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190811_Galiza_Santiago_de_Compostela_ObradoiroGaliza - Diário Liberdade - O manuscrito é um texto protogaleguista, que louva o povo galego, e que pussui um grande interesse lingüístico pois som escassos os documentos escritos em galego-português na Galiza nesta altura.


Há mais de um ano o professor Manuel Cadelas topou-se por acaso com este manuscrito. O estudioso galego estava a se documentar sobre o escritor espanhol Quevedo na Biblioteca Nacional espanhola de Madri quando no meio de um volume totalmente em castelhano deu com textos em galego-português. Segundo explicam as pessoas responsáveis por esta ediçom da História da Santa Igreja de Íria, Caminho Noia e Bieito Airas “Vimos que era umha História de Íria, bastante estensa, e a partir daí começamos a transcrevê-la”.

Cópia do século XVIII feita por um galego

O achado é muito importante porque esta cópia publicada agora pola Universidade de Vigo é a mais ampla das que se conservam, e permite estabelecer umha nova genealogia entre estes manuscritos. “Há muitas semelhanças mas também há diferenças, e parágrafos inteiros que estám nesta versom nom se conservam noutras”.

Quanto à origem desta cópia, “o próprio autor diz na primeira nota que foi a Padrom e no arquivo secular dérom-lhe dous manuscritos da Crónica, da qual ele escolheu o que lhe pareceu mais completo e digno de ser copiado”. De facto, ao cotejar as diferentes cópias conservadas, os investigadores concluírom que tanto a transcrita por Pedro de Outeiro como aquela que conservada na Catedral de Compostela e que devemos à mao de Rui Vasques, lá por 1468, partem com toda provabilidade de um manuscrito anterior, agora perdido. “Esta história foi copiada de um texto anterior à de Vasques. Há outra cópia que está na Biblioteca Vaticana com data de 1444, mas na realdiade é um falso cronicom feito no século XVII”.

A Crónica de Santa Maria de Íria

A Crónica de Santa María de Iria é um manuscrito medieval que narra a história do jacobeu desde o trasalado dos restos do apóstolo.

O livro que acaba de sair do prelo é umha cópia do século XVIII de um manuscrito medieval escrito originalmente em português da Galiza. O autor desta cópia, Pedro de Outeiro Romeiro Torres, começou em 1713 um trabalho de transcriçom no qual respeitou a língua original. “Está copiado de um texto medieval, e conserva muitas das abreviaturas, palavras e estruturas próprias desta época”, junto as que se misturam elementos do galego-português da Galiza do século XVIII. “O galego de entom já era muito semelhante ao de hoje, ainda que tenha algumhas palavras que desconhecíamos e que se perdérom. Polo demais é muito comum com o que se fala hoje na Galiza. Falta pesquisa, mas achamos que o texto é tam híbrido que nom se sabe o que é daquela época e o que fazia tentando imitar a língua da Idade Média”.

Este texto permitirá conhecer melhor o galego-português dos Séculos Obscuros na Galiza ao tempo que reflete os conflitos da sé compostelana da época.

Conteúdo da obra

A obra agora publicada, ao igual que as outras cópias conservadas, começa quando o corpo do apóstolo é descoberto e explica a construçom da Catedral de Íria, os diferentes bispos, guerras e brigas e o traslado dos restos a Santiago, continuando depois com a história desta cidade. “Segue muito a historiografia da época, de umha perspectiva galeguista. Na obra os galegos eram os melhores, os mais guerreiros e os mais honestos frente aos demais. Isto é típico da época, e a obra procurava legitimar o posicionamento da Galiza”. Esta parte, copiada do manuscrito original, chega até 1455. A partir de entom, o autor continua a história de Santiago e de Espanha e até o reinado de Felipe V, completando tanto o texto original como as suas achegas com abondosas notas, nada menos que 511, nas quais cita diferentes fontes historiográficas e explica diferentes questons.

A defesa de Santiago

A pergunta imediata que vem à tona é que interesse podia ter este personagem em se pôr a transcrever textos medievais. “É umha incógnita que nom temos resolta. O autor diz que o fai para editá-la. Pode ser que naquele momento houvesse algum moveminto de protesto contra os votos, o tributo que as dióceses lhe tinham que dar a Compostela polo feito ser Santiago padroeiro das Espanhas”, explica Noia. “Este tipo de movimentos dérom-se periodicamente, com reivindicaçons de Sam José ou Santa Teresa como padroeiros. Em cada um destes casos os cavaleiros de Santiago uniam-se para defenderem esses votos. O próprio volume inclui um manifesto de Quevedo a defender isto no século XVII”. Segundo os autores da nova ediçom da História, “é possível que alguém lhe encarregasse a Outeiro que figesse umha crónica boa e bem argumentada, que fundamentasse a importáncia histórica de Compostela”. Precisamente a intenção reivindicativa explicaria que Outeiro conservasse a língua original ao transcrever a história. “Naquele momento a língua da escrita já era o castelhano, mas mantém a língua do País, supomos que para assentar a legitimidade de Crónica. Com isto mostra que é umha cópia de um texto medieval e remonta a entom também a legitimidade de Compostela, mostra a importáncia que tinha já daquela” lembra Noia. Devemos pensar que todas as notas que o autor acrescentou ao texto estám em castelhano, assim como toda a parte na que segue a história da Espanha.

O autor

Quanto ao autor, Caminho Noia reconhece que “sabemos pouco dele”, ainda que vam aparecendo achados que ajudam a completar um pouco a sua biografia. “Semelha que é de Vilanova de Arouça, ele na História diz que é do Condado de Lupária, nome mítico que abrangeria praticamente de Cambados a Padrom. Estudou em Compostela, onde figura matriculado como Pedro de Outeiro Padim Torres, e em 175 sabemos que exercia de advogado e que solicitou a el-Rei que lhe permitisse exercer nos Reais Conselhos”, lembra esta pesquisadora. Está previsto que o texto chegue as bancas das livrarias este outono, e, com certeza, o estudo nos achegará nova informaçom sobre a nossa milenária língua e sobre o passado da naçom galega.


Foto: Compostela, capital da Galiza, cidade por volta da qual se conformou a identidade galego-portuguesa e a língua galega, conhecida internacionalmente polo nome de português.


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