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RaulliberdadeGaliza - Ceivar - Raúl Agulheiro foi separado da sua contorna vital em Outubro de 2014. Destacado ativista em prol dos ámbitos de defesa do idioma, das equipas galegas, da solidariedade com as/os retaliadas/os e dos movimentos independentistas. Desde entom está preso e dispersado em Mansilla de las Mulas (León) a 350 quilómetros da sua morada.


Reproduzimos a continuaçom a entrevista feita para o Organismo Popular Anti-repressivo CEIVAR do preso independentista galego  Raúl Agulheiro.

Raúl Agulheiro foi separado da sua contorna vital em Outubro de 2014. Destacado ativista em prol dos ámbitos de defesa do idioma, das equipas galegas, da solidariedade com as/os retaliadas/os e dos movimentos independentistas. Desde entom está preso e dispersado em Mansilla de las Mulas (León) a 350 quilómetros da sua morada.

Em que contexto se realizou a tua detençom?

Estivem todo o dia com Luzia, depois de jantar num restaurante com ela colhimos o carro para ir até a minha casa. Como nom havia onde aparcar bem aparcara-o mal justo enfrente do portal, nom me preocupava porque somentes ia recolher ao meu irmao e íamos para Ribadeo. Como Lucas ainda nom estava listo para sair fizem algo de tempo até que escuitei umha buzina. Intuim que era pola ubicaçom do carro e baixei aparta-lo com o "posto" – umhas chancletas, o chándal, a camisola e sem documentaçom-.

Quando arranquei e avancei os primeiros metros vim um carro em direçom contrária, cara mim e que se atravessava tirando do freio de mao. Foi entom quando olhei polo retrovisor e vim que outro carro me fechava a saida pola parte posterior. Detivem o carro e entre seis e oito guardias civís baixárom das suas carrinhas e rodeárom-me obrigando-me a baixar do meu.

Nada mais baixar-me algemam-me com sobrada violência e subem-me a outro carro tapando-me a cara. Conduzem-me a toda velocidade e com as sereias postas até o bairro das Cancelas. De caminho recebo ameaças sobre novas detençons e dim-me que "a caguei".

Ao chegar sacam-me do seu carro e empurram-me até um quarto continuando com as ameaças. Sigo a estar com a cara tapada e nom saberia dizer quanto tempo passei nessa sala. Depois voltamos ao carro policial e anunciam-me que tenho que ir com eles a registrar a minha casa. Quando chegamos descubrem-me o rostro e já vejo a rua tomada por muitos carros da Guardia Civil. Nesse momento podo ver ao meu irmao que lhe estám a impedir o passo ao começo da rua. Com as minhas chaves abrem o portal e subimos a toda pressa polas escaleiras. Antes de entrar no andar perguntam-me se há alguém dentro, cousa que nom sabia.

Entrárom entre quatro ou cinco guardias civís ao grito de "Guardia Civil" e abrirom todas as portas. Num quarto atopava-se Luzia e escuito que lhe dim "al suelo" repetidas vezes mas nom consego ver nada. Quando a encerram num dos quartos mandam-me passar, registram a casa e em nengum momento me deixam ver a Luzia.

Ao remate do registro saimos correndo e voltárom tapar-me a cara metendo-me num carro que sae mui rápido à altura do Centro Social A Gentalha do Pichel. Nesse momento escuitei berros que polo comentário de "ahí están tus primos" entendia que eram de apoio e ánimo.

Ao levar ums minutos no carro comunicam-me que nos dirigiamos a fazer um registro num monte. Todo este tempo vou com a cara tapada até que chegamos a outro sítio. Tras "passear" um anaco dim que há explosivos e já começárom a dizer-me que a ver "se era umha trampa", "que se estoupa seria eu o primeiro em morrer". É por isto que me deixam diante dum de eles para que faga a funçom de "escudo humano". Namentras outro se achega com cuidado, o resto, junto à secretaria do Julgado, aguardam ao lonje. Umha vez que intuem que nom se trata de umha trampa sacam-me de lá e voltam tapar-me a cabeça e já nom vejo nada do que acontece.

Novamente noto como se achegam a mim para dizer-me "seis años más y ya llevas dieciocho"... e voltamos para as Cancelas. Metem-me nos calabouços e eles registram o meu carro. Quando rematam dim-me que imos para Madrid. Ao subir-me ao carro de novo com a cara tapada tiram-me auga por enriba e acosam-me com perguntas e ameaças. A viagem é agobiante, nom param de golpear-me a cabeça e de zarandear-me.

Durante o trajeto paramos duas vezes, a primeira devido ao mareio que tinha pola situaçom e a segunda "para cumplir com as suas ameaças". Dim-lhe ao condutor que pare que me vam matar. Ao ir freando o carro abrem um bocado a porta e empurram-me cara ela. Na terceira parada já chegamos à comisaria central de Madrid.

Durante toda a detençom perdim a noçom do tempo polo que nom saberia dizer como fôrom os acontecimentos. Estiverom constantemente levando-me de umha sala para outra com contínuos interrogatórios que rematavam sempre com ameaças por nom respostar às suas perguntas. Eram interrogatórios agobiantes nos que eles já me davam as respostas que queriam escuitar. Empregárom diferentes métodos como o do polícia bom e o polícia mau, chantagens, paternalismos e algum que outro golpe.

Assim foi como decorrérom os três dias de incomunicaçom que se fizérom mais levadeiros pola apariçom do meu médico familiar. Na última noite dixérom-me que prolongariam dous dias mais a incomunicaçom mas finalmente nom foi assim, na manhá, após o derradeiro interrogatório, comunicarom-me que me levariam por fim à Audiencia Nacional.

Agora que te atopas em prisom provisional e sem fiança, como afrontas esta situaçom no pessoal e no político?

Primeiramente no pessoal cabe dizer que é umha situaçom completamente nova. Estás isolado da tua gente e as relaçons com a tua família, parelha e amizades cambiam. Cá som elas/es as/os que passam um test porque terám que sacrificar-se para manter viva a relaçom. Eu desde cá dentro pouco podo fazer e é injusto. Incluso nas chamadas, ao ser nós os únicos que podemos ligar para elas/es, se tenhem um problema nom existe reprocicidade.

Ainda me resta muito por aprender da vida da cadeia, som um novato mas por sorte muitos companheiros, tanto galegos coma bascos, estám apoiando-me. Marcar-se umha rutina de estudo, fazer desporto, etc som somentes ums poucos ejemplos.

Cá a vida é mui diferente à da rua e, coma todo, tem as suas vantagens e os seus inconvenientes. Há que ser positivo e pretendo aproveitar ao máximo as possibilidades que se me presentam. Se bem há cousas que na rua poderia fazer, outras, estando nesses lares nom teria opçom de fazê-las.

No ámbito político convertimo-nos em vítimas mas este nom é o nosso papel. Nom acredito nos "mártires", somos simplesmente os castigados dum conflito e é ai onde devemos de atuar mantendo a dignidade e trabalhando pola consecuçom social e nacional da Galiza. Com todo, isto nom no imos ganhar desde as cadeias, a luita está nas ruas e isto nom podemos esquece-lo. Nós pouco podemos fazer desde cá, mantemo-nos firmes naquelo que fumos toda a vida, pessoas comprometidas com o País.

Como funcionou a solidariedade durante este tempo?

Ao entrar na cadeia atopas-te perdido e tratas de assimilar todo o que está a acontecer. Tivem a sorte de coincidir em Soto del Real com presos bascos e desde o primeiro momento tratarom-me coma um igual, derom-me roupa, assesorarom-me e em todo o que puiderom e ajudarom-me em todo o que lhes pedim, incluso até me derom comida e algum que outro capricho coma bolachas ou Nocilla. A adaptaçom com a sua aportaçom fizo-se milhor, mais levadeira, sobre todo nos primeiros dias onde nom tens contacto com o exterior parece que estás só mas nom é assim. Tratarom-me como dizia antes, como um mais e o respeito que sintem cara o movimento galego é imenso. Como quem di já me estavam esperando para amosar-me todos os intríngulis do módulo. Os bascos com os que estou em Mansilla de las Mulas já estiverom  com o ex preso independentista Jose e mais recentemente com Eduardo polo que sabem do nosso caso.

Falando da solidariedade propriamente dita como movimento social cumpriria salientar que devemos denunciar de jeito sistemático a repressom e nom somentes questons puntuais. Som consciente das consequências políticas que este trabalho pode trazer para quem mira exclusivamente interesses partidistas mas se o entendéramos coma um interesse da nossa Patria, é dizer, que o Estado Espanhol tenha sequestrado a militantes independentistas por ser independentistas, isto deveria ser denunciado e formar parte do trabalho de todas as organizaçons que se digam patriotas.

Muito se poderia escrever disto mas seguramente nom seja o momento. Devo igualmente agradecer a vontade e a solidariedade de todas/os as/os que a mostram porque a solidariedade está alimentando a este Povo e nom imos perdonar ao verdugos. Devemos de tirar o medo à criminalizaçom que faz Espanha ao movimento solidário e que trata de de fiquemos quedas/os.

No aspeito mais pessoal há que dizer que sentim a solidariedade desde mui perto e desde bem rápido. Já na detençom ouvim berros de apoio e polo que me comentárom houvo concentraçons com boa afluência. Como mencionava, isto nom deve ficar ai, devemos de conseguir umha denúncia contínua. Polo demais umha carta é umha pequena mostra de solidariedade mas cá faz-nos estar mais perto do nosso Povo embora estejamos a centos de quilómetros.

Em definitiva, ao meu entender, a solidariedade nom é negociável. O Povo tem que compreender que a repressom existe e que estamos a ser julgadas/os polas nossas ideias políticas. Somos presas/os políticas/os e nom imos deixar que se camufle esta realidade. A maneira que temos de fazê-lo é a dum Povo que nom cala e que ansia a liberdade.

Ao ser um preso político terás que enfrontar-te com um tribunal de exceçom e à dispersom, como influe isto para ti?

Sobre a dispersom é simplesmente um castigo para as nossas famílias e achegadas/os e isto é inegável. Na Galiza há cárceres suficientes para manter às/aos presas/os políticas/os galegas/os polo que esta escusa nom serve para que nos desloquem a centos de quilómetros. A dispersom também conleva um maior custe e maior perigo, nom podemos obviar a constante crise económica e isto faz que seja mais complexo viajar. Também existe o risco de acidente como já aconteceu em algumha ocasiom e do que os únicos responsáveis som os que imponhem a atual política de dispersom. Além disto, cá dentro "tortura-nos" estar pensando se a viagem foi bem e se nom houvo problemas, etc.

Por outra banda, estar ante um Tribunal de Exceçom significa a nulidade de garantias jurídicas. Praticamente já estamos julgados antes de que se celebre o juízo e isto puidemo-lo ver em suficientes ocasions e nos médios de comunicaçom que baixo a palavrinha "presuntos" encargam-se de condenar-nos.

Haveria que perguntar-se sobre a autoridade da Audienca Nacional para julgar a militantes galegas/os e por suposto sobre os tintes claramente anti-independentistas que tem o mesmo.

Tu es um rapaz muito novo mas ainda assim levas com dignidade esta situaçom. Que dirias ao respeito?

Nom acredito que a dignidade vaia ligada em todos os casos à idade. Qualquera pessoa pode levar umha situaçom semelhante com dignidade se tem as suas ideias claras. Cá o que buscam é precisamente isso, arrebatar-che as ideias, negar que somos presas/os políticas/os, humilhar-te. Simplesmente mantemos a força e raiva que tínhamos na rua para nom deixar-nos pisar mas nom somos diferentes a ninguém, temos as ideias claras e somos coerentes com os nossos princípios.

O que demonstra a nossa juventude é que somos nós, a mocidade, o motor dumha sociedade, dum ideário; temos que conquistar o nosso futuro que pinta muito preto mas as/os boas/bons e generosas/os saberemos aparcar as nossas diferências e subir todas/os ao mesmo carro com o fim de construir um futuro na nossa Terra, liberada e justa.

Levamos décadas ponhendo-nos o pé mutuamente, acho já chegou a hora de que a mocidade se converta na vanguárdia da esquerda independentista do nosso País, de demonstrar madurez política e pessoal e de criar espaços de confluência, amplos e plurais com um claro projecto de País. Se o conseguimos o futuro será nosso, porque juntos somos invencíveis e poderemos chegar a ser umha verdadeira opçom, umha alternativa para toda a sociedade e nom quedar-nos num mero intento.

Para isto, claro está há que atuar com generosidade, saber ceder e fazer auto-crítica, se assim o fazemos demonstraremos um firme compromisso com a Galiza.

Quais som os problemas que consideras que afronta a mocidade galega?

O principal problema que afronta a mocidade chama-se Espanha e todo o que ela implica. Isto é capitalismo e patriarcado. Um país que reprime a quem levanta a voz ante as injustiças, que assassina a travês do seu fanatismo patriótico, que é dócil com os de arriba e duro com as/os de abaixo, que bota às famílias enteiras à rua mediante despejos, que rescata às caixas e pouco faz com quem defrauda a Hacienda, que convirte num parque temático a nossa costa para os turistas, que destrói a Educaçon, a Sanidade, e todos os serviços públicos, que convirte algo que era de todas/os, como a Justiça, num instrumento para ricos e poderosos, um país no que a Igreja segue a ter um peso enorme, que é machista e demonstra-o com leis como a do aborto, que condea a milhares de moças/os a emigrar para buscar-se um futuro... Um país em última instância repressivo, corrupto e que corta as asas da liberdade dos Povos aos que somete.

Muita gente considera que perdedes media vida dentro da cadeia por ums ideiais, que podes dizer?

Bom, o primeiro de todo comentar que nom somos nós as/os que queremos estar cá dentro, se nom que somos encarceradas/os com mais ou menos provas e posteriormente condenadas/os a penas desorbitadas. Dito isto, e já que se preocupam pola nossa vida, pedirlhes que mostrem a sua solidaridade com nós e reclamen a nossa liberdade.

Estamos Presos por ser independentistas.

Nom considero, igualmente, que perdamos média vida cá dentro. E certo que cá temos umhas restriçons das que nom gostamos e que nos fam levar umha vida mui diferente a como seria na rua, mas temos que ver o lado positivo das cousas nom? Na rua centos de moças/os estám a ser exploradas/os nos seus postos de trabalhos, trabalhos a sua vez que odiam e que se afastam daquelo para o que estudarom, depois tenhem grandes problemas para fazer a sua vida, mercar umha casa ou um carro que está fora do alcanço da maioria da mocidade.

Na cadeia estes problemas que parecem correntes desaparecem. Podemos levar umha vida, com todos os inconvintes, mui frutífera. Temos tempo para levar umha vida saudável, cuidar os nossos estudos... etc. E levamo-nos ademais umha grande experiência da vida, vemos a miséria desta desta sociedade, etc.

Entom, dis que a vida na cadeia é melhor que na rua?

Para nada, o que quero dizer é que o bom nom é tam bom, nem o mau tam mau. Tratamos de afrontar esta situaçon explorando aquelas vantagens com as que contamos e levando e superando da melhor maneira possível os atrancos, impedimentos e limitaçons, que som muitíssimos.

Tu estás a pagar um preço mui elevado pola tua militáncia, que pensas de como se estám ponhendo as cousas na rua com as ameaças de multa e prisom da Lei Mordaça? Estamos condenadas/os a ficar na casa para nom ser sancionadas/os?

Opino que as/os que ficam na casa estám deixando que ganhem eles, pois esse é o seu objetivo: convertir às pessoas com princípios em sujeitos dóciles, com todo, cada quem tem que saber até onde quere dar que, como di o dito: "de valentes está repleto o cemitério".  Esta claro que ninguém pode assumir o pago de multas, e muito menos o passo por prisom, mas nom acredito que o caminho seja estar na casa, é momento de recuperar as nossas liberdades, e para isso somentes há um caminho, a luita.

Este ano levara-se a cabo a IX ediçom da Marcha às Cadeias na que participa-ches sempre desde fora da prisom, agora estando dentro que aguardas?

Sempre a vivim desde fora e sempre tivem a ilusom de transmitir toda a minha força e apoio às/aos presos independentistas galegas/os. Esta vez as tornas, por desgraça cambiárom, e poderei descubrir se o que era meu objetivo se cumpria. Acho que é um orgulho para as/os que estamos dentro, saber que atos como a Marcha as Cadeias segem a celebrar-se, que dúzias de pessoas se desloquem a centos de quilómetros para que sintamos mais perto a nossa Terra é incrível e ainda mais numhas datas como nas que se vem celebrando.


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