Crianças da Juventude Hitlerista fazem a saudação nazista, em Presidente Bernardes, interior do estado de São Paulo. Foto: Arquivo Público do Estado de São Paulo / Domínio Público
O partido nazista alemão chegou a ter ceca de 2.900 membros no Brasil, sob a liderança de Hans Henning von Cossel, adido cultural na Embaixada da Alemanha no Rio de Janeiro. Foi o maior número de membros que o partido teve fora da Alemanha. Segundo a professora de história da Universidade Federal do ABC: “Sua expressividade foi maior, inclusive, do que em países como a Áustria e a Polônia, que estavam sob a tutela do 3.º Reich” (Gazeta do Povo, 23 de setembro de 2011).
O partido funcionou legalmente no Brasil de 1928 a 1938, período em que agiu livremente, organizando eventos e divulgando as ideias nazistas para os alemães no País. Para ser membro do partido, era necessário ser alemão (sequer descendentes eram aceitos). Enquanto o governo de Getúlio Vargas perseguia o comunismo, especialmente depois de 1935, o partido nazista fazia desfiles de 1º de maio em estádios de futebol. Os nazistas se organizaram em 17 estados.
Os nazistas e o integralismo
Enquanto funcionou no Brasil, o partido nazista foi próximo do Movimento Integralista, contra a orientação do partido na Alemanha. Os nazistas na Alemanha desprezavam o integralismo e se referiam ao movimento pejorativamente como “nativismo”. No Brasil, no entanto, muitos alemães de extrema-direita aderiram ao movimento e os membros do partido nazista se tornaram próximos dos fascistas brasileiros, por causa da afinidade ideológica.
Os nazistas consideravam os brasileiros de uma raça inferior, por isso se opunham à colaboração com os integralistas. Apesar disso, havia muitas semelhanças entre os dois partidos, o que levou a uma colaboração apesar das ordens vindas da Alemanha contra isso. Entre os pontos em comum estavam o antissemitismo e o combate ao comunismo e às organizações operárias.
A proximidade entre os dois partidos chegava ao ponto de a Ação Integralista Brasileira (AIB) e o partido nazista terem sedes funcionando no mesmo endereço. Outro problema para os nazistas era que os descendentes de alemão não podiam entrar no partido nazista da Alemanha, só os alemães de nascimento. Isso ajudou a empurrar descendentes de alemães simpatizantes do nazismo para a AIB.
Depois da derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial e da revelação das atrocidades do nazismo contra judeus e populações de países ocupados, a extrema-direita evita associar sua imagem ao regime de Adolf Hitler, diferentemente do que os integralistas faziam alegremente durante a década de 1930. Os alvos da extrema-direita, no entanto, continuam os mesmos: o comunismo, a esquerda e as organizações da classe operária, como sindicatos e partidos de esquerda.
Durante as manifestações da direita golpista contra o governo de Dilma Rousseff, integralistas voltaram a ocupar as ruas. Junto com eles, outras organizações de extrema-direita saíram da tumba, como a TFP e grupos monarquistas.