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100914 doenteAngola - África21 Digital - O novo mapa mostra que grandes partes da África Central, assim como regiões da África Ocidental, têm características que os cientistas chamam de "nichos zoonóticos" para o ébola.


Uma equipa de investigadores fez um mapa que mostra as regiões onde há maior risco de surgir um surto de ébola, e defende que as regiões que provavelmente são o habitat de animais com o ébola estão mais espalhadas do que antes se receava, particularmente na África Ocidental, onde se iniciou, no final do ano passado, o pior surto de sempre desta febre hemorrágica. Angola e Moçambique são dois dos 22 países onde este risco existe, segundo a agência AFP;

Segundo os investigadores, compreender onde é que se dá o contato entre as pessoas e os animais infectados com o vírus do ébola — através da caça e da alimentação de animais selvagens — e o que estas pessoas têm de fazer para não contraírem esta doença mortal são dois objectivos cruciais para prevenir futuros surtos.

O vírus do ébola pode matar até 90% das pessoas infectadas, e pensa-se que exista naturalmente em morcegos frutívoros ou noutros animais. A passagem para os humanos deverá ocorrer quando se tem contato com o sangue, a carne ou fluídos de animais infectados com o vírus.

Estes saltos feitos pelos vírus dos animais para os humanos são conhecidos como eventos zoonóticos e também foram responsáveis por iniciarem a epidemia do VIH e da gripe suína H1N1.

O novo mapa, publicado segunda-feira, mostra que grandes partes da África Central, assim como regiões da África Ocidental, têm características que os cientistas chamam de "nichos zoonóticos" para o ébola.

"Até agora, não houve muito trabalho feito, mas havia um artigo que mostrava que a área sob risco era muito menor", disse Nick Golding, da Universidade de Oxford, Reino Unido, que fez parte da equipa internacional responsável pelo trabalho. "Esse artigo não previa, por exemplo, a área da Guiné, onde o surto actual começou", explicou à agência Reuters.

As epidemias passadas de ébola aconteceram na África Central e há um surto recente no Norte do Congo — que não está ligado com o da África Ocidental —, que infectou cerca de 30 pessoas na última semana. De acordo com os últimos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 2100 pessoas morreram devido ao ébola na África Ocidental, que infectou pelo menos 4000 pessoas na Guiné-Conacri, Serra Leoa, Libéria, Nigéria e Senegal. Segundo a OMS, a epidemia vai demorar meses para ser controlada e poderá haver 20.000 casos.

O estudo de Golding, publicado num artigo na revista online eLife, teve a colaboração de cientistas da Universidade de Southampton, no Reino Unido, da Universidade de Toronto, no Canadá, e do Hospital de Boston para Crianças, nos Estados Unidos, e não teve como objectivo mapear o contágio da doença entre humanos. Fez antes o mapeamento do risco de animais infectarem as pessoas.

O trabalho usou tanto a informação do surto que está a acontecer agora como de outras infecções em morcegos, primatas e outros animais que ainda não tinham sido mapeadas.

Os estudos passados mostram que o primeiro doente de um surto de ébola é provavelmente infectado pelo contacto com um animal infectado. Normalmente, primatas que, de alguma forma, contraíram o vírus do reservatório natural que serão os morcegos frutívoros.

O chamado "caso índex" no surto actual do Congo foi, de acordo com a OMS, uma mulher grávida na aldeia de Ikanamongo que cortou e cozinhou um animal caçado pelo seu marido.

"Apesar de a doença poder ser encontrada em animais numa grande área, os surtos são ainda muito raros; muito poucos animais nesta região têm infecções detectáveis, e é extremamente raro para os humanos apanharem doenças a partir deles", disse David Pigott, um dos autores líderes do estudo.

Para encontrarem as áreas com maior risco, a equipa identificou a distribuição provável das espécies de morcegos suspeitas de terem a doença.

Os investigadores também mapearam os factores ambientais, como a temperatura e a vegetação, para determinarem locais onde se torna possível haver a transmissão do vírus dos animais hospedeiros para as pessoas. Toda esta informação foi relacionada com informações detalhadas dos locais onde houve pessoas que ficaram infectadas com ébola pelo contacto com animais selvagens e onde também se identificaram animais infectados.

No passado, houve surtos a iniciarem-se no Congo, na República Democrática do Congo, no Gabão, na Guiné-Conacri, na Costa do Marfim, no Sudão do Sul e no Uganda. Mas o mapa mostra que há mais 15 países onde um novo surto de ébola poderá surgir: Angola, Burundi, Camarões, Etiópia, Gana, Libéria, Madagáscar, Malawi, Moçambique, Nigéria, República Centro-Africana, Ruanda, Serra Leoa, Tanzânia e Togo, adianta a agência AFP.

"Este trabalho foi o primeiro passo para se compreender onde é que os surtos poderão surgir no futuro", explicou Golding. "Para nos prepararmos para futuros surtos e para lidar com o que está a acontecer, é preciso compreender como é que o movimento das pessoas faz com que a doença se espalhe assim que o vírus entra na população humana."


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