Era o "patriarca" dessa geraçom de moços que davam desde Buenos Aires os passos mais avançados do arredismo galego. Valham estas linhas, por força incompletas, de pequena homenagem.
"A nosa laboura e humilde pero sinceira. Non ten grandes voos por que non é posibre faguer moito mais: pero a nosa concencia e a nosa y-alma está no ben da Terra y-eso nos descarga de tudo"
"Como poden amostrar o seu amor a causa redentora da Terra, si lles falta tempo para ollarse no seu espello de vanidade?"
Fuco Lamas Barreiro, 1930
A primeira organizaçom à que aparece vinculado o nome de Francisco Lamas Barreiro é a Mocedá Galeguista d'Ourense, a começos da década de 20, que dirigia junto António Cid Fernandes, e à que estavam associados gente como Risco ou Eleutério Gonçales Salgado.
Em correspondência com Antom Lousada, Risco gabar-se-á do crescente sentimento separatista destes moços. Seria a primeira organizaçom juvenil arredista que toma como próprio o hino de Branhas, "modificando alguns versos em sentido arredista" – assinala Risco –, sendo posteriormente o hino da Federaçom de Mocidades Galeguistas – a pedido de Manuel Beiras – e atualmente da Assembleia da Mocidade Independentista. É de louvar também que em 1921 acordaram entrar em relaçom com os movimentos nacionalistas de Catalunha, Euskadi e Aragom, visando a criaçom dumha "Liga das Nazós do Norte d'Ibéria. No plano social, intentárom achegar as sociedades agrárias ao nacionalismo, através de intensa propaganda no que qualificavam como a "classe labrega".
Arredista na emigraçom
Mesmo antes da década de 20 há sinais de F. Lamas Barreiro em Buenos Aires, como a carta que lhe redige a Fermim F. Pençol desde a "Pensom Lamas". Nela, pom-se à disposiçom de Pençol para ajudar à organizaçom do nacionalismo, e critica duramente o caráter dos galegos emigrados: "teñen na sua lembranza o recordo da terra onde naceron, pro no intre non sinten a falla de falar no seu idioma, e de espallalo por onde podian, porque isto é dun orden ideolóxico que moitos non enxergan; algúns hai que abranguen canto isto siñifica, pro outros cren que con cantar alalás e bailar a muiñeira e contar catro pullas en gallego, xa se fizo galleguismo"; por isso, prossegue Fuco Lamas, "inda ben axa eiquí enriba de 100.000 gallegos non se pudo hastra o de agora chegar ó que vosté pergunta. Us ollan de falar co acento criollo pra non semellar gallegos; outros din que son gallegos pro que dinantes son españois e teñen de falar castelán; e outros que soilo teiman en cultivar o que nos pon en redículo, pois fica un fato de homes que esmorece de xenreira sin poder faguer cousa de xeito".
Na revista Céltiga, dirigida por Jaime Quintanilha e Ramom Vilar Ponte, colaborará com ilustraçons e desenhos junto com outros artistas como Castelao, Álvaro Cebreiro ou Camilo Dias Balinho. Precisamente, a qualidade das ilustraçons foi um dos sinais de identidade da revista galeguista.
Diferenças com Blanco Amor e fundaçom da SNP
Quando começam a andar Irmandade Nacionalista Galega na América do Sul, a instâncias da figura de Ramiro Ilha Couto, Fuco Lamas voltará a estar presente na organizaçom, assim como ilustrando o seu vozeiro terra. O grupo nom se conseguirá estabilizar, e esgaça em duas correntes, a possibilista liderada por Blanco Amor, e a arredista, liderada por Ilha Couto e Fuco Lamas, cujo núcleo militante ficará com as siglas da ING, mas declarando-as já abertamente independentistas, tendo como primeiro ponto do seu programa a "independenza de Galiza". Em 1926, criam o periódico que consideramos o nosso precursor, A Fouce, com Lino Peres como seu primeiro diretor. O grupo converter-se-á na Sociedade d'Arte Pondal, que dará lugar à Sociedade Nazonalista Pondal, após o fracasso definitivo da ING. Fuco Lamas exporá no duro artigo "Puntualizazos" (A Fouce, n.º 21, 1930) a sua opiniom sobre esta derrota, culpando Blanco Amor: "...as cousas iban ben, cand'o poeta do grupo, o que máis obriga tiña de ser consecuente coa súa decraración de nazonalismo, sin motivo, e c'un pretexto ridículo, arredóuse de nós. Despóis, circunstanzas sucesivas fixeron que cada un tomase por vieiro distinto y-esmorece aquel intento de orgaización do nazonalismo".
Em 1930, ocupará o cargo de presidente da Sociedade Nazonalista Pondal, até o relevo de Manuel Oliveira. Bernardo Penabade descrevia – no especial do NOVAS DA GALIzA n.º 88 sobre A Fouce – os pondalianos como "Discípulos do patriarca Francisco Lamas Barreiro –como o poderiam ter sido de Manuel Lugris Freire, se vivessem na Galiza–, nasceram no último decénio do século XIX ou no primeiro do XX e eram novecentistas como Luís Pimentel ou Bouça Brei, como Manuel António ou Amado Carvalho". Nessa mesma época, ocupará o cargo de secretário do Instituiçom Cultural Galega, que conformado principalmente por arredistas da Argentina, apoia –sobretudo economicamente– o Seminário de Estudos Galegos.
Publicista da Paramount Films
Conta em carta Ramiro Ilha Couto a Fermim Pençol que para a articulação do arredismo na Argentina conta com a "axuda do dibuxante galego F. Lamas Barreiro, irmán que procede da I.N.G. de Ourense, mais como é o encarregado da publicidade da Paramount Films ten un traballo condanado tamén, e non pode faguer máis que antre horas algún dibuxo que se lle pida".
Na Paramount "conheceu pessoalmente Gardel, Tito Lusiardo, etc.", refere-nos o seu neto Marcelo Manetti. Colocou a sua profissom de desenhador à disposiçom da sua militância, tanto na revista Céltiga, como em Terra –da qual era diretor artístico– ou n'A Fouce, onde também descreveia a vida e obra de jovens artistas galegos, vanguardistas e comprometidos com a terra, como Fernández Mazas ou Xulio Prieto Nespereira. A filologia e o estudo da língua era outro dos interesses de Farruco Lamas, como testemunha o "Vocabulário" galego que encetara no vozeiro terra.
Tirado da Revista nº 46