Câmara votou pela autorização do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, no plenário da Câmara dos Deputados (Marcelo Camargo/Agência Brasil) (CC BY 2.0)
A votação, que durou desde a parte da tarde até o final da noite, transmitida em rede nacional pelas principais emissoras de televisão, tornou-se, como era de se esperar, mais um espetáculo midiático e revelou mais uma vez a farsa do sistema político burguês.
A disputa pelo poder entre as diferentes frações da burguesia – a mais “democrática”, representada pelo atual governo, e a mais reacionária, a oposição – permite de tudo neste jogo. O governo esperava que sua base aliada votasse em peso a favor de Dilma, mas as negociatas que costumam acontecer naquele recinto permitiram que políticos de partidos “leais” à situação virassem a casaca de acordo com seus interesses pessoais.
As forças mais reacionárias e retrógradas do Congresso apareceram em frente às câmeras para anunciar seu voto pelo “sim” acompanhado de pequenos discursos ultraconservadores, fascistas, machistas, religiosos e, principalmente, egoístas, mostrando declarações sem nenhum conteúdo em relação às motivações teoricamente constitucionais de suas escolhas.
A massa de manobra, composta principalmente de elementos da pequena-burguesia, que tem ido às ruas exigir a queda de Dilma e do PT com o discurso moralista do “combate à corrupção”, assistiu aos políticos mais corruptos do país votarem e discursarem a favor do impeachment. Após o anúncio da vitória do “sim”, panelas começaram a ser batidas em alguns lugares e gritos e comemorações ouvidos.
O crime de responsabilidade fiscal, nem de longe comprovado, foi apenas a desculpa encontrada pela oposição direitista, com o apoio da propaganda midiática, para levar a cabo o processo de queda de Rousseff e abrir caminho para a ascensão ao poder da ala mais neoliberal e entreguista da burguesia brasileira.
A partir desta segunda-feira (18), encaminhado o processo para o Senado, este ficará encarregado de decidir se admite ou não sua continuidade. Enquanto isso, a presidente da República continuará normalmente com suas atividades administrativas na tentativa de conciliação com a oposição reacionária.