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220914 xlscGaliza - Sermos Galiza - [Jesus Manuel Pinheiro] Antom Santos foi detido em Lugo a 3 de dezembro de 2011 sob a acusação de pertencer a Resistência Galega, sendo condenado pola Audiência Nacional espanhola em 2013 a 10 anos de prisom (o Supremo rebaixaria a pena a 7 anos e 9 meses). 


“Nom foi um julgamento justo”, opina o pai de Antom Santos, Xosé Luís, “por isso apresentou-se recurso pedindo a sua nulidade, pois para nós é umha evidência que o direito à defesa foi vulnerado”.

“Levam alguém e durante dias nom sabes nada, nom sabes nem sequer onde está. E esse alguém é o teu filho”. Xosé Luís Santos Cabanas fala na sua casa em Teio, perto de Compostela. Umha casa que desde dezembro de 2011 tem como ponto de referência Aranjuez, a 650 km, onde fica a prisom em que o seu filho Antom permanece preso há quase três anos. “Em certa forma, nós também estamos presos lá”, reconhece, como sabendo que aos e às familiares das pessoas presas nom é de aplicaçom aquela frase de Joseba Sarrionaindia: “As prisons constroem-se para que os que nom estám dentro pensem que estám fora”.

A 3 de dezembro de 2011 Antom era detido em Lugo, acusado de ser membro da Resistência Galega. Aplicárom-lhe a Lei Anti-terrorista e desde entom e até agora, vai caminho dos 3 anos, já só pudo vê-lo em prisom, e em muitas das visitas só através de um vidro. Como defronta umha mae ou pai umha realidade assim?

A detençom em si já é um golpe muito, muito duro. Que lhe apliquem a lei anti-terrorista, que passes dias sem saber nada dele... vam acrescentando mais momentos duros: Levam a alguém e durante dias nom sabes onde está. E esse alguém é teu filho. O Antom foi preso um 3 de dezembro. Ao dia seguinte, o dia 4, ligou-nos um amigo para nos dizer que prenderam o Antom. Podes imaginar-te como se recebe umha nova assim... e nom tínhamos informaçom de nada. O dia 7 os pais de María (detida com ele) dim-nos que está na prisom de Soto del Real. Isso foi quatro dias depois de que o detivessem em Lugo! Estivemos quatro dias sem saber nada del. A 8 de dezembro pudemos falar com ele ao telefone. 45 segundos, nem um mais, nom lho permítirom. O dia 9 fomos a Aranjuez, onde estava preso. Informamo-nos de que umha pessoa que é presa tem direito a ver os seus familiares diretos o fim de semana seguinte. Chegados lá, os funcionários negavam-se a deixar-no-lo ver. Insistimos em que tínhamos direito e entom parece que aceitavam, levando-nos a um locutório, mas o locutório estava baleiro, Antom nom estava lá, tinham-no incomunicado... Eses factos denunciamo-los nos tribunais de Compostela.

Foi passadas duas semanas do dia da detençom quando pudemos vê-lo por primeira vez, com vidro polo meio. Mas também para isso tivemos que agüentar: Após percorrermos de novo 650 km para chegarmos até lá, um funcionário chegou a dizer-nos que para o podermos ver tínhamos que ter autorizaçom dele desde dentro. Isso era impossível porque durante essas 2 semanas nom tivemos nengumha possibilidade de falar com ele, nom nos deixavam. Estás numha situaçom surrealista. Por muito que argumentes ante eles é como falar com umha parede. Diziamos-lhe que éramos os pais e ele limitava-se a responder: “Serán los padres, pero yo no sé si él quiere verlos”.

Consideras entom que a política penitenciária também pune os familiares das pessoas presas?

A pessoa presa passa-o mal. Também os que estamos fora em certa maneira estamos presos. Vês que a política penitenciaria está cheia de travas, de cambadelas... para ir desgastando, minando, punindo... Um exemplo é o dos telefonemas. Antom tem direito a fazer 8 de 5 minutos cada um. Telefonemas a realizar a umha série de telefones previamente autorizados. Para che autorizarem tens que mandar o nº com os teus dados e umha factura que confirme que esse telefone é teu. Pois bem, nós nom tínhamos facturas em papel porque havia tempo que no-las remetiam por email. Imprimimo-las mas a Prisons nom lhes servia porque nom era um original. Lembro-me que passárom mais de dous meses até que lhe autorizárom ligar.

O das visitas é outro mundo. Tens que passar por um arco detetor de metais que sempre toca ao passarem mulheres, revistam-nas a quase todas. Vam-che levando de trecho em trecho do cárcere, fechando às tuas costas umha grade antes de abrir a de diante. Antom tem direito durante o mês a um ‘vis-à-vis’ (frente a frente) íntimo e a outro familiar, que coincide sempre em dias de semana, com o que isso implica porque obriga a fazer mil malabares a nível laboral. Nós pedimos com certificados que, por motivos laborais, pudéssemos visitá-lo aos fins de semana. Aceitárom, mas que entom seria umha vez a cada três meses em vez de umha a cada mês. Decidimos visitá-lo pola semana, claro, solucionando como pudermos os problemas nos nossos respetivos trabalhos.

Consideras que existe umha legislaçom especial para aplicar a pessoas presas como as condenadas ou acusadas de serem membros da Resistência Galega?

Polo que é a minha experiência, todas as famílias de presos, independentemente da sua condiçom ou motivo da detençom, sofrem de algum ou outro jeito umha política penitenciária de grande crueldade que pode ser cualificada de ‘surrealista’. Poderia dar um bom quinhom de histórias de despropósitos nas relaçons dos familiares com o presídio de que fomos testemunha. Mas no caso do Antom e os outros presos independentistas está a aplicaçom da dispersom e que som já de entrada catalogados FIES (Ficheiros de Internos de Especial Acompanhamento -Seguimiento, em espanhol-) com todo o que isso supom.

Há normas e medidas para complicar as cousas que parecem mais simples. Por exemplo, os pacotes que podes enviar-lhe. Apenas podem ir livros e roupa, mas mesmo assim também é umha odisseia entregar-lhos. ando detiveron a Antom un amigo que foi preso político baixo o franquismo deume unha serie de consellos... e non valían para agora porque na actualidade é máis duro! Eles, daquela, podían recibir paquetes de comida da casa, por exemplo. Agora non, o preso só pode mercar no economato da prisión cuns vales (previo ingreso desde fóra da prisión de diñeiro para ese preso)... Ademais, un paquete para un preso só o pode levar ao cárcere unha persoa autorizada. E na prisión de Aranxuez cando imos ao ‘vis a vis’ con Antom non nos autorizan a pasar o paquete aproveitando a visita. O paquete só pode entrar os días que a cadea determina, que non teñen por que coincidir coa visita dalgún familiar ou dalgún amigo, e no noso caso estamos a falar desa distancia de 650 quilómetros que hai que percorrer.

Há familiares que denunciam que nom há mais lógica por trás de alguns trámites penitenciários que a de procurar desesperar as pessoas

Desesperam, na verdade. Agora vem o inverno. Em Aranjuez as temperaturas som abaixo de zero. Queremos fazer-lhe chegar um pacote com roupas de agasalho e vai ser umha odisseia. Tardamos mais de 2 meses em poder-lhe dar uns ténis para fazer desporto, porque ele faz atletismo e treina também no presídio. Os que tinha tinha-os desfeitos...

Assistiu ao julgamento na Audiência Nacional espanhola e mesmo escreveu depois um artigo (‘Castelao na Audiencia Nacional española’) em que qualificava o que ali viu como todo um despautério...

Eu era a primeira vez que ia a um julgamento, nunca estivera num. E a imagem que levei foi de um puro esperpento. Eu considerava que numha instituiçom como a Audiencia Nacional espanhola o mínimo que se lle exigia aos juízes era estar despertos. Mas houvo um magistrado que estivo a dormir o tempo todo. Nom dava para acreditar. O presidente daquele Tribunal colocava o microfone de tal maneira que ninguém entendia o que dizia. Só se lhe ouviu bem quando ordenou expulsar os peritos da defesa (Carlos Taibo e Bernardo Maiz). Eles, que tanto dizem da importáncia das formas e que tanto dizem cuidar todo esse boato...e quando falava a defesa fechavam os olhos, que passavam a abrir na vez da acusaçom. Lembro-me de que os que estávamos no público tivemos cara de surpresa os quatro dias do julgamento.

E a respeito das acusaçons contra Antom Santos?

Eu nom vim que ali se apresentasse nem umha só prova clara e contundente que validasse as acusaçons contra Antom e os seus companheiros. O único que presenciei foi como o que levaba meses lendo na imprensa procedente de ‘fontes policiais’ voltava a dizer-se ali umha e outra e outra vez.

Mas finalmente foi condenado por fazer parte da Resistência Galega

Eu acho que a Resistência Galega está a ser usada como desculpa para os manterem presos e também para tentar meter medo noutros setores. Estamos a derivar a cenários muito perigosos nos que a min poderiam-me deter simplesmente polo que digo nesta entrevista e a ti por publicá-la.

O Tribunal Supremo rebaixou a sentenza condenatoria da Audiencia Nacional a Antom, de dez anos de prisión a 7 anos e 9 meses graças um recurso da defesa, recurso que mantenhem no Tribunal Constitucional

Presentouse un recurso pedindo a nulidade do julgamento por entender que nom fora respeitado o direito à defesa. Esse recurso está agora no Tribunal Constitucional, como passo prévio necessário para poder ir a Estrasburgo. O certo é que nom temos muita confianza no TC, sinceramente non cremos nin que sexa admitido a trámite. O TC estase vendo que se caracteriza polas súas sentenzas sempre a favor dos poderes estabelecidos, está muito situado á beira desa direita cerrada que governa o Estado espanhol. E mentres se segue todo este procedimento eles têm que continuar presos, enquanto o tempo continua a transcorrer.

O pleno da Cámara Municipal onde moras e de onde é Antom, Teio, aprovou umha moçom em que denunciava a dispersom à que era submetido o vosso filho e pedia o fim das ‘políticas de excepçom’.

É importante que o governo do concelho onde moramos seja consciente do que se tem que passar como conseqüência de ter um filho na cadeia, do que significa para as famílias e para os amigos o afastamento de um familiar, de que em cerca de três anos levamos mais de 25.000 quilómetros percorridos, e já nom somos uns nenos, os anos pesam. Agradecemos e valorizamos esse gesto. Também polo que supom de rachar com esse disco arranhado que durante meses sofremos na imprensa e também durante o julgamento e que parecia gravado pola mesma pessoa, que apresentava o Antom como algo que sabemos que nom é. Ele estava envolvido em movimentos e projetos em que luitava por umhas ideias e por uns objetivos. Salvando as evidentes distáncias, nom o vejo muito diferente do que está a fazer a ANC na Catalunha, que trabalha em prol da consciência nacional do seu país.

Fum no seu dia ao pleno e nom entendim a insensibilidade da representante do PSOE e do PP, e a do vereador independente. Falavam "polo livro" de umha situaçom que nom conhecem. Nom lhes desejo a nengum deles que passem por umha situaçom semelhante a que nos tocou a nós. Se calhar é melhor para eles pessoalmente que continuem sem saber nada da política penitenciária espanhola, e digo pessoalmente, pois no político estas atitudes de insensibilidade, de olhar para outro lado e de desconhecimento da realidade pola que estamos a passar uns vizinhos do concelho... no político merecem-me outra consideraçom.

As famílias das pessoas independentistas presas mantedes contacto ou relaçom? Ter um familiar direto preso faz com que se estabeleça algum tipo de relaçom especial com outras pessoas na mesma situaçom, nom é?

Mantemo-nos em contacto, mas de jeito informal. Com os pais de Maria Osório (a companheira de Antom) há mais relaçom, já desde que ambos fôrom detidos em dezembro de 2011. Tamén temos contacto com familiares de Eduardo, de Teto, de Carlos Calvo, com a gente de ‘Senlheiro’ (Hadriám Mosqueira). Nom há umha relación estável mas sabemos onde estamos. Todos viajamos no mesmo comboio, por dizê-lo de algum jeito: Sofremos nos nossos lombos os quilómetros até as prisons, as mesmas dificuldades e preocupaçons, as mesmas relaçons difíceis com o sistema penitenciário...

Podes visitar o Antom umha vez por mês. Como está após 33 meses preso?

A última vez que o vim foi em agosto e já nom voltarei a poder vê-lo até o vis-à-vis do 17 de setembro. Ele resiste de umha maneira impressionante, algo que eu, sinceramente, nom seria capaz. Agüenta a trovoada, sabe abrigar-se. É umha pessoa que organiza muito bem o tempo: investiga, escreve, lê muito... mesmo recuperou umha afeiçom que tinha abandonado na adolescência como é o desenho. Faz desporto, atletismo, com uns treinamentos duros. E mantém umha relaçom correta com o resto dos presos, civilizada sabendo o difícil que é aquilo. Ele está em regime de FIES o que supom, entre muitas outras cousas, que lhe intervenhem todas as conversas orais, escritas, telefónicas... É algo com o que nom consigo costumar-me. Que a carta que escrevo a meu filho vai ser lida por umha terceira pessoa, um funcionário.

Há umha espécie de ‘mandamento’ nom escrito que assegura que o que a família de um preso nom podem permitir-se nunca é o ‘pecado’ de ficar abalados...

A situaçom é dura mas o Antom resiste bem. Embora ele lá dentro passe por momentos difíceis nunca no-los vai contar para nom nos preocupar. E igualmente ao contrário. Temos algo mais de umha hora a cada mês para estarmos juntos, com um vidro polo meio, quando a visita nom é das chamadas "vis-à-vis"; polo que há que aproveitar o tempo para cousas importantes e nom para nos deprimirmos. Temos que tirar forças de onde for, mesmo perante os funcionários de prisons para nom cair no seu jogo e mantermo-nos no nosso lugar. Tentamos manter-nos inteiros, dignos e conscientes dentro de umha situaçom excepcional. Nom é fácil. Mas nom pode ser doutro jeito.


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