Quem passar por estes dias pelo Cais de Pesca da Praia certamente vai deparar com um cenário insólito na vida de um ilhéu: pouco peixe, e muito mais caro. Motivo: o peixe, elemento-chave na dieta do cabo-verdiano, está na hora da morte. Uma cavalinha, que antes custava entre 20 e 40 escudos, é vendida agora por 50, chegando muitas vezes a 70 escudos. O atum, que já foi vendido a 200 escudos/kg, quando há, custa o dobro, 400 escudos, um aumento de 100%, soube asemanaonline no local.
Até a moreia, cujo quilo rondava os 300, 350 escudos, está a ser vendida agora por 400 escudos. A garoupa média também aumentou 50 escudos, de 200 passou 250 escudos a unidade. Um chicharro custa agora entre 40 e 60 escudos, quando normalmente não passa de 30 escudos, quarenta o máximo. Já a Dobrada, outro peixe "democrático" no menu cabo-verdiano, há muito que ninguém lhe põe os olhos em cima, dizem os pescadores. Quando aparece esfuma-se do cais num instante, mesmo com o preço a doer nos bolsos. "Ainda assim está barato", observam as peixeiras, avisando, entretanto, que se as coisas continuarem assim, o preço pode disparar ainda mais.
Esta escassez de peixe no Cais da Praia é justificada pelo tempo instável, com algum vento, que se faz sentir nos últimos meses. É caso para dizer que o mar não está para peixe. Mais: a subida do preço dos combustíveis também está a pesar no preço. É que além de comprar o gelo, dizem os pescadores, também têm de encher o seu depósito. Ainda assim, Joaquim Soares avança à nossa reportagem que mesmo com a falta de peixe nestes dias, os pescadores não variam muito o preço no cais. "São as peixeiras que aumentam o preço já que a procura é muita e a oferta, pouca", constata.