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200712 upgGaliza - Galizalivre - M.C.B./ Após décadas de indefiniçom, tanto o BNG como a sua principal cissom, liderada por Beiras, advogam pola constituiçom de um Estado independente: a "República da Galiza".


Num campo nacionalista caraterizado principalmente por duas peculiaridades: nom ser hegemónico, e ser anti-independentista, BNG, UPG, MGS, EI, ANova... passam a definir-se como independentistas junto com as anteriores organizaçons arredistas FPG, AMI, Nós-UP, Causa Galiza, MpB… Afinal será que todos som independentistas? Analisamos neste artigo este giro e a história de algumhas variaçons semânticas no movimiento nacional galego e as luitas pola apropriaçom simbólica de algumhas palavras como “galeguismo” ou “nacionalismo”.

 

Do provincialismo ao 'nazonalismo'

Os primeiros passos dados no s. XIX e começos do XX face a restauraçom da soberania galega agrupárom-se primeiro sob o nome de “provincialismo” e posteriormente “regionalismo”. Na I Assembleia Nacionalista de Lugo, em 1918, tem lugar o ato fundacional do nacionalismo galego, condensado na seguinte frase do manifesto: “Tendo a Galicia todal-as caracteristicas esenciaes de nazonalidade, nós, nomeámonos, d-oxe pra sempre, nazonalistas galegos, xa que a verba rexonalismo non recolle todal-as aspiraciós nin encerra toda a intensidade dos nosos problemas.”

Nacionalismo como ideologia, e galeguismo como sinónimo de “nacionalismo galego”, que aspira a governar a sua própria terra completamente, mas sem demasiada concreçom. Nesses primeiros anos, o alvo dos ataques de distanciamento é regionalismo ("de lacom com grelos", como gostavam de ridiculizar), que passara de ser visto a finais do s. XIX como um separatismo, para converter-se numha roupagem descafeinada que todo político do país gostava de pôr algumha vez. Com maior radicalidade nos setores vinculados a Risco e a posterior cissom da Irmandade Nazonalista Galega, este primeiro nacionalismo nom se apresenta como oposto -ou polo menos nom demasiado diferente- do arredismo, que começava a ser elaborado polos setores mais jovens: Manoel António, Fermim Bouça, o grupo dos 20 arredistas da Corunha, Mocedá Galeguista d´Ourense, Mocidade Céltiga, etc... Na emigraçom a indistinçom nacionalismo-independentismo é ainda maior, sendo a Juntança Nacionalista de Havana, que coloca no seu vozeiro a palavra “independenza”, a segunda delegaçom das Irmandades com maior número de militantes. Tardarám uns anos em aparecerem, também na Ámérica, as duas correntes bem diferenciadas: a arredista e a autonomista.

Em 1931 os grupos nacionalistas de aquém-mar agrupam-se, nom sem discusons, sob o nome mais laxo de "Partido Galeguista". Para o poder espanhol galeguismo será sinónimo de arredismo, e boa parte do esforço discursivo dos dirigentes do PG -especialmente após o enfriamento do processo constituinte da República espanhola- irá encaminhado a desmentir este suposto sinónimo. "Nom somos separatistas", será umha das principais mensagens do nacionalismo galego nesta etapa, assim como os constantes apelos à lealdade à República espanhola.

 O pulso arredista virá de novo de mao da mocidade. Em 1935, Santiago Fernández -seguramente pseudónimo de Jaime Ilha- escreverá umhas linhas que reflictem mui bem o estado da questom nesses momentos: "Moitos homes do galeguismo falan nos mitins, escriben nos boletíns e din: nós non somos separatistas –como para ceibarse dise alcume que lles botan por riba–, nós imos tamén contra o separatismo; anque, engadéu algún, nós chegaríamos a xustificalo e axudal-o si o Estado hespañol continuase cego como ata agora pra os nosos probremas esenciás". Contodo, às vezes o independentismo aparece, mas nunca ao jeito de umha ideologia natural ou positiva, senom como reaçom ou ameaça: um independentismo negativo, "nós nom somos independentistas, mas se vós nom nos tratades como espanhóis, procuraremos a independência". Eis a lógica que seguiu a proclamaçom da República Galega de 1931, e as ameaças separatistas no mesmo ano de Blanco Torres, Vítor Casas e outros dirigentes do galeguismo.

Umha evoluçom política truncada 

Insistente negaçom pública do separatismo, e controlo dos movimentos arredistas entre as suas mocidades; identificaçom total do republicanismo com a ideia de República Espanhola, e polo tanto obstruçom da ideia de umha República Galega (os futuros dirigentes do PG brilhárom pola sua ausência na proclamaçom da República Galega de 1931: obra de arredistas e proletários, a sua memória foi completamente oculta; apenas Carvalho Calero, quem antes da constituiçom do PG, falou em público da constituiçom de umha República Galega) que defendiam o arredismo de além-mar; um regeneracionismo à galega consistente na defesa de um hespanholismo nom castelhanista e em forma de federalismo, fôrom três das mais importantes linhas ideológicas do PG, que condicionarám em boa maneira o nacionalismo contemporâneo.

Mas isto nom se entenderia sem ter em conta umha anomalia histórica: a nom continuidade do PG após o golpe de Estado de 1936. O nacionalismo de aquém-mar é incapaz de reorganizar-se na clandestinidade, e através de um dilatado processo  conhecido como pinheirismo, rompe com o nacionalismo no exílio, depurando a herdança que lhe dará às novas geraçons de qualquer resto de nacionalismo político, convertendo o galeguismo num movimento literário, assim como Castelao apenas num artista. O galeguismo começará já a configurar-se no franquismo tardio como umha a casa de acolhida das deserçons dos rigores da militância política, abastecida de prebendas literárias e na que convivem franquistas autóctones com antigos arredistas de juventude.

Os filhos pródigos de Ulm Roan encetam a recriaçom do movimento de libertaçom nacional apartir de um passado fragmentado, obrigados, com a deserçom dos dirigentes do nacionalismo histórico, a reconstruirem chanços que estavam chamados a superar. Tomam como corpus teórico o Sempre em Galiza, onde o emprego da definiçom de  "naçom" de Staline lhes justifica a conjugaçom entre nacionalismo e comunismo, mas do qual também herdam o federalismo e o anti-independentismo. Assim, umha nova geraçom que tomava como referentes os movimentos de descolonizaçom de Angola ou Argélia, e que se articulou com força e radicalidade, nom se atreveu porém a definir-se como independentista, mantendo a paradoxal esperança dum pacto federal com quem definia como Estado imperialista.

O abandono por parte dos homens de Galáxia do seu legado político, tivo umha outra consequência: PSG e sobretudo UPG tenhem que fazerem seu o legado do nacionalismo de pré-guerra, rematando, como os camponeses com problemas, sendo "herdados pola sua herdança". Como aqueles ortodoxos que buscam em Marx a soluçom a todos os problemas contemporâneos, o novo nacionalismo tivo que buscar soluçom para todos os seus desafios nos restos do velho galeguismo: assim buscárom-se as teses da luita anti-colonial em Castelao  ou um mártir filo-comunista em Bóveda... Encontrando só um autonomismo federalista e um projeto económico e social de tipo liberal radical. Por enquanto, toda a tradiçom heterodoxa era sumida num prolongado esquecimento. O arredismo d´A Fouce e da Federaçom de Mocidades Galeguistas, o socialismo independentista de Joám Jesus Gonçales, etc., apenas estám a ser descobertas desde há uns anos, para surpresa dum independentismo que nom contava com tam ricos antepassados.

Décadas de anti-independentismo

Se a UPG se mantém em certa ambiguidade na definiçom do seu nacionalismo -a consigna de "independência" apenas aparecerá durante o ano 1976- as suas cissons e evoluçom das mesmas, a começar pola UPG-Liña Proletaria, definem-se já claramente como independentistas, nascendo o arredismo contemporâneo. Primeiramente a marcagem de distâncias com estas, e posteriormente, a reapariçom da luita armada, acentuam o anti-independentismo do nacionalismo hegemónico. Em datas tam recentes, como 2000, durante o seu X Congresso, a UPG sinalava a necessidade de "estar vixiantes a respeito da promoción de posicións que con aparencia de suposta radicalidade -por exemplo, o ideoloxismo ou verbalismo independentista- só contribuirán a frear o proceso de avanzo do nacionalismo galego", reclamando umha alambicada "transformación do actual marco xurídico-político do Estado español nun novo marco estatal comun baseado no recoñecimento da soberania nacional das nacións que o integran, nunha relación en pé de igualdade de tipo confederal". Assim, a vulgata nacionalista dos últimos anos –insustentável à vista dos dados objetivos- sinala o independentismo como principal atranco ao crescimento do nacionalismo, e bode expiatório das suas impotências. Ao mesmo tempo, o sacrifício e condena do independentismo, a jeito de eficiente serviço interno de ordem, foi apresentado como a melhor estratégia para o crescimento dum nacionalismo que carecia completamente de recursos próprios, e que a falta de contra-poder que impor, apenas podía oferecer-lhe a Espanha umha “boa conduta”, ficando (de)pendente da "imagem" que davam dele os meios informativos, e polo tanto buscando agradar-lhe. Tanto que mesmo agradou a Fernando Savater ou Esperanza Aguirre. Por palavras de Antom G. Matos na altura: "O tacticismo do BNG, utilizando o conceito de táctica proposto por Michel de Certau, leva-o a umha ausência de lugar próprio (de espaço próprio, incluido o simbólico), sem umha fronteira que distinga o inimigo como umha totalidade visível, o seu universo é o universo do inimigo e portanto deve conformar-se com atuar submetido à pressom e chantagem constantes deste"-

"Eles atácannos a fondo como separatistas. E a esto poderíamos responder: ¡Non somos separatistas! Díxeno moitas vegadas e repítoo agora: os arredistas son eles, porque perderon todo canto tiña Hespaña". Entre 2005 e 2009, Anxo Quintana bem poderia fazer suas estas palavras de Castelao, após a campanha realizada para pregoar por toda a parte o nom-independentismo do BNG. Antes, em 1998, a imprensa espanholista lançara umha pequena tormenta por volta da Declaraçom de Barcelona. O BNG acudiu presto a cortá-la sinalando que nem tam sequer exige "agora" o direito de autodeterminaçom, abandonando acordos com organizaçons bascas e catalás. Som apenas alguns exemplos recentes.

Todos galeguistas, todos nacionalistas

Já sinalamos como nos começos do movimento restaurador galego o regionalismo passou de ser um movimento incômodo para o poder espanhol a umha etiqueta inóqua empregada para dar um toque plural a Espanha. O galeguismo, passou também de ser o nome que recebia o nacionalismo emancipador na Galiza, a umha categoría literária no que todo o mundo cabe e que nada significa. E, mesmo em melhores épocas, antes da atual vaga recentralizadora, o nacionalismo, suavizado com o adjetivo de "moderado", foi assumido polas juventudes galegas do PSOE e PP. Em 1991, com um Exército Guerrilheiro do Povo Galego Ceive ainda ativo, o PP galego de Fraga e Cuiña aposta por um projeto "nacionalista moderado" no seu VI Congresso Regional, baseado no "princípio de autoidentificaçom". Com certeza, este fenómeno ainda nom foi suficientemente estudado. Apontamos, quanto menos, a ambivalência que apresenta: pois se por umha banda é umha estratégoa de apropriaçom de capitais simbólicos para de passo esvaziá-los de conteúdo, também evidencia polo mesmo certa hegemonia ou potencial. Ainda na Galiza de hoje, com o novo PP, nengum político se atreveria a apresentar-se como anti-galeguista.

Todos independentistas?

A já tradicional indefiniçom da UPG, e o seu temor ao independentismo, começam a abalar em 2011. Com umha convulsa assembleia nacional do BNG à vista, a ideia até entom apenas defendida por independentistas, de criar umha República Galega, começa a aparecer em artigos no Terra e Tempo digital. O primeiro seria Bieito Lobeira, com um artigo intitulado "Pola República Galega!" (16/07/2011), no que sinala que "O moderno e innovador, o necesario, é a reivindicación, para Galiza, dun Estado libre, republicano, democrático e popular". Uns dias depois María Obelleiro publica "A nosa non é a República española (nin a súa bandeira)", denunciando que o imaginário republicano galego se reduza à República Espanhola. Em "A camiño da soberanía" (10/12/2011) Néstor rego sinala, já em total consonância com o que posteriormente aprovará o BNG e a UPG, que  "...precisamos tamén de explicitar a alternativa de soberanía, que debe concretarse nun Estado galego democrático, laico e republicano: a República da Galiza. O BNG sairá gañando se ao tempo que enuncia os obxectivos tácticos esclarece a alternativa estratéxica. Porque se precisa un proxecto político non apenas coerente, mais tamén ilusionante. E nestes tempos de confusión, unha posición clara e decidida no nacionalismo e na esquerda é a mellor maneira de recuperarmos a confianza e a ilusión de moitos galegos e galegas que aspiran a un futuro diferente nunha patria liberada." Posteriormente, em 26 de janeiro, a XIII Assembleia Nacional do BNG celebrada em Ámio aprova pola primeira vez nas suas teses a República da Galiza como objetivo: "...a defensa de propostas tácticas polo BNG, cando for oportuno, debe ter moi en consideración se axudan a reforzar o camiño, a estratexia, para avanzar cara á soberanía nacional. A soberanía debe concretarse, a través do exercicio de autodeterminación, nun Estado galego democrático, laico e republicano: a República da Galiza. A participación, se así o decidir o pobo, do Estado Galego en unidades políticas superiores, quer no ámbito peninsular –de tipo confederal-, quer no europeo e internacional, terá como condición indispensábel o pleno respecto á súa soberanía". No 7 de junho a UPG realiza o seu XIII Congresso Nacional em Compostela. Néstor Rego, novo secretário geral fai um chamamento "hoje mais que nunca" a "construir, em exercício do direito de autodeterminaçom, a República da Galiza". O seu predecesor no cargo, Francisco Rodríguez, explica no Sermos Galiza que "O nacionalismo é incómodo e faise aparecer o galeguismo como alternativa. Galeguista é o PP e o PSOE, mais... que é o galeguismo? Todo e nada. No fondo non se cre no país. É o estereotipo do galego que non sabe se sobe ou baixa levado á política. Dise que cómpre rematarmos cos radicalismos e eu pregúntome se é radical dicir que o galego é a nosa lingua, que temos que producir ou defender unha república galega", e no 28 de junho dá na Corunha umha conferência sobre o inaudito título de "E por que non unha República Galega?". Note-se que se bem se fala de Estado próprio e de República da Galiza, a UPG mantém ainda as palavras "independência" e "independentismo" sob um tabu.

Também ANova, o novo projeto liderado por Beiras, quem antes da Assembleia de Ámio ameaçara com deixar a fronte se nom recuperava o soberanismo, se define como independentista. Na Assembleia Constituínte do 14 de julho, Beiras encerra o discurso arengando a proclamar a "República independente da Galiza", apelando à "independência" e a umha "creba democrática", "porque só desde a independência se pode ser solidário. Desde o saber quê somos, donde vimos, só desde ali, se pode ser internacionalista e solidário", chamando à "independência no sentido próprio da palavra".  Concluindo que "é hora da soberania popular, é hora da creba democrática, é a hora da rebeliom e é a hora da República Galega", à par que os assistentes coroárom com palavras de "independência". Se bem é verdade que Esquerda Nacionalista e depois Encontro Irmandiño tenhem advogado nos seus textos pola República Galega ou a "autodeterminaçom cara a independência", é a primeira vez que estes postulados transpassam o ámbito dos textos para o discurso público e sem o tabu de falar claramente de independentismo, com o que nunca se quigérom identificar.

Ainda é cedo para sabermos se estamos perante umha radicalizaçom sincera, um independentismo “de lacom com grelos”, ou um efeito inesperado da crise da política. Em todo caso, parece que quem queira sobreviver vai ter que falar –embora seja para desfigurá-lo, como o nacionalismo de Fraga– com a linguagem da Galiza que se mantivo firme nos últimos anos, essa à que apenas lhe chegou com essa velha e pouco sofisticada consigna de “independência”, desaconselhada por todos os estudos de márketing político, mas enchida de factos. Factos serám também os únicos que podam dar-lhe vida, pois como dizia Martí o melhor jeito de dizer é fazer.


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