Algumas delas com teor agressivo. Meu intuito aqui parece ser o de apresentar alguns pontos a favor ao sistema de cotas e pensar a sua implantação para uma realidade de marfim – o Mestrado e o Doutorado. Em um debate curto nas redes sociais, vemos muitas opiniões divergentes no que tange à esta problemática. Alguns professores universitários se posicionam contra alegando que deve haver esforço dos alunos em passar no vestibular. Acredito, que deixaram de avisar que esse esforço existe, entretanto se mostra desproporcional. Enquanto, de um lado, vemos escolas do governo sucateadas, mal geridas e desorganizadas.
De outro, vemos verdadeiros templos do [fazer passar a qualquer custo]. Portanto, nesse jogo a Educação parece a que menos importa. Importa quem foi capaz de memorizar melhor, sem quase ou nenhum teor de pensamento. Como meu intuito, neste breve artigo, não é o de discutir a situação da Educação no Brasil atual, irei me reter a estes dois pontos. As cotas foram introduzidas no Brasil faz pouco tempo, tendo como pioneira a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) onde prossigo com meus estudos no Mestrado em Literatura Portuguesa e trouxeram inúmeras perguntas. Existem diversas modalidades de cotas – para estudantes oriundos do ensino público, negros, etc. Todas estas categorias precisam comprovar renda para concorrera a uma vaga. Até certo momento, a Academia não se via demasiado amedrontada como agora. Não vou entrar nos tipos de cotas, vou abordar basicamente a adesão das cotas no Mestrado e no Doutorado. Nesse sentido, muitos professores de Universidades batem os pés afirmando que não se formam pesquisadores com cotas.
Pois bem, eu como cotista na graduação, fui muito bem sucedido, tanto que passei com folga para o Mestrado. O que estes professores não conseguem enxergar é que atrás de sua postura meritocrática atrasada existe uma gama de pessoas que clama por oportunidade. Eu tive minha oportunidade e dei valor a isso. Educação também se constrói com oportunidades, nem sempre devemos nos basear na capacidade de fazer provas. Outros argumentam que isto não passa de mero assistencialismo junto a um governo que vive de bolsas. Estranho, posto que estes mesmos professores possuem bolsas junto a entidades do governo, tais como a Capes, logo também estariam recebendo os tais favores e imersos na cultura de bolsas que tão levianamente criticam.
O que se enxerga é uma Academia arcaica, pouco inclusiva que tem medo que sua torre de marfim seja quebrada. Importante lembrar que muitos outros professores não compartilham deste pensamento e asseguram que seria interessante implantar o sistema de cotas também para docentes. Acredito que o sistema de cotas pode abrir muitas portas, oportunidades para que as pessoas encontrem caminhos para se desenvolver. Aquela velha, mas bem velha máxima de não se pode dar o peixe, devemos ensinar a pescar, parece bem atrasada e atrelada a um preconceito de ver misturas na Academia. Muitos professores não querem sujar a Academia e, por este motivo, soltam verdadeiras barbáries pela boca.
O sistema de cotas, bem aplicado, no Mestrado e no Doutorado faria com que muitos que se encontram à margem pudessem ter a chance, a oportunidade de aprimorar seu olhar, por isso propomos o fim da meritocracia barata que muitos pregam e olhemos o Mestrado e Doutorado como entidades que necessitam ser recicladas. Chega daquele pensamento antiquado em relação ao processo seletivo. Seria um grande desafio incluir minorias, até o momento, sem perspectivas num mundo novo. Dever-se-ia pagar para ver ao invés de cortar oportunidades sem menos tentar. Passou da hora do Mestrado e do Doutorado terem apenas sobrenomes estrangeiros, posto que a oportunidade faz o homem alçar voos inimagináveis.
Rodrigo Barreto da Silva Moura – Mestrando em Literatura Portuguesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi cotista durante a graduação em que terminou com Coeficiente de Rendimento acima de 8. Estuda as obras de Saramago e Ferrin, autor galego sob a orientação da Dra Claudia Amorim (Coordenadora do Programa de Estudos Galegos da UERJ)