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b_450_0_16777215_00_archivos_imagenes_articulos_mauri2_10_160210_emgalego.pngMiguel Garcia (Galizalivre) - Dum tempo a esta parte, venho observando com certa preocupaçom as tentativas de distanciamento entre umha parte do "independentismo histórico" e o reintegracionismo organizado. 


A lista de desencontros começa a ser notável: uns fam por quitar-lhes peso e presença aos independentistas dentro dos Centros Sociais, proclamam que os circunflexos devem deixar de associar-se às pintagens e escandalizam-se porque a cor laranja, além dumha marca corporativa, seja também umha ferramenta de luita; os outros botam aos cedilhados as culpas das divisons dos políticos entre sim e com povo, provocam conflitos para conseguir que a norma deixe de ser um elemento de conflito, e publicam argumentos contra as estratégias reintegracionistas. Devagarinho, estas pequenas desavinças vam-se juntando a outras e construem no campo da língua o terreno para umha batalha que, mais umha vez, bebe de outras águas: alguns reintegracionistas pensam que o independentismo é um problema para expandir esta opçom entre as elites políticas, económicas e culturais do país, e encontram bons aliados nalguns independentistas que interpretam o reintegracionismo como um problema para comunicar-nos com as massas, ou polo menos para unir-nos dumha vez ao partido do presidente da RAG. 

Pessoalmente, acho que os desejos de ambas partes tenhem mui poucas possibilidades de tornar-se realidade. Se o galego-português fosse realmente umha ferramenta útil para as elites do país, estas teria-no adoptado há já tempo, à margem da norma que usem os encapuzados; da mesma forma que se a diferença entre ortografias fosse realmente o motivo de fundo da divisom independentista, a estas horas já teríamos encontrado algumha soluçom de consenso, bem que fosse deixar de escrever tanto. O problema é que, nesta tensom involuntariamente coordenada entre o reintegracionismo mais pinheirista e o independentismo mais utilitarista, o que está em jogo é umha ligaçom que nom tem trazido mais que resultados positivos para a nossa língua e para o nosso país. Por isso, ante a confusom que devagarinho se vai extendendo por volta da relaçom entre um e outro movimento, nom está de mais aproveitar este espaço para lembrar aos independentistas mais jovens que o reintegracionismo nom sempre estivo capitaneado por ridiculistas, académicos e funcionários, e advertir aos reintegracionistas mais civilizados que, mesmo eles, devem mutíssimo mais do que crem aos sprais de pintura.

A meados dos 90 o reintegracionismo expandia-se como umha balsa de azeite entre a mocidade nacionalista, liderado por um encofrador de Ponte-Vedra, um electricista de Ourense e um carpinteiro de Ferrol que inçavam as paredes de NH e que, recém fundado o MDL, defendiam a berros o orgulho e a língua nacionais frente o congresso do ILG. No imaginário de quem começavamos a organizar-nos e a mobilizar-nos no independentismo, o reintegracionismo nom propunha apenas umha opçom filológica: o galego-português era a língua dos de abaixo frente os académicos, a língua dos livres frente os subsidiados, o idioma dos que luitavam, frente os que se acomodavam. Durante as últimas décadas, independentismo e reintegracionismo fôrom de maos dadas porque de forma natural se encontrárom no lado de quem se opom radicalmente a Espanha, às suas normas e aos seus símbolos, e de quem por isso é perseguido, reprimido e excluído. A relaçom foi tam frutífera que sem ela nom seria possível compreender o Novas da Galiza, os Centros Sociais, ou mesmo o galego-português empregado com normalidade por toda essa geraçom de músicos e músicas que cursarom a universidade numha Compostela inçada de cartazes, pintadas e assembleias de Estudantes Independentistas.

Nom perdamos o muito ganhado para a causa da nossa dignidade nacional por umha relaçom que, mal que pese a uns ou outros, é completamente natural. Ensinar os dentes em galego-português é bom para a dentadura, mas também para a língua.


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