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021114 rua virgem da cercaGaliza - Praça - [Marcos Peres Pena] As ruas galegas nom têm nome de mulher.


Avonda com sair de casa e olhar para as placas das vias polas que caminhamos; aquelas que estám dedicadas a algumha pessoa concreta referem-se, numha ampla maioria, a homens. É, com certeza, umha mostra da preeminência masculina na vida pública galega durante os últimos anos, décadas e séculos. Porém, haveria que perguntar-se também se nos últimos anos esta situaçom começou a mudar ou se na escolha de nomes para novas vias construídas (ou na mudança de denominaçom de algumhas delas) se continua a apostar maioritariamente polos homens.

As professoras da Universidade de Vigo Susana Reboreda (de História Antiga) e Maribel do Val (Didática) apresentárom um estudo das ruas da cidade de Ourense, um trabalho que partiu das Jornadas de Mulher e Urbanismo. Um novo olhar sobre a planificação urbanística inclusiva, organizadas por Reboreda e do Val. Na investigaçom determinárom que em Ourense, das 348 ruas com nome de pessoa apenas 56 som femininos, 16% do total. Destas 56 vias com nome de mulher, 48% referem-se a religiosas sob a denominaçom de VirgemNossa Senhora de ou Santa e outro 21,5% está referido "a seres mitológicos". Apenas 10% “alude a escritoras ou humanistas" e só há umha rua com nome de cientista, outra com nome de personagem histórica feminina vinculado à cidade;  algumha tem nomes tam genéricos como A Marquesa ou Damas. Reboreda e do Val destacam, aliás, que quase nengumha das vias com nome de mulher corresponde aos centros de atividade, de comércio ou históricos da cidade, senom que ficam em "espaços menos visíveis”.

Nas devanditas Jornadas, as professoras elaborárom um manifesto, junto com o meio cento de participantes, que tentarám publicar em papel ou de jeito digital em parceria com a Unidade de Igualdade da Universidade de Vigo. No texto proponhem aos governos municipais umha revisom do nomenclátor que se contemple "a incorporaçom de nomes de ofícios tradicionalmente desenvolvidos por mulheres (leiteiras, castanheiras, tecelás, parteiras, polveiras...)", e nomes de desportistas, de professoras universitárias e de cientistas, “colocando a mulher no papel que lhe corresponde e oferecendo umha representaçom simbólica dos géneros mais igualitária na procura de umha cidade inclusiva afastada da realidade ao nesgo que oferece na atualidade”.

Reboreda e do Val também salientam que entre as poucas mulheres reconhecidas com umha rua na Galiza destacam Rosália de Castro, Concepción Arenal ou Emilia Pardo Bazán, si presentes em quase todas as urbes. Mas destacan, en oposiçom, o esquecimento generalizado de todas as demais. Para a escolha destes novos nomes sugerem que se consultem trabalhos (muitos deles acessíveis online) que recolhem as vidas e atividade de centos de mulheres galegas com umha indiscutível importáncia histórica, nas suas localidades ou nos seus ámbitos profissionais ou sociais. É o caso de Mulheres ourensanas, que recolhe um importante número de referências de mulheres vinculadas à cidade. Ou, por exemplo, o Álbum de Mulheres do Conselho da Cultura Galega.

Outros estudos

Infelizmente, o caso de Ourense nom é umha exceçom na Galiza, como nos últimos anos demonstraron outros estudos. O Pelouro de Mulher de Vigo calculou que dos mais de 1.400 topónimos existentes na cidade, entre ruas, caminhos, praças e parques, só 44 levavam nomes "de mulher", referidos a pessoas ou a atividades. Polo contrário, os nomes "de homem" ultrapassavam os 300. Além do mais, ao igual que no caso de Ourense, desses 44 nomes, 14 correspondiam a Santas e Virgens, 3 à realeza (Praça da Princesa, Praça Isabel a Católica...), e outros 14 nomes tinham carácter descritivo ou aludiam a atividades (Fonte das Monzas, quinta de Dona Concha...). Apenas 13 nomes (alén das rainhas e santas) referiam-se a mulheres concretas. Era o caso de Concepción Arenal, Júlia Minguilhom, Maruja Malho, Marie Curie, Maria José Queizám, Maria do Carme Kruckenberg ou Rosalia de Castro.

No pelouro da mulher destacava-se que "quando falamos de discriminaçom de género, quando falamos de igualdade de oportunidades, também temos que dirigir o olhar a esse espaço/cenário das nossas vivências quotidianas, a cidade onde habitamos, para construir um espaço onde habitar em igualdade". Acrescentava-se que "cumpre que nos reconheçamos, homens e mulheres, como construtores e construtoras da cidade" e denunciava que "a presença das mulheres a nível simbólico continua a estar tremendamente desproporcionada".

Andaina publicou em 2007 umha completa reportagem sobre a presença feminina na toponímia urbana. Patrícia Airas Chacheiro destacava que "os nomes dos espaços urbanos lembram-nos implícita e continuamente o que somos mas também quais som as nossas carências" e assinalava que no processo que, com distintas velocidades, se foi seguindo nos últimos anos de "introduzir nomes de vultos da cultura galega" ou de "recuperar as denominaçons tradicionais", as mulheres "nom saímos nada bem paradas". Concluía que "nas ruas de vilas e cidades somos poucas, muitas vezes anónimas e em demasiadas ocasions relacionadas com roles femininos de carácter marcadamente tradicional".

A autora analisou o nomenclátor de várias das cidades do país e sublinhava, por exemplo, que naquele momento das mais de 400 ruas de Ponte Vedra, apenas 17 tinham nomes de mulher, 4%, enquanto 43% estavam atribuídas a homens. Em Lugo, 31 ruas rendiam tributo a umha mulher, enquanto mais de 170 eram dedicadas a homens. Na Corunha, entre as mais de mil ruas, só 6% tinha denominaçom feminina. Neste caso destacava que na cidade sim havia umha maior diversidade que noutras urbes, com ruas dedicadas a Sofia Casanova, à musicóloga M.ª Luísa Durám Marquina, à atriz Maria Casares, a Inês de Castro, à inovadora pedagoga Maria Barbeito, a Marie Curie, María Zambrano, Indira Gandhi ou Mariana Pineda. No entanto, ao igual que noutro lugares, também apareciam as virgens e santas e os seres fantásticos (rua da Sereia, o lugar da Moura), e todo num oceano de nomes masculinos, entre eles 19 autarcas (homens, é claro).

Está a mudar a situaçom?

E que acontece na atualidade? Estase a reverter esta situaçom, escolhendo mulheres para serem lembradas quando se inaugura umha nova via ou quando se muda o nome a um já existente? Há umhas semanas inaugurábase na Corunha a rua Maria Wonemburger, dedicada a esta matemática, finada o pasado mes de junho. O pleno municipal aprovara já em 2010 o outorgamento de umha rua a esta importante algebrista. Porém, houvo que aguardar ao seu falecimento para que a decisom se figesse efetiva. Muitos governos municipais tenhem-se comprometido a reconhecer mais mulheres batizando alguma rua com os seus nomes, mas este compromisso nom sempre se fai efetivo. 

Em 2012 a CM de Compostela aprovou umha proposta de nomes para designar um amplo conjunto de vias que ainda nom tinham umha denominaçom oficial. A proposta, composta por 29 nomes próprios, só incluía em dous casos os de mulheres: era o caso das Irmás Fandinho Ricart, "as Marias", e da escritora Helena Queiroga de Abarca. Mais recentemente Sangenjo aprovou novas denominaçons para 30 espaços da vila, com unha presença feminina quase inexistente.

Em Lugo a Cámara iniciou em 2012 o procedimento para rebatizar oito ruas que até agora estavam dedicadas a diferentes personalidades relacionadas com a ditadura franquista. Entre os nomes propostos para as novas denominaçons (entre eles o muito polémico de Manuel Fraga) nom figurava o de nengumha mulher. A Associaçom Henriqueta Outeiro lembrou em 2011 que na cidade lucense apenas 25 das 210 ruas con denominaçom onomástica tenhem nome de mulher. A entidade realizou umha açom reivindicativa e fijo umha proposta concreta com umha lista de mulheres que poderiam dar o seu nome a vias na cidade: Dionísia Lopes Amado, Emília Naveiras Fernandes, Sofia Casanova, Clara Campoamor, Dolores Ibárruri, Rosalind Franklin ou Clara Zetkin, entre outras.


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