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ciclocineclubegeneroGaliza - Mádia Leva! - Inaugura-se novo ciclo do Cineclube Mádia Leva! desta vez dedicado à temática de género. O filme desta semana será Os anos de chumbo, da cineasta alemá Von Trota.


Convidam a assistir ao primeiro filme do ciclo nesta próxima sexta-feira, 29 de janeiro, às 21h30. Como sempre haverá cea com debate acerca do filme e da temática do ciclo.

Acerca do filme: Os anos de chumbo (o íntimo é político)

Na longa filmografia da cineasta alemá repete-se o mesmo motivo, por muito variadas que sejam as temáticas, a consigna feminista de o íntimo é político é umha constante dos seus filmes e manifesta-se como umha crítica à separaçom da esfera pública e privada como enmascaramento do exercício de poder. "Nom fago diferença entre a vida política e a vida privada, posto que esta última costuma ser umha expressom dum entorno social" diz-nos a própria directora.

Nos anos de chumbo, Von Trotta traça esse percurso que vai do pessoal e íntimo ao político, da relaçom entre duas irmás aos convulsos anos setenta da RFA. Julianne, umha jornalista feminista e Marianne militante da organizaçom armada RAF, mantenhem umha tensa relaçom pola discrepância na escolha dos meios para desenvolver o seu activismo. O filme abre-se com a irrupçom na casa de Julianne do marido de Marianne que pretende deixar o Jan, filho de ambos, sob a custódia de Julianne, pois ele vé-se superado pola situaçom desde que Marianne decidiu abandoná-lo para se integrar na RAF, Julianne internará o Jan num orfanato, pois esta nega-se a renunciar a sua independência. O filme fecha-se com Julianne assumindo a custódia de Jan, depois de Marianne ter sido suicidada, que diria Foucault, polo governo alemao na cela da prisom; o final do filme remete para o início pois Jan exige de Julianne saber toda a verdade sobre a sua mae, ?contarei-che todo o que sei, responde Julianne?. E no caminho do princípio para o final, o filme segue a evoluçom de Julianne, desde a frontal oposiçom aos métodos da irmá, a entrega e solidariedade com Marianne já na cadeia, até a investigaçom para esclarecer o assassinato de Marianne na sua cela, que a versom oficial do estado alemao transforma num suicídio, no caminho Julianne abandona umha relaçom sentimental aparentemente sólida com um homem mais velho que ela, mas que se vai desgastando quando Julianne presta ajuda incondicional à irmá, pois este é incapaz de compreender as motivaçons de Julianne.

Porém, vom Trotta recusa desenvolver a trama recorrendo às normas da narrativa clássica, o filme vai-se sucedendo através de saltos temporais que racham com a evoluçom lineal da narraçom, estas rupturas temporais servem para estabelecer a ligaçom entre a relaçom íntima das duas irmás e o contexto social e histórico, reconstruindo a unidade entre o íntimo e o político. A memória joga aqui um papel importante, lembranças da infância e da juventude, imagens que ficam gravadas no inconsciente e emergem nos sonhos, referências ao passado que se manifestam como substáncia mesma do presente. O nazismo, a amnésia colectiva de post-guerra, vietnam, os factos históricos aparecem como indissociáveis na história pessoal das duas irmás, deste modo, Von Trotta pom ao descoberto os mecanismos de poder que se ocultam detrás da estratégia de separaçom da esfera privada e pública na sociedade capitalista patriarcal para denunciar o submetimento e o controlo que exercem as instituiçons familiares, educativas, religiosas, políticas, penitenciárias, no corpo e na mente das mulheres. Os anos de chumbo é aliás, umha impugnaçom à República Federal Alemá, pois ditas instituiçons assentam-se na base do processo de reconstruçom do estado após a II guerra mundial.

Julianne e Marianne com distintos métodos luitam e batem contra as instituiçons do domínio masculino, cargam com o peso da sua história e tratam de liberar-se dela, enfrentam-se entre elas na procura dumha identidade, e ao mesmo tempo, sostenhem-se umha na outra apelando à solidariedade.


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