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agitprop2Brasil - Brasil de Fato - [Simone Freire] Em evento de lançamento, debate abordou a necessidade de utilização de novas ferramentas e formatos na disputa de ideias.


Avaliar como as experiências históricas de inserção política na sociedade podem colaborar para o debate atual é um dos objetivos do livro “Agitprop: cultura política”, lançado nesta quinta-feira (25), em São Paulo (SP).

Reunindo textos que trazem experiências culturais voltadas para ações de agitação e propaganda nos processos de disputa política na Alemanha, União Soviética e Brasil, a publicação é uma iniciativa do Setor de Cultura do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e fruto de anos de estudos dos militantes Douglas Estevam, Iná Camargo Costa e Rafael Villas Bôas.

Na atividade de lançamento, realizada no Teatro de Arena em São Paulo, Estevam explicou que a questão da agitação e propaganda sempre foi um mote estruturante do movimento. Ele também abordou o  processo de construção do livro, iniciado dentro do MST a partir da intensificação das relações entre seu diálogo político e sua produção artística e estética. O O marco inicial desse processo foi a parceria com Augusto Boal, fundador do Teatro do Oprimido, entre 2000 e 2001.

"Algo que a gente queria, como o Boal, era explorar algumas formas, que depois iriam compor o repertório do Teatro do Oprimido, e que ele já caracterizava como formas de agitação e propaganda. Uma delas era o teatro de jornal", disse Estevam, ao relatar como as experiências teatrais se disseminaram pelos estados onde o movimento tinha atuação.

Ele também discorreu sobre as conclusões da pesquisa, que mostraram a relação irredutível entre política e cultura. "Com os estudos, a gente percebeu que a agitação e propaganda tinha uma dimensão muito mais ampla do que aquela que até aquele momento a gente vinha tendo como entendimento e referência", pontuou.

Além do organizador, participaram da mesa de debate do lançamento o diretor da Companhia do Latão, Sérgio de Carvalho, o blogueiro e jornalista do Barão de Itararé, Altamiro Borges, e o coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro.

Adapatação

Carvalho falou da importância de abordar o tema em uma publicação que, organizada na atual conjuntura do país, possibilita uma crítica à realidade brasileira. “Eu sinto que a gente consegue dar utilidade para estes materiais da história do século XX se a gente faz a mediação com as construções nossas, que, de alguma medida, transforma estes materiais. A pura reprodução deles não funciona", opinou.

Também contextualizando a atual conjuntura brasileira, Altamiro Borges comparou os períodos anteriores de efervescência das ações teatrais de agitação e propaganda com as atuais. O blogueiro usou como exemplo as iniciativas dos estudantes secundaristas durante as ocupações de unidades escolares no final do ano passado, em São Paulo (SP), que utilizaram diversos novos meios de comunicação - como gravações de pequenos vídeos para mídias sociais - para repercutir para o maior número possível de pessoas as suas reivindicações e opiniões.

Fragmentação

Enfatizando a existência de milhares de coletivos culturais na cidade, Borges ainda chamou a atenção para a necessidade de potencializar - no atual momento político em que vivenciamos retrocessos em conquistas sociais - ações de agitação e propaganda nas diversas esferas culturais. "Cada um está fazendo sua coisa. Coisas belíssimas, mas fragmentadas", disse.

Neste sentido, o blogueiro também enfatizou a necessidade de repensar modelos e usar a internet à favor das ações. “Temos que pensar em como usar estas novas ferramentas, e temos que ter pressa em utilizá-las. [...] Estamos vivendo um período de extremos, uma grande ofensiva de ódio, de ideias retrogádas. Mas, ao menos tempo, temos setores da sociedade fazendo surgir ideias libertárias", finalizou, ao parabenizar os organizadores da publicação.

Linha política

Na mesma linha, Gilma Mauro, do MST, relatou o atual momento de "disputa de ideias na sociedade", na qual há a necessidad de"construir novas formas de linguagens" que possam dar conta das novas expressões das manifestações de massa.

Ao mesmo tempo, enfatizando a importância das ações de agitação e propaganda - que por estarem nas ruas conseguem disputar ou alterar a correlação de forças -, o coordenador nacional falou da importância delas terem uma orientação política. "Tem que ter não só conteúdo político, mas projeto político, senão não tem sentido", disse.

O livro “Agitprop: cultura política”, é um lançamento da editora Expressão Popular e pode ser adquirido pelo site da editora.


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