Este desporto, muito popular na Irlanda, mas praticamente desconhecido no nosso país, combina jogo de pés e maos numha atividade espetacular, tanto para quem a pratica como para quem olha. Mas a intençom do Suévia FG nom é criar espetadoras e sim participantes nesta iniciativa de desporto de base que se está a estender polo País. Umha equipa mista, longe da concorrência extrema e mercantilizaçom habitual noutros desportos. Explica-no-lo nesta entrevista Eva Cortinhas, avançada do Suévia FG.

Para quem nom o conhecer, em que consiste este desporto?

O futebol gaélico é o desporto mais popular da Irlanda, onde nom só é acompanhado, mas também praticado por um amplo número de pessoas. Consiste num jogo de equipa em que se combinam de jeito hábil movimentos e passes com as maos e os pés para conduzir a bola e tratar de atingir o objetivo básico, marcar golos ou tantos. Costuma-se dizer que é umha espécie de mistura de futebol británico, ráguebi e basquetebol, porque combina aspetos dessas disciplinas, mas o certo é que é um desporto com identidade própria e digno de se conhecer, para comprovar que nom é tam doado compará-lo. Nom há dúvida que o contacto físico, a agilidade e a rapidez jogam um papel fundamental, fazendo dele um jogo bastante espetacular.

Quais som as razons para pôr a andar umha equipa de futebol gaélico em Compostela?

Existem várias razons polas quais se decidiu criar esta equipa na nossa comarca. Por umha parte, está o evidente atrativo de praticar um desporto que no nosso país nom é conhecido nem promovido polos mass-media e que, por isso, aqui está afastado do show e espetáculo que envolve outros eventos desportivos.

Considero de importante mençom que na Irlanda se preserve o caráter eminentemente popular do futebol gaélico ao estar proibido cobrar um salário por jogar mesmo nas máximas categorias. Isto converte-o num desporto donde o arreigo popular e cultural está por acima de interesses económicos, facto de suma importáncia para nós, pois com a criaçom desta equipa pretendemos fomentar o desporto de base, arredado da artificial competitividade e a mercantilizaçom a que nos tenhem habituadas noutros ámbitos, e o futebol gaélico é um exemplo nisto.

Por outra parte, com a criaçom de equipas por diversas comarcas da Galiza, podemos chegar a articular umha Liga Nacional, que nos permita falar já dum assentamento formal deste desporto no nosso país. É com essa vocaçom de difusom e socializaçom do futebol gaélico através do trabalho de base que é criada a Suévia.

 
Qual é a situaçom do futebol gaélico na Galiza? Onde mais há equipas e que perspetivas de crescimento tendes?

Na Galiza, a primeira equipa a se constituir fijo-o no ano 2010 de maos dos e das corunhesas Filhos de Breogám, equipa singular no seio deste desporto, por estar conformada fundamentalmente por galegas e nom por irlandeses emigrados, como acontece na maioria das naçons que também tentárom importar este jogo. É importante salientar que, no presente ano, a seçom feminina do Filhos de Breogám conseguiu constituir-se em equipa, chegando a concorrer em diversos torneios.

Já no começo deste outono, fôrom aparecendo novas equipas, entre as quais estám os Irmandinhos da Estrada, Os Mecos em Ogrove, a Suévia em Compostela e os projetos do Corvos e Faísca em Ponte-Vedra e Vigo, respetivamente. Esta vaga de tentativas de criaçom de novas equipas na Galiza pode sentar as bases para um futuro crescimento e a articulaçom dumha liga nacional galega, o que nos permite olhar a situaçom deste desporto no nosso país com certas doses de optimismo, mas sobretodo com muita motivaçom.

Como foi acolhida a vossa iniciativa a nível de público e do ponto de vista institucional?

Podemos afirmar que a proposta de criaçom da Suévia foi bem acolhida desde um início, com um bom número de assistentes ao primeiro adestramento que foi aumentando progressivamente nas sucessivas sessons. Ao se tratar dum desporto pouco conhecido no nosso país, suscita muito interesse e curiosidade entre a gente, fazendo com que se animem a vir “provar” e acabem por repetir a experiência. Porém, é de salientar que o número de homens que desde um princípio participárom da iniciativa foi notavelmente superior ao de mulheres, embora pouco a pouco vaiamos somando mais. Consideramos importante que se somem mais mulheres, nom só para equilibrarmos a equipa e que nom representemos umha minoria no seio da mesma, mas também para vencer os obstáculos e a invisibilizaçom que muitas vezes sofremos no tocante aos desportos.

No que se refere às instituiçons, tal e como já nos tenhem habituadas, o apoio a este tipo de iniciativas é nulo. Tanto o governo municipal como a administraçom da Junta tenhem demonstrado de que bando jogam, preferindo promover e apoiar economicamente grandes eventos do desporto espetáculo, em lugar de contribuir para a promoçom do desporto de base, onde se mude o paradigma e as pessoas sejamos as verdadeiras protagonistas ativas e nom meras espetadoras.

Em Compostela, contrariamente a outras cidades da Galiza, onde existe equipa masculina e feminina, mulheres e homens compartilham campo de jogo. Que vos levou a tomar a decisom de fazer umha equipa mista?

A Suévia nasce desde um início com umha inequívoca vontade de rachar com os roles de género, fugindo dos estereótipos que lamentavelmente imperam na prática totalidade dos desportos.

Consideramos que umha boa maneira de avançar no caminho da igualdade e na rutura com os estereótipos socialmente atribuídos a mulheres e homens, é misturar-nos no campo e jogar nas mesmas condiçons. Cada desportista deveria poder participar com as suas capacidades individuais sem que estas estejam necessariamente determinadas polo género. Seria magnífico que numha mesma equipa se pudesse falar da força que tem a Maria, a agilidade do Carlos ou a precisom da Ángela, para pôr um exemplo, afastando-nos de anquilosados preconceitos e onde simplesmente cada quem contribua com as suas próprias qualidades.

No passado verao, tivo lugar o primeiro partido internacional oficial de futebol gaélico, certificado pola Gaelic Atlhetic Association, entre a Galiza e a Bretanha. Como avaliades este facto?

O jogo entre as seleçons nacionais da Galiza e da Bretanha foi um facto de máxima transcendência, nom só por ser o primeiro de caráter internacional entre duas equipas integradas por jogadores nom irlandeses, mas também polo facto de ambas obterem o certificado de oficialidade por parte da GAA, sendo ambas seleçons de naçons sem Estado. Consideramos isto um avanço nom só no caminho do assentamento deste desporto no nosso país, mas também no reconhecimento internacional e na visibilizaçom de naçons oprimidas, como é o caso da Galiza.

E por último, quando veremos a estreia de Suévia F.G. nos campos de jogos?

Devemos ter em conta que apenas levamos mês e meio a trinar e que a grande maioria das e dos jogadores começamos do zero, polo qual ainda devemos atingir umha maior destreza para fazermos o debut. Porém, estamos a tentar a possibilidade de organizar no mês de dezembro um jogo amigável contra outra das equipas que também estám a nascer, e se calhar podemos repetir a experiência com um outro jogo no quadro das jornadas que Siareiras Galegas organizam cada ano, reclamando a oficialidade das seleçons nacionais. Oxalá para aquela altura estejamos mais que preparadas para defender a nossa equipa!