Mauricio Macri, novo presidente neoliberal argentino. Foto: Governo da Cidade de Buenos Aires (CC BY 2.0)
Os governos latino-americanos de conjunto enfrentam o acelerado aprofundamento da crise capitalista. E a única “saída” possível, dentro dos marcos do aperto da espoliação imperialista, é mais do mesmo velho “neoliberalismo”. Por quê?
O capitalismo não conseguiu colocar em pé uma nova política, alternativa ao neoliberalismo, após o colapso de 2008, da mesma maneira que o tinha feito na década de 1980, após o colapso do chamado “keynesianismo” (gastos públicos em larga escala), que havia levado os cofres públicos à exaustão. O keynesianismo promoveu enormes gastos públicos com o objetivo de conter o desenvolvimento das tendências revolucionárias que haviam crescido com a Segunda Guerra Mundial. A “saída” para a crise foi uma espécie de keynesianismo invertido, só para beneficiar os grandes capitalistas, implodindo o chamado “estado de bem estar social”.
Com o aprofundamento da crise capitalista, já na década de 1990, as tendências nacionalistas se desenvolveram nos países atrasados. Mas também os governos nacionalistas (ou seminacionalistas) não conseguem colocar em pé outra política porque dependem do controle do sistema capitalista mundial pelos monopólios.
As duas políticas da burguesia na América Latina
Maurício Macri e Dilma/ Kirchner têm contradições em relação à intensidade da implantação das “reformas”. Mas ambos setores da burguesia concordam em que as “reformas”, que equivalem a mais “neoliberalismo”, são necessárias. Por esse motivo, é bem provável que o Mercosul avance rumo à implosão. O primeiro passo será o acordo de livre comércio com a União Europeia. O segundo passo, um acordo similar com os Estados Unidos. A seguir, um acordo com a Parceria Trans Pacífico, controlada pelos Estados Unidos. Depois, ou em paralelo, a imposição de um novo governo neoliberal no Brasil. Por último, a implosão do Mercosul e dos demais organismos regionais que, em alguma medida, fogem ao controle imperialista direto.
Conforme a crise avança, as tendências nacionalistas se desenvolvem impulsionadas pela radicalização das massas. Para o próximo período, os governos seminacionalistas, que governam diretamente com setores da direita, como acontece no Brasil ou na Argentina, não conseguirão conter a ascensão dos trabalhadores.
O chavismo é uma amostra das concessões que a burguesia nacional foi obrigada a fazer para conter o processo revolucionário. Nada menos que 40% do orçamento público é destinado aos programas sociais. Agora o imperialismo impulsiona a derrubada do chavismo, ou, pelo menos, a formação de um governo onde a direita passe a deter um controle maior do Estado. Mas em que medida esse novo governo conseguirá controlar as massas?
A política Obama, da contrarrevolução democrática, não será suficiente para controlar as massas, pois as políticas neoliberais tendem a aprofundar a crise, como o mostram as experiências direitistas do Chile (Sebastián Piñeira) e do México (Peña Nieto).
A evolução para uma política de força seria o natural do imperialismo. Mas sem uma base econômica as contradições sociais tendem a se acirrar. Por esse motivo, é possível que a política golpista do imperialismo acabe impulsionando uma nova onda de nacionalismo burguês a la Chávez que, nas condições de crise, enfrentará enormes dificuldades para manter o colchão de controle social.
Aparece no horizonte um novo colapso capitalista de gigantescas dimensões nos países centrais. Esta é a base que acordará a classe operária mundial do longo sono neoliberal. A revolução ficará colocada à ordem do dia não mais em países atrasados, mas nos países mais desenvolvidos. Esta é a base que possibilitará a expropriação do punhado de parasitas que domina o mundo.
Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.