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b_450_0_16777215_00_archivos_imagenes_articulos_mauri2_10_140210laca.pngPim Patinho (Fundaçom Artábria) - Mais umha vez recuperamos para vós a leitura de um artigo, disponível na nossa hemeroteca, da autoria de Pim Patinho, integrante da Fundaçom Artábria desde os seus inícios, que já em 1998 escreveu um artigo dedicado ao significado do Entruido galego. 


Achamos esta umha boa oportunidade para relermos aquele artigo, que alguns e algumhas de vós, se calhar, nem conhecíades. Ei-lo: 

Entroido Entroido, Entroido, Entroido, ... palavras que dam mostra da generalizaçom desta festa em todo o nosso território.

Festa remota no tempo e quiçais, como quase todas as festas antigas, vinculada na sua origem aos ciclos das sazons e trabalhos no campo. O Entroido é o pórtico, a entrada, o passo aà já exergada primavera; tempo onde, se bem o inverno pode esticar os seus rigores, já sabemois que som as últimos enrabeados lategadas, que vai vencido e se alguém nom o crê, ai estám as mimosas para lembrar-no-lo, florecendo e estalando como umha promesa de porvir.

Nos centros urbanos, infelizmente, perde-se esse ligame íntimo aos ciclos; os páxaros que volvem, as árvores floridas, case nom tenhem cabida num mundo onde as estaçons marcam-se polo almanaque.

Porém, antigamente, os pequenos indícios seriam decodificados e essa alegriafai surgir a festa. A festa mais teatral por excelência, onde cada quem escolhe a sua personagem e representa o papel que quiger; onde a orde se subverte, onde muda o establecido, as normas aprendidas e onde a crítica tinge todo o que os seres humanos tinhem criado nisso que chamamos sociedade.

Só umha norma prevalece: a imaginaçom. É o tempo de desfazer, de subverter, labor necessário e preciso para volver a fazer, para construir de novo, se qualhar, dum jeito distinto. E neste labor de dstribuiçom-construiçom todo o mundo tem cabida. Eis o espiírito do Entrudo; todos/todas participam, todas/todos som necessários, nesta espiral sem límite. Daí que a sua esigência nom seja umha festa-espetáculo. É preciso colocar-se como actrices e actores desde mundo criado temporalmente.

Estes dous elementos, imaginaçom e participaçom, figérom derivar ao Entruido a umha rica diversidade de ritos, fórmulas, mascaras, roupagens, gastronomia, cantigas, representaçons, bonecos, ... que estám estendidas amplamente pola nossa geográfia. Som as aportaçons de cada lugar e de cada tempo, da micro-história que fica na conciência colectiva e vai somando novas ideias ao comum.

Paradogicamente, co pretendido impulso que se lhe quere dar à festa hoje em dia, teremos que fazer umha reflexom se nom é cortar-lhe as asas ao espírito mesmo do que é o Entruido:A festa é cada vez mais o espetáculo artelhado, organizado e decretado.

As ruas enchem-se de carroças preparadas e cada vez há mais gente doutro lado, os outros, espectadores/as passivas/os que se conformam com o que lhes entra polos olhos, como se dumha televisom se tratar, esquecendo-se ou amedrentando-se de participar, assim, a proimigénia interaçom entre os seres nom se dá.

Os disfarces deixam de ser um alarde de imaginaçom e limitam-se a ser um mercado de faros feitos (carissímos, cuidado que nom se manchem as crianças), preparados para pousar na foto ritual e comparar nas juntaças ou nas escolas !! numha competiçom que nom tem nada de sa.

Se ainda nom fosse pouco, temos que aturar mimetismos estúpidos pretendendo celebrar o nosso Entrudo como em Cadiz, Tenerife ou Brasil, manifestaçons peculiares e interesantes de cada zona, mas que nada tenhem a ver com a nossa cultura ... nem com o nosso clima! Penadá ver, às vezes, as moças galegas com roupa mínima tentando bailar o samba e pensando quiçás, para si no bem que estariam nesse momento com um disfarce de oso, ponho por caso.

Em fim, reflexons amargas para umha festa leda e nom seria justo rematar aqui: há muitos sítios onde o espírito do Entrudo ainda permanece, ha muita gente empenhada em recuperá-lo. Assim nas nossas maos está chegar ao cerne mesmo da celebraçom. Aínda nom nos acabárom com a imaginaçom e a participaçom ... está aberta.

Narom, Fevereiro de 1998

Pilar Patinho Penya, integrante da Fundaçom Artábria.

 


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