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290315 carvalhoGaliza - Fundaçom Artábria - Reproduzimos a colaboraçom da Fundaçom Artábria no "A Fondo" do semanário galego Sermos Galiza dedicado à figura de Carvalho Calero.


Reivindicarmos Carvalho Calero hoje

Reivindicar Carvalho Calero nos dias de hoje nom fai sentido se nom for com todas as conseqüências. Se hoje ganha um sentido pleno reivindicarmos a figura do inteletual ferrolano nom é por outra cousa que polos seus posicionamentos quanto à normativizaçom do galego. Durante anos, o reintegracionismo levou a vanguarda da reivindicaçom da figura de Carvalho Calero para ser homenageada no Dia das Letras Galegas, umha data que foi instituída pola mesma entidade da que um dia renegou de Carvalho. Sabemos que é extremamente complicado, por contraditório, que a Real Academia Galega chegue a declarar o Dia das Letras Galegas como dedicado à figura e à obra de Ricardo Carvalho Calero. Nós reivindicamo-lo como pensador, literato, erudito da língua e a literatura galegas, renovador pedagógico, mas, dentro disso todo, e ante todo, como fundador ideológico do reintegracionismo tal como hoje o conhecemos.

Este é o principal ponto de fricçom com o mundo oficialista; a RAG, doutrinariamente, nega a unidade lingüística galego-portuguesa. Se difundimos a obra e o pensamento de Ricardo Carvalho Calero, teremos que fazer mençom por algumha parte a quais eram os seus posicionamentos lingüísticos, umha questom por cima da qual nom se pode passar, perante a evidência da grafia que adota nos seus textos. Haverá que recordar aquela crítica a um quadro jurídico que relegava a língua própria da Galiza à categoria de "língua para objetores de consciência", isto é, umha língua cuja conservaçom e desenvolvimento ficam supeditados ao voluntarismo de cada pessoa; situaçom esta que, como bem se pode comprovar, empece umha verdadeira dignificaçom do galego. Esta denúncia de Carvalho, desventuradamente, está a ser confirmada polos acontecimentos, toda vez que o status de língua minorizada que sofreu o galego durante geraçons deu passagem ao de língua minoritária. Qualquer sinal positivo que puderem refletir as estatísticas em matéria sociolingüística, fica eclipsado por um dado absoluto impossível de disfarçar ou edulcorar: menos de metade da populaçom da Comunidade Autónoma da Galiza tem o galego como primeira língua.

Se Carvalho Calero for divulgado, haverá que explicar antes de mais que, segundo as suas propostas, o galego "ou é galego-português ou é galego-castelhano, nom há outra alternativa". Ou o galego se assume como galego-português, ou a sua dialetalizaçom acabará por confundi-lo com o espanhol, e isso nom é um axioma apocalíptico, mas a constataçom da realidade. O labor normativizador do ILG fijo algumha cousa útil por criar umha norma culta do galego a partir das teses isolacionistas? A populaçom galego-falante assume as normas que postula o ILG? O galego coloquial que se pode escuitar entre pessoas do povo em qualquer ponto da Galiza está cheio de léxico espanhol e de etruturas espanholas que contaminam a morfologia e a sintaxe, que afetam cousas tam fundamentais como a conjugaçom dos verbos, a colocaçom dos pronomes, etc. Aspetos cada vez mais descuidados. Isto tem como explicaçom que o povo que muitas vezes se di ter como referente para postular a normativa nom se entende representado nessas próprias regras.

Um galego extenso e útil, isto é, operativo, que o povo galego poda adotar como próprio para caminharmos para umha sociedade em galego, só pode ser um galego que abrace a grafia galego-portuguesa e que nom negue nunca as suas origens e a sua realidade. Galego-português é o verdadeiro nome da nossa língua, língua que se considera própria em cinco estados de África, dous estados da Ásia, um da América e um outro da Europa. Umha língua internacional, oficial em vários estados e falada por minorias importantes em muitos países dos cinco continentes do Globo. Se esta verdade for explicada em todos os centros de ensino, de certo que a perceçom social que temos da nossa própria língua mudará radical e rapidamente. Se o povo galego acabar compreendendo que o Jornal de Notícias nom é um jornal numha língua estrangeira, que emissoras de televisom tam potentes como Globo ou a RTP emitem em realidade na nossa língua, que Toquinho, Os Mutantes, Ratos de Porão ou Daniela Mercury cantam em galego, umha cousa muito imprtante terá acontecido na nossa consciência.

O maior dos serviços que Carvalho Calero poderia fazer à nossa língua (nom sabemos se Carvalho Calero suspeitou isto nalgumha ocasiom) é bastantes anos depois de ele ter falecido. E preferimos (seguramente ele também o teria preferido) que as cousas se reconduzam em matéria lingüística dando a razom nos factos às teses do Carvalho, antes do que reconhecimentos simbólicos que incorporem Carvalho ao santoral da oficialidade sem assumir as suas propostas e cerceando ou censurando a sua obra.

O galego será galego-português ou nom será, ou, de facto, o galego que de verdade funciona no mundo é o galego-português; para nós, reivindicarmos Carvalho Calero é indissociável do facto de reivindicarmos o nosso direito ao galego-português. Somos galego-português.


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