O ato faz parte das homenagens pela passagem dos 40 anos do assassinato de Toledo, como Câmara Ferreira era chamado por seus companheiros do PCB – Partido Comunista Brasileiro e, depois, da ALN – Ação Libertadora Nacional. Ele foi preso no dia 23 de outubro de 1970 e faleceu poucas horas depois em conseqüência das torturas sofridas nas mãos do delegado Sérgio Fernando Paranhos Fleury, chefe do Esquadrão da Morte da polícia paulista e, à época, um dos responsáveis pela repressão política da ditadura militar.
SESSÃO SOLENE DA COMISSÃO DE ANISTIA
As homenagens pelos 40 anos de seu assassinato começaram na semana passada, com a concessão da Medalha de Anchieta – a maior condecoração da cidade de São Paulo a seus filhos – outorgada por iniciativa do vereador Ítalo Cardoso (PT-SP) e entregue em sessão solene da Câmara Municipal em 14 de outubro passado.
Na ocasião, lamentou-se apenas a ausência do recém eleito senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), representante diplomático da ALN na França e, na época, muito ligado a Toledo.
Também não houve, nas cerimônias do dia 14, representantes do PPS, hoje apoiando o candidato José Serra.
Além dos atos desta sexta-feira em seu túmulo no Cemitério da Consolação, Joaquim Câmara Ferreira será lembrado e homenageado também no sábado, dia 23, quando se completam 40 anos de seu assassinato sob torturas, pela 46ª Caravana da Anistia do Ministério da Justiça que, em sessão solene, anunciará o resultado do julgamento do requerimento de anistia de Joaquim Câmara Ferreira. O início da cerimônia está prevista para as 14h00.
Haverá ainda um debate sobre o tema "A Trajetória do Revolucionário Joaquim Câmara Ferreira", com José Luiz Del Roio, ex-senador comunista do Parlamento Europeu; Guiomar Lopes, professora da Faculdade de Medicina da UNIFESP; Denise Fraenkel-Kose, filha de Joaquim Câmara Ferreira e Luiz Henrique de Castro e Silva, autor do livro "O revolucionário da Convicção – Vida e Obra De Joaquim Câmara Ferreira".
O COMANDANTE TOLEDO
Toledo ingressou no Partido Comunista Brasileiro ainda muito jovem, com 18 anos, e dedicou sua vida inteira ao PCB, do qual foi expulso em 1967 – com Carlos Marighela e milhares de outros comunistas - por se opor à política do Comitê Central, liderado por seu secretário-geral, Luís Carlos Prestes, de não enfrentamento com os militares golpistas.
Criou então, junto com Carlos Marighela, a ALN – Ação Libertadora Nacional, principal organização de esquerda armada de combate à ditadura militar.
Como o "Comandante Toledo", da ALN, sua ação mais conhecida foi a direção política do seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, cuja libertação foi trocada pela de 15 prisioneiros políticos de diversos grupos de oposição ao golpe militar. A direção militar foi de Virgilio Gomes da Silva, o Comandante Jonas.
Joaquim Câmara Ferreira, foi capturado pela ditadura em 23 de outubro de 1970. Morreu horas depois em conseqüência das torturas sofridas.