Quem é Énia Lipanga?
Énia Lipanga é uma mulher moçambicana que aos 17 anos se apaixonou pelas letras, tornando a poesia uma actividade espontânea e pertinente na sua vida.
Percebe-se como escritora profissional?
Ainda não, e nem quero me atribuir títulos, me considero apenas uma artista que escreve o que sente, não sou especialista na escrita, mas transcrevo o que sinto para os meus leitores.
Há poucos meses, em Maputo, teve lugar o festival 6 continentes. Você é uma das organizadoras. Qual o objetivo deste festival?
O maior objectivo desde festival é a promoção da língua portuguesa através das artes, e visa também fortificar os laços culturais dos países lusófonos.
Tem dito que a mídia moçambicana não abre espaço para uma divulgação plena da literatura, principalmente da poesia. O que considera se deveria fazer?
Na minha opinião Moçambique é um país rico na escrita, pelo que já devíamos ter programas televisivos que se dediquem apenas a esta arte, do mesmo jeito demasiadamente, programas que só falam da música; outra coisa, que a poesia não seja deixada de lado nos eventos que exibem a música e a dança, que os promotores dos eventos procurassem incluir os poetas nestes eventos.
Você tem participado em campanhas como "eu sou contra o tráfico de albinos". Considera que a literatura é capaz de intervir socialmente para mudar situações, perspetivas sobre determinados conflitos ...?
Pois não só a literatura, como também as artes no geral, se nós artistas usássemos a arte para persuadir maus comportamentos o mundo estaria diferente, o artista tem uma missão com a sociedade, e olhando para literatura é através dela que a sociedade adquira aprendizado através da leitura.
Poderia recomendar para os leitores de Sermos Galiza três livros da literatura moçambicana?
Se eu pudesse mencionava mais, mas lá vam os três: Os silêncios do narrador do escritor Lucilio Manjate; Mulungude Adelino Timóteo e Lágrimas da Vida Sorriso da Mortede Eduardo Quive
Recomende-nos um texto seu
sou África…
de olhos brancos
Que sente nos poros
A nascença da humanidade
Vidas do transacto tempo
Que nascem do rio da minha respiração
África sou
Meu pretérito ferido pela escravidão
Meus olhos com sonhos da imensidão
Outrora fustigada pela solidão
Sólida hoje, viva na vida dos meus filhos
África rasgada em lágrimas na então esfera
Renascida e cheia de esperança
Em meu ventre… frutos da minha perseverança
Sou mãe… pois ofereço a atmosfera
Bela e cheia de corres da natureza
Colorida de águas, banhada de infância
África de bela beleza
Sou África