não vai atingir só o inseto que se quer atingir. Vai ter repercussões negativas no ambiente inteiro. Quando nós falamos de larvicida biológico, é importante que fique muito claro que nós estamos nos referindo ao melhor larvicida que a ciência conseguiu encontrar e desenvolver até hoje. É um larvicida baseado numa bactéria, que se chama Bacillus Thuringiensis Israelensis (BTI), que produz um conjunto de proteínas que são transformadas em toxinas no intestino da larva de mosquito — e nem é de todos os mosquitos. Isso é o que nós chamamos de um larvicida seletivo, que não tem risco de causar resistência.

Ele também é menos tóxico para o homem?


Não é tóxico para o homem. Esse larvicida tem sido utilizado, inclusive no Brasil, num grande programa, no Rio Grande do Sul. É utilizado e tem mantido livre de mosquitos, inclusive uma espécie de aedes, o Vale do Reno, na Alemanha, pegando ainda, se não me engano, uma parte da Suíça e da França. É um enorme programa, o mais antigo programa que usa BTI como larvicida, produzido por uma equipe de zoólogos, que fazem um monitoramento cuidadosíssimo – nós sabemos como a Alemanha é cuidadosa com questões ambientais.  Ele é registrado há mais de 30 anos e, até agora, não há registro de impacto em outras populações animais. É de fato um larvicida seletivo, que atinge só o alvo, que são as larvas do mosquito.

Como um mosquito desenvolve resistência?

Quando se usa um produto numa população de mosquito, a maioria vai ser morta, mas não todos. Alguns não morrem. Esses que não morrem são portadores de um gene que lhes confere uma resistência àquele produto. Eles não morrem com aquele produto porque têm um mecanismo fisiológico, ou vários mecanismos, de defesa contra aquele produto. Esses sobrevivem e transmitem para os seus descendentes esse gene que confere essa capacidade. Então, o número de indivíduos a cada geração que passa que continua sendo exposta a esse produto continua matando os que não têm esse gene da resistência e deixando sobreviver os que têm, chega um momento em que toda a população que sobrevive é resistente. Então, não adianta continuar usando aquele produto.

Como se explica esse mecanismo de defesa do mosquito, que lhe confere resistência?

Os insetos têm uma plasticidade genética fantástica. A questão é a seguinte: como esses produtos agem sobre um gene só, a formação de resistência é simples e rápida. No caso do larvicida biológico, à base de BTI, são quatro moléculas diferentes que agem em mecanismos diferentes. Por isso não há resistência, é extremamente improvável, porque o que não morre por uma molécula, morre pela outra.

Na nota técnica da Abrasco se fala inclusive do fundo que a Opas e OMS têm para compra desses inseticidas dos países. Além da própria indústria, a senhora acredita que esses organismos internacionais também fazem pressão?

[O uso desses inseticidas] tem um peso grande nas recomendações. Isso é certo. Mas não posso dizer nada sobre isso. A gente pode até supor, desconfiar. O que eu sei é que no Brasil, lamentavelmente, esse programa, que é extremamente caro, tem cometido o equívoco de buscar os criadouros e aplicar larvicida. Durante muitos anos, aplicaram larvicidas organofosforados em água de uso doméstico, toneladas por ano e grande parte da população nem sabe disso. Isso foi um enorme equívoco. As populações de Aedes, em todos os lugares desse país, obviamente se tornaram resistentes e, mesmo assim, continuaram utilizando esse produto.

Mesmo com provas de que os mosquitos se tornaram resistentes?

Quando estou te dizendo isso é porque existem várias publicações científicas constatando a resistência. O nosso grupo da Fiocruz Pernambuco, Departamento de Entomologia, inclusive, tem várias estudos mostrando a resistência. E há, sobretudo, um grupo de São Paulo, de Marília, que foi o primeiro que levantou essa questão do ponto de vista científico mesmo, de publicação. Inegavelmente, indubitavelmente, comprovadamente, inquestionavelmente as populações de Aedes se tornaram resistentes ao organofosforado, utilizado durante anos e anos e anos. E se continuou utilizando. E se investiu mais dinheiro ainda para estudar essa resistência, quando existem alternativas de excelente qualidade.

E por que a política nacional insiste no uso de larvicidas?

O controle continua sendo baseado no uso de larvicidas. E nem são os melhores larvicidas que se utilizam. As razões disso não sou eu que devo responder.

Isso inclui o uso do fumacê?

Esse é outro grande equívoco. Aí foram utilizados larvicidas organofosforados de diferentes níveis de risco e de periculosidade para a população humana e sem risco para a população de Aedes. A prova é que as populações de Aedes estão cada vez maiores e instaladas em toda a parte. Existem inúmeras publicações sobre isso. Desde 1960 sabe-se na comunidade científica e todo o mundo tem acesso a essas informações, que qualquer inseticida que seja utilizado vai levar à resistência, sobretudo os organofosforados. E sabe-se também que inseticida nas ruas para matar os adultos não tem efeito e impacto sobre nenhuma população. Vai matar alguns adultos que estejam voando naquela ocasião, naquela área, e pronto. Então não tem resultado, é danoso para a população humana e ajuda no desenvolvimento da resistência do mosquito. Tanto o larvicida como o adulticida reforçam o desenvolvimento de resistência. Os larvicidas foram finalmente substituídos por outros, mas todos levam ao desenvolvimento de resistência. Independente disso, face à estratégia de sobrevivência dessa espécie é extremamente difícil reduzir o tamanho de uma população de Aedes através do uso de larvicida a não ser em situações ambientalmente muito limpas em que se localize facilmente as fontes de água, a água armazenada. Isso pode até acontecer, mas não nas nossas condições. 

Por quê?

Fico sempre pensando em Recife. Recife é uma cidade campeã de mosquitos por causa das condições ambientais. Então, não é à toa que foi o último lugar do país a erradicar a filariose [doença parasitária]. É água por todo lado. Mas não só. Para que se consiga talvez causar algum impacto de redução de população de Aedes através do uso de larvicida, É preciso que seja um ambiente muito especialmente limpo. Isso não funciona pela dificuldade de atingir todos os locais onde as fêmeas depositam os ovos. Se você atinge 10%, 20%, 50% dos locais, isso não vai causar nenhuma redução na população. Porque a população tem uma estratégia baseada no crescimento rápido, extenso e se repõe rapidamente. Está cada dia mais claro — não para mim, mas para a produção científica dentro dessa área — que a forma mais eficaz de lidar com o Aedes é através do uso de armadilhas: atraí-los para um lugar onde aí, sim, se coloca larvicida. Mas larvicida biológico. Ao BTI não há registro de resistência mesmo em locais onde ele é utilizado há décadas.

A senhora participou de várias experiências do monitoramento e controle do mosquito com armadilhas. Como foi?

Essas armadilhas se usam para o Aedes desde a década de 1960, quando foram descritas pela primeira vez. Aqui em Pernambuco, fizemos adaptações dessa armadilha para melhor desempenho e segurança e utilizamos num município de 70 mil habitantes em Santa Cruz do Capibaribe, não apenas para monitoramento, mas também para controle. Utilizamos 7 mil armadilhas na cidade e chegamos, durante um ano, a eliminar mais de 7 milhões de ovos de Aedes, uma redução da população em 90%. Isso aconteceu entre 2008 e 2011. Há trabalhos sobre isso publicados e disponíveis.

A estratégia mudou depois de 2011 ou ainda se mantém?

A estrutura administrativa e política dos municípios é extremamente complexa. Muda o prefeito, mudam as pessoas... Foi um trabalho muito bonito. Foi assumido como da prefeitura, da secretaria de saúde. Toda a equipe trabalhou e conhecia muito bem o projeto. Utilizamos um método com tecnologia de informação, com análise espacial e produção mensal de mapa de distribuição, em que os agentes de saúde iam, discutiam e entendiam facilmente. Mas pesquisa é pesquisa: tem começo, meio e fim. Tem verba e período. Mudou-se toda a estrutura, secretaria de saúde, diretor. Alguns meses depois me mandaram email perguntando como faziam para voltar a utilizar armadilhas, eu fiquei realmente parada diante dessa pergunta. Infelizmente, isso se perdeu. Mas há muito estudo no mundo inteiro indicando que a melhor forma de lidar com Aedes é utilizando armadilhas.

Como funciona no dia a dia da vigilância? Os agentes monitoram essas armadilhas de quanto em quanto tempo?

Quando o projeto Quando o projeto terminou, eu tive que retirar todas as armadilhas, que eram da minha responsabilidade. Eu não poderia deixar, pois não sabia se haveria continuidade. Mas durante o projeto o trabalho entrou na rotina deles, da secretaria de saúde, tal como as ações do Programa Nacional. As ações do programa nacional continuaram sendo feitas porque se não as verbas seriam cortadas, a verba da dengue. Mas entrou na rotina deles sem muito peso operacional, com motivação e muito envolvimento.

O financiamento por meio de um Programa Nacional, do Ministério da Saúde, representa uma pressão no sentido de dificultar experiências como essa?

Recife desde 2002 decidiu não usar o organofosforado temephos como larvicida. Só BTI. A prefeitura precisa lutar, eles têm sempre dificuldade para conseguir que o Ministério da Saúde compre o BTI. Ultimamente ouvi que a prefeitura teria que comprar com seus próprios recursos o BTI para não usar o larvicida químico comprado pelo Ministério. Então, é um programa extremamente verticalizado, que não tem feito avaliações de resultados. O Brasil inteiro, 200 milhões de pessoas sabem que não há resultados desse programa. Não parece haver, para as pessoas, resultados visíveis do programa. E há uma resistência a mudar a metodologia. Acho uma ação importante envolver todos nesse trabalho, mas realmente me preocupa ver milhares de pessoas irem às ruas para procurar criadouros dentro das residências para aplicar larvicidas. Porque é pouco provável que achem a maioria deles. Porque em período de chuva novos criadouros se formam a cada dia.  Muito provavelmente, se estivessem orientando sobre como proteger as águas, se estivessem utilizando aspiradores para mosquito e raquetes elétricas — que, sim, matam com muita eficiência, as pessoas se defendem muito facilmente com uma delas na mão —, isso fosse bem mais simples. E, com certeza, produzisse resultados mais palpáveis porque, aí sim, você elimina adultos.

Nessa experiência em Santa Cruz, que reduziu 90% da população de mosquitos, associamos a eliminação física de ovos em armadilhas com o uso de larvicida biológico nesses instrumentos. Portanto, as larvas que viessem a eclodir dos ovos eram eliminadas com larvicida biológico. E fizemos aspiração nos pontos mais graves da cidade, com esses aspiradores de mosquito. São aspiradores simples, baratos, usados para aspirar qualquer mosquito.

O investimento no mosquito transgênico como forma de enfrentar essa epidemia causa muita polêmica entre os pesquisadores. Qual a sua opinião sobre isso?

Isso é uma coisa um pouquinho longa. Há várias vias de transgenia do mosquito para controle da população e a que eu sei que tem sido testada aqui no Brasil é uma que não representa risco. Mosquitos portadores de genes modificados estão sendo testados em diferentes partes do mundo, não só no Brasil. O que se usa no Brasil é a forma que, a meu ver, não tem nenhum risco porque se utiliza a soltura de adultos portadores de um gene letal. Então, todo indivíduo que nascer portador desse vírus vai morrer. O vírus não vai ficar circulando na população, diferentemente de outros, que fazem com que a fêmea não possa voar, etc. Não vai ser, isoladamente, uma solução. Para reduzir a população, deve-se integrar diferentes abordagens que atingem ovos, larvas e adultos.  Sobretudo ovos e adultos, que são as duas pontas. Eu não poderia também dizer que isso é absolutamente livre de risco. A meu ver, não tem risco porque o gene não fica – repetindo, os indivíduos que são portadores desse gene morrem. As larvas morrem na fase larvária, não chegam a nascer adultos. A aplicação do método requer equipes competentes para avaliar. É preciso que se preparem equipes para produzir, avaliar, tem a questão do transporte de um lugar para outro. É uma técnica que requer requinte de tecnologia para ser aplicada. Não se pode estabelecer fábricas em todo lugar, eles estão sendo produzidos numa fábrica da Moscamed em Juazeiro, na Bahia, e testados em alguns municípios, mas requer entomologistas. O Brasil precisa de entomologistas, muito. Porque, naturalmente, para se lidar o inseto é preciso entender o que é o inseto. Os serviços de saúde não podem continuar entendendo a entomologia como uma salinha onde se põe uma lupa e um técnico identificando espécies. É preciso muito conhecimento para poder assimilar e utilizar o conhecimento que tem sido produzido no mundo inteiro. 


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