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230112_corteMoçambique - Jornal de Notícias - A ligação entre o sul, centro e norte do país através da Estrada Nacional Número-1 inesperadamente interrompida sábado último na região de 3 de Fevereiro, a norte da província do Maputo, devido à subida vertiginosa dos níveis do Incomáti, só poderá ser restabelecida num período máximo de três dias, dada a envergadura do trabalho que será necessário realizar nos cerca de 60 metros do troço de corte.


Ontem a nossa Reportagem esteve no local deste desastre natural de prejuízos incalculáveis, testemunhando "in loco" o cenário de desespero total que tomou conta de centenas de pessoas que de um momento para o outro ficaram irremediavelmente impedidas de alcançar os seus lugares de destino. E não era caso para menos, estava cortada a ligação nacional entre o sul e o norte de Moçambique, pela via rodoviária.

De um e doutro lado do local do corte, numa região chamada Ngonhane, próximo da Aldeia 3 de Fevereiro, centenas de viaturas e seus ocupantes perfilavam à espera de uma hipotética reabertura da via. Era compreensível o misto de desolação e expectativa. Não queriam acreditar no que estavam a ver com os seus próprios olhos! Mesmo assim, casos houve de pessoas que lograram efectuar a travessia, graças à intervenção da Unidade de Protecção Civil que está no local com barcos para ajudar a minorar os efeitos da tragédia.

A gravidade da situação levou já vários governantes a escalarem a região de 3 de Fevereiro e zonas adjacentes, que dista a pouco mais de 100 quilómetros da capital do país, para melhor equacionar as soluções a encontrar rapidamente respostas para o restabelecimento da comunicação terrestre.

Por exemplo, ontem o Primeiro-Ministro, Aires Aly, apelou no local à paciência dos potenciais utilizadores da estrada para que não se fizessem à ela, exceptuando-se a situação daqueles cidadãos a braços com assuntos urgentes e de carácter inadiável.

Aires Aly classificou a situação de preocupante depois de ter sobrevoado algumas áreas afectadas. "Pudemos ver muitas zonas de Magude a Xinavane onde as pessoas estiveram em cima dos tectos e que agora desceram porque as águas já baixaram. Manifestamos a nossa solidariedade com as famílias que sofreram e apelamos para a continuação do apoio manifestado a todos os níveis. É importante termos muita calma e que as pessoas não se precipitem. Precisamos de continuar a trabalhar. Aqueles que não têm urgência que adiem este movimento na EN1", disse, observando que ainda está-se em plena época chuvosa, requerendo-se, por isso, que as pessoas estejam precavidas para minimizar os efeitos dos desastres.

O repentino corte da EN-1 e a sua magnitude veio desviar as atenções nacionais em relação à ameaça que paira desde sexta-feira sobre as zonas costeiras das províncias da Zambézia e Sofala com a aproximação anunciada do ciclone "Funso". É ainda uma outra possível calamidade que se pode abater sobre aquelas duas províncias, uma vez que o ciclone continua activo ao largo do Oceano Índico.

No conjunto das alternativas de transporte que vão sendo encontradas pelas autoridades para dar resposta aos problemas causados pelo corte de 3 de Fevereiro, soubemos que ainda ontem foi mobilizado um comboio para a partir de Manhiça e Magude, respectivamente, transportar as pessoas que estavam retidas dum e doutro lado da estrada para continuarem a viagem até aos respectivos destinos.

Na hora de tentar perceber o que efectivamente terá acontecido para a consumação deste desastre natural, que aparentemente apanhou tudo e todos em contra-pé, a ARA-Sul, na voz de Custódio Vicente, director-geral substituto, disse que o corte foi motivado por chuvas excepcionais e que tal impacto deveu-se sobretudo aos escoamentos não regularizados do Incomáti que se propagaram pelo médio e baixo do mesmo curso de água.

Por seu turno, Cecílio Grachane, director-geral da Administração Nacional de Estradas, indicou que o primeiro sinal foi dado por volta das sete horas de sábado quando o corte era de apenas dois metros.

"Tudo está sendo feito para restabelecer a ligação com a maior brevidade possível", disse.

Refira-se que um dos termómetros da importância vital da EN-1 poderia no local ser avaliado pelas centenas de pessoas e longas filas de viaturas que se estendiam à distância de três quilómetros do ponto do desastre, saídas de diferentes regiões do centro e norte do país e outros ainda da África do Sul ou do Maputo.

O cenário de prejuízos que a situação irá implicar para algumas pessoas já começava a notar-se ontem para os operadores comerciais que transportam mercadoria facilmente perecível, como sejam carne e peixe.

A EN1 é a principal e única ligação rodoviária entre o sul, centro e norte do país, daí que sempre que ocorre um desastre desta natureza o país fica inevitavelmente mergulhado numa emergência nacional.


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